Agência de viagens no prédio Rubi no filme "Aspectos duma Capital" de 1952 +

Artigo sobre a vida comercial cidade de Lourenço Marques, actual Maputo baseado em mais imagens interessantes retiradas do filme Aspectos duma Capital de 1952, disponibilizado pela Cinemateca Portuguesa. 
Falamos agora sobre uma agência de viagens que já mencionámos aqui a propósito do painel cerâmico de Francisco Relógio e que ficava localizada no rés do chão do Prédio Rubi na Baixa. 
Acrescentando informação de leitores tratava-se da Agência Moçambicana de Viagens da família Abreu.
Esquina do prédio Rubi quase a estrear. 
Embora me pareça estar escrito num reclame banCO por cima da porta com degraus claros à esquerda da esquina, informações coincidentes são de que aí havia uma Tabacaria. Para a agência de viagens a entrada seria pelos degraus escuros à direita da esquina pois por cima estava o reclame TURISMO.

Vemos agora, a partir do lado norte da Praça 7 de Março, actual 25 de Junho o prédio Rubi com a agência de viagens mais ao fundo:
Ver aqui na segunda e terceira fotos
Vê-se que o Prédio Cardiga para nascente = fundo do Rubi na Rua Joaquim Lapa estava pronto e sabemos que é ligeiramente mais antigo que o prédio Rubi. O prédio Paulino Santos Gil para norte do Rubi, ou seja para a esquerda na foto de cima, estava em estado adiantado de construção nessa altura. 
Pode-se ver noutro artigo do HoM esta zona mais completa em torno da Praça 7 de Março. Neste local foram construídos no início dos anos 50 um magnífico conjunto de edifícios que vieram juntar-se ao prédio Fonte Azul que ficaria para a direita na imagem de cima e que é de cerca de 1944.
Mostrador das brochuras. Vê-se em cima uma da BOAC com o Big Ben.
No canto inferior esquerdo do mostrador (sob o 00:13) estava um folheto da SABENA, linhas aéreas belgas. A companhia voava para o Congo Belga por isso devia ter ligação a Joahannesburg e aproveitaria então para os oferecer em Lourenço Marques e com destino a Bruxelas e à Europa Central. Curioso é encontrarmos uns 65 anos depois um desses folhetos, como se comprova mesmo nos pequenos detalhes de estar o mesmo emblema alado à esquerda e de aparecer o avião por trás:
Está em boas mãos: horários e tarifas da SABENA no verão de 1950
Este horário leva-me outra vez a questionar as datas em que o filme foi rodado. Apesar de ter sido lançado em 1952, pelo que se vê neste horário pode ter sido filmado bem antes.
Mais para o interior do estabelecimento:
Mesmo mostrador de cima à esquerda e atendimento de cliente à secretaria
Madames elegantérrimas nos leves vestidos de verão
A parede ao centro direita onde estava desenhado o mapa mundo deve ser a que tem agora o painel cerâmico de Francisco Relógio.

Finalmente uma foto recente com a parte exterior do corpo de escadas do prédio Rubi e os seus blocos de vidro reflectindo os raios de sol. Ao lado o reboco está bastante desconchavado, tal como como tinhamos referido para o estado geral do edifício em termos de conservação e preservação num artigo anterior. Penso que mencionei também que o Dr. Philipp Schauer disse que o prédio Rubi foi o primeiro da cidade a ter elevador que tem por isso um modelo histórico (mas 30 anos antes tinha havido o do Hotel Polana também)

Pormenor da fachada (Foto old_RUBI_by_PETROSML)

Comentários

Anónimo disse…
Caro Curioso;
Os meus cumprimentos.
Refere, com relaçao á primeira fotografía, que as escadas do lado esquerdo eram o acesso para um Banco; quero esclarecer que aí nunca esteve um banco,esteve sim a FOTO SOUSA, que depois se mudou para a R. Araujo, em frente do Varieta.
Um abraço.
Rogério Gens disse…
Caro leitor: Obrigado pela informação mas fui re-verificar a foto, provávelmente se a carregar desse lado pode ver o mesmo, e vê-se por cima da porta claramente CO, antes parece ser N e como a palavra devia ter 5 letras eu deduzi que fosse BANCO. Pela montra não dá para ver, parecia vazia, pode ser que noutras imagens do filme se veja melhor. Eu mesmo de depois de crescido não me lembro de nada dessa zona. Pode ter estado previsto o Banco mas depois não se ter concretizado, ter estado lá pouco tempo antes de ter vindo a loja de fotografia, muitas possibilidades. Cumprimentos.
Anónimo disse…
Caro Curioso;
Fui verificar a foto, como me aconselhou, e realmente aparecem umas 4(?) letras onde se pode ler, com muita dificuldade porque a resoluçao nao dá para mais,"urco" ou algo parecido, e que tambem pode ser tomado, por deduçao como lhe passou a si, por "banco". Sei que por esas datas esteve aí instalada a Foto Sousa mas, depois estiveram mais firmas de que ja nao lembro os nomes.Seguirei investigando.
De todas formas posso asegurar-lhe que aí nao houve nunca um banco.
Um abraço.
Rogério Gens disse…
Caro leitor: O que eu estranhei foi que essa loja seria pequena do género da agência de viagens, mesmo se fosse o dobro não seria muito grande. Ora os Bancos tinham todos a sede na Baixa, por isso para ser uma sede era pequena e para ser agência era um pouco estranho em 1950 haver aí uma agência se a sede fosse por perto. Mas isto é só a pensar, a realidade pode ser muito diferente. Se concluir algo informe por favor. Cumprimentos.
Anónimo disse…
Trata-se da Agência Moçambicana de Viagens, da Família Abreu.
Do lado da D. Luís, havia uma espécie de tabacaria mesmo pegada à agência, sapataria Duque e Nobela, julgo que por esta ordem, e a pastelaria do Continental.
Rogério Gens disse…
Caro leitor: Obrigado pela informação valiosa e precisa. Cumprimentos