A FOTO 1 inédita no HoM faz parte do extraordinário legado de C. S. Fowler para a história de Lourenço Marques (LM), actual Maputo. Como vimos aqui Fowler devia ser agrimensor na concessionária do caminho de ferro para Ressano Garcia e terá sido encarregado de fotografar o desenrolar da construção e alargou a tarefa ao mais importante do burgo desse tempo. Mesmo sendo ele quase restrito à "ilha" inicial e tendo sido bem escrutinado no HoM, uma das suas fotos foi muito difícil de localizar.
Podiamos partir do princípio que era na baixa de LM e via-se sobre um muro (à esquerda) uma tabuleta onde estava escrito OP. Tudo o resto na foto era inicialmente estranho, mesmo tendo sido comparado com as esquinas conhecidas uma a uma.
Podiamos partir do princípio que era na baixa de LM e via-se sobre um muro (à esquerda) uma tabuleta onde estava escrito OP. Tudo o resto na foto era inicialmente estranho, mesmo tendo sido comparado com as esquinas conhecidas uma a uma.
FOTO 1
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| Foto de Fowler com legenda "ruas de Lourenço Marques" |
Entretanto obtive da Universidade de Leiden uma foto de melhor resolução para a que tinha sido localizada nesta mensagem. Mostrava a Rua dos Mercadores, por ter aí começado o comércio no burgo, depois chamada do Major Araújo, o engenheiro militar que foi director das Obras Públicas, começou a construir o Caminho de Ferro, planeou a maior parte da cidade de cimento actual, etc, etc. e que actualmente é Rua de Bagamoyo.
FOTO 2
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| Vista da Rua dos Mercadores vista para poente = oeste |
Com esta versão vê-se que uma construção exótica que aparece saliente e alta na FOTO 1 (e que se fosse noutro lado diria ser um espigueiro) aparece também na FOTO 2 e a partir daí confirma-se o resto da rua.
FOTOS 1 e 2 (clique na imagem para aumentar)
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| Rectângulo branco: a construção exótica comum à duas fotos Vermelho: o mesmo armazém Amarelo: talvez a mesma casa Rosa: o mesmo conjunto de telhados Verde claro: entrada para o lado sul da Rua da Mesquita |
A FOTO 1 foi por isso tirada da Praça 7 de Março a olhar-se para a entrada da Rua Araújo, que na altura atravessava a Praça para o lado da fortaleza. Vê-se na FOTO 2 que a Rua da Mesquita fica depois das casas de telhados rosa, o que dá a noção da distância da construção exótica até lá nas duas fotos. Relembrando as conclusões dos artigos anteriores, o armazém marcado a vermelho faria a esquina do que veio a ser a Travessa do Varietá. Por isso, a esquina e o terreno arborizado à esquerda da FOTO 1 estão agora ocupados pelo prédio alto da Geologia, na esquina da Bagamoyo com a Praça 25 de Junho do lado esquerdo = sul. Assim está justificada a marcação OP pois esse terreno sempre foi do Estado (primeiro a Guarda fiscal com a alfândega para sul, depois a Estatística, Conselho de Câmbios, etc). A esquina à direita da FOTO 2 era a das actuais Rua Bagamoyo com a praça do lado norte e foi onde depois se construiu isto e de que falámos aqui para tempos mais recentes.
Como é de esperar, e porque a verdadeira história pode não ser muito linear, há uma situação nestas fotos que não é muito evidente. A FOTO 2 parece ser mais recente (ter sido tirada anos depois) do que FOTO 1 porque havia por exemplo uma loja com cobertura sobre o passeio, a seguir outra com tabuleta, candeeiros de iluminação pública maiores, enfim parecia um mundo mais avançado do que o da FOTO 1. No entanto ao fundo da FOTO 1 e apontada pelo traço vertical azul estava uma construção, enquanto que na FOTO 2 por ai havia só uma coluna e depois havia pântano ou estuário. Como normalmente na cidade com o tempo aparecem mais casas ao contrário do que aqui se verifica, a minha explicação será que a construção da FOTO 1 fosse temporária e que estivesse relacionada com a empreitada do Caminho de Ferro (relembro que a FOTO 1 foi feita por Fowler que estava em LM com esse propósito). Lembro que a primeira estação de combóio foi construida para a esquerda = sul da actual M. de Inhaminga) por isso ela na FOTO 2 estaria escondida para lá das traseiras das casas do lado esquerdo da rua Araújo (houve uma estação provisória antes dessa que não sei onde esteve colocada). Suponho então que depois de ter deixado de ser necessária, essa construção que aparecia ao fundo da FOTO 1 tenha sido retirada (e fácilmente pois devia ser de madeira e zinco) voltando a zona ao estado semi-selvagem como se vê ao fundo da FOTO 2. Só terão voltado a ser visíveis construções ao fundo da Rua Araújo penso que muito mais tarde, provávelmente com este restaurante mas já de primeiro andar e alvenaria.
