Pântano do Maé, barreira e avenidas antigas de Lourenço Marques, actual Maputo (2/4)

Voltamos à zona do antigo pântano do Maé em Lourenço Marques (LM), actual Maputo que tinha já visto com algum pormenor aqui e vimos aqui muito recentemente. A primeira foto é inédita no HoM e é reprodução de original da Universidade de Leiden na Holanda. 

FOTO 1
No antigo pântano olhando para a barreira por isso de sul para norte
Veremos noutra mensagem quem deviam ser estes senhores e a que actividades se dedicariam nesta altura que devia ser cerca de 1892. Localizando-nos no espaço temos ao fundo a zona arborizada onde começa a barreira e ao alto dela do lado direito o quartel do Alto Maé aparentemente completo. À esquerda do senhor vestido de branco e chapéu colonial, para o fundo vemos  (clique nas fotos para aumentar) um caminho a subir a barreira em direcção a onde havia umas construções no alto. 
Voltamos às vistas já conhecidas desta zona mas com o pântano em primeiro plano e o estuário ao fundo, doutro site holandês (Memory of the Netherlands):

FOTO 2
Vista da barreira para o estuário com o Matadouro velho e Cais Holandês

Na FOTO 2 vemos uma zona escavada na barreira com um caminho pavimentado e que podemos inferir era a parte inferior do que se via na FOTO 1 a subir a barreira. O caminho continuava depois em direcção à zona mais ocupada no antigo pântano ao fundo da qual ficava o Cais Holandês ou Ponte Holandesa. Foi por aí que foi tirada a FOTO 1 e com as duas completando-se nas duas direcções oposta ficamos com boa cobertura desta zona desde o alto da barreira até ao estuário e cerca de 1892.
Voltamos à foto da mensagem precedente que é reprodução de original do ARPAC - Instituto de Investigação Sócio-Cultural de Moçambique com as seguintes indicações: Cx. Maputo - Cidade, XI, Monumentos e Locais Históricos; Pasta do Serviço Nacional de Museus e Antiguidades, Arquivo Museológico, Edifícios da Capitania do Porto, IX. É como a FOTO 2 uma vista da barreira para sul na mesma zona mas de cerca de 30 anos mais tarde.

FOTO 3
Vista do alto da barreira do Alto-Maé / Malanga para sul depois de 1923 

Olhando para os mapas de 1910 e de 1925 podemos ver coisas interessantes na zona.

MAPAS
Roxo: Matadouro velho
Carmesim: vilas dos Caminhos de Ferro. 
Laranja: Av. da República, actual 25 de Setembro
Traços castanhos: barreira do Alto-Maé / Malanga, aproximadamente
Verde claro: veio a ser a Rua Paulino dos Santos Gil
Verde escuro: Av. Henrique de Macedo e depois Alves Correia
Castanho claro: actual Av. Josina, antiga 5 de Outubro perto da crista da barreira
Rosa: face sul do quartel do Alto-Maé

No que respeita às vilas para os trabalhadores dos Caminhos de Ferro marcadas nos mapas, na FOTO 3 à esquerda do Matadouro vê-se a Mousinho e ainda mais para a esquerda dela a Vila Gorjão Elas foram instaladas no limite norte do recinto dos caminhos de ferro por isso do lado sul da Av. da República. 
Nessa FOTO 3 a antiga cerca em frente ao matadouro tinha desaparecido e essa avenida curvava aí para a Rua Paulino Santos Gil (PSG) que era a faixa larga traçada na perpendicular à barreira e ao estuário e que se via não chegava à barreira. Nos mapas não estava o nome PSG pois havia uma avenida contínua na zona alta e na baixa descendo a barreira que se chamava Av. Henrique de Macedo e depois Alves Correia, actual Av. da Zâmbia. 
Mas como se vê na FOTO 3 essa ligação entre a zona alta e a baixa não existia e podemos ver na imagem de recente de Google Earth em baixo que nunca existiu. Na zona alta temos actualmente a Av. da Zâmbia (verde escuro) e na zona baixa temos a Rua PSG bastante longe da barreira. Esta falha nos dois mapas sublinha o alerta que tenho feito quanto à confiança que podemos ter no que eles mostram. 
Na imagem de Google Earth vemos a Rua PSG agora parcialmente ocupada por pilares da ponte para a Catembe que vai ser acedida pelo espaço onde está a barreira. Veremos o que acontecerá na zona baixa quando chover forte. Nesse local a barreira tem cerca de 20 metros de altura o que por volta de 1900 era um obstáculo, mas à medida que maquinaria de construção mais avançada foi sendo usada, a barreira em muitas áreas foi sendo absorvida pelo desenvolvimento urbano. 
Se olharmos para a FOTO 1 se a Av. Henrique de Macedo e depois Alves Correia tivesse sido completamente traçada de alto a baixo, ela passaria na barreira um pouco à esquerda (a poente) da parte esquerda do quartel.

IMAGEM Google Earth actual
Roxo: posição aproximada onde esteve o Matadouro velho
Carmesim: vilas dos Caminhos de Ferro
Laranja: Av. da República, actual 25 de Setembro
Traços castanhos: barreira do Alto-Maé / Malanga onde há vegetação 
O mesmo declive existe noutras zonas mas foram edificadas.
Verde claro: Rua Paulino dos Santos Gil na zona baixa, agora com dois pilares da ponte
Verde escuro: Av. Macedo, depois Alves Correia na zona alta, actual da Zâmbia 
Branco: seria a ligação que não se fez entre as duas vias de cima
Castanho claro: actual Av. Josina, perto da crista da barreira na zona alta
Rosa: face sul do quartel do Alto-Maé a norte da Av. Josina

Com estas localizações podemos voltar ao passado e tentar ver de onde foram tiradas as FOTOS 2 e 3, as duas claramente de cima da barreira. Como já dissemos, no pântano aterrado da FOTO 3 vê-se a Rua Paulino dos Santos Gil. Como ela fica na direcção da parte mais a oeste = à direita do quartel, é muito provável que essa FOTO 3 tenha sido tirada do quartel (não da muralha junto à a Av. Josina mas duma construção mais alta para o interior). Por seu lado a FOTO 2 parece-me ter sido tirada uns 150 metros para a direita do quartel na zona onde o caminho atinge o cimo da barreira, local que se vê ao fundo e para a esquerda da FOTO 1.

Comentários