Uma das outras razões para a dificuldade na localização da FOTO 1 foi que parte dos edifícios do lado direito devem ter sido substituidos ou modificados pouco tempo depois. Enquanto na FOTO 1 os que estavam mais perto da esquina eram recuados em relação aos seguintes, na FOTO 2, que como disse penso ser posterior, já pareciam todos mais ou menos alinhados.
Passamos agora para um local situado uns 200 metros mais à frente na Rua Araújo e cerca de 50 metros antes do seu cruzamento com a Rua da Mesquita. Na FOTO 3 já conhecida e dos irmãos Lazarus, por isso de 1899 ou posterior vemos a Rua Araújo em sentido contrário ao das duas fotos de cima e constata-se que nos poucos anos que teriam decorrido desde a FOTO 2 ela tinha-se de novo modificado bastante.
FOTOS 2 e 3 em vista opostas da Rua Araújo
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| Seta laranja e preta: local comum às duas fotos em sentidos contrários Carmesim: prédio comum de dois telhados simétricos. Via-se nas FOTOS 2 e 3 mas não se via na FOTO 1 Marca branca: onde esteve a construção exótica até ao tempo da FOTO 2 pode ter sido construído depois o Hotel Carlton |
O Hotel Carlton parece que veio substituir o Hotel Real mas nunca vi foto desse e com as FOTOS 1 e 2 também não se consegue descobrir. Noto que os telhados marcados a laranja claro nas FOTOS 1 e 2 não eram os que foram marcados a carmesim na montagem de cima como se pode apreciar melhor com uma modificação e vista diferente da FOTO 3:
FOTO 3 em negativo (vista para poente = oeste)
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| Seta laranja e preta: local comum às FOTOS 2 e 3 Carmesim: prédio de dois telhados simétricos. Via-se nas FOTOS 2 e 3 mas não se via na FOTO 1 Verde claro: entrada para o lado sul da Rua da Mesquita |
Os telhados marcados a rosa na horizontal nas FOTOS 1 e 2 (eram três com o mais alto ao centro como se vê de mais perto aqui e aqui nas primeiras fotos) ficavam depois dos telhados marcados a carmesim nas FOTOS 2 e 3 que eram dois. Não se sabe se ao tempo da FOTO 3 os edifícios dos telhados marcados a rosa teriam sido substituidos pelo edifício que se vê à direita dela com primeiro andar e varanda alpendrada ou se estariam um pouco para trás mais perto da esquina com a Rua da Mesquita.
O nome na tabuleta da loja à esquerda da FOTO 3 parece vagamente ser BEST COMLER & CA mas não vejo nada parecido na lista francesa de 1903 de principais firmas comerciais de LM nem em listas posteriores.
Concluindo, tinhamos até agora para a Rua Araújo a foto de MRP de cerca de 1890 de perto do cruzamento da Rua da Mesquita tirada para leste e identificada no HoM (e onde se vê também o "espigueiro", lógicamente à esquerda para o fundo), a foto dita de 1895 tirada a partir de cerca de metade da rua para oeste, a foto do Xilunguine de 1898 tirada para oeste ao princípio da rua e as duas fotos de Lazarus a tiradas a meio da rua em sentidos opostos. Há várias outra fotos antigas mas posteriores a estas. A FOTO 1 que apresentamos e localizamos aqui de Fowler e por isso de 1886/87 passa então a ser a mais antiga conhecida da Rua.
Concluindo, tinhamos até agora para a Rua Araújo a foto de MRP de cerca de 1890 de perto do cruzamento da Rua da Mesquita tirada para leste e identificada no HoM (e onde se vê também o "espigueiro", lógicamente à esquerda para o fundo), a foto dita de 1895 tirada a partir de cerca de metade da rua para oeste, a foto do Xilunguine de 1898 tirada para oeste ao princípio da rua e as duas fotos de Lazarus a tiradas a meio da rua em sentidos opostos. Há várias outra fotos antigas mas posteriores a estas. A FOTO 1 que apresentamos e localizamos aqui de Fowler e por isso de 1886/87 passa então a ser a mais antiga conhecida da Rua.
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