Caminho de ferro entre LM e Pretória - trabalhos recentes - km 78.65, provávelmente ribeira Majojo

          FOTO 1
              Via-se que ao km 78.65 havia uma ponte antiga e que se
              iniciava a construção duma completamente nova ao lado
          Concluindo os artigos sobre a reabilitação das pontes dos CFM na linha de Lourenço Marques, actual Maputo a Ressano Garcia, chegamos à última da lista, ao km 78.65. Sabemos que foi a concurso em 2013 e que foi a firma geoibéricos que fez o trabalho de topografia (chamaram-lhe ponte da Moamba). A construtora foi a CONDURIL com a seguinte descrição dos trabalhos: "levantamento inicial da obra, implantação de toda fundação especial e implantação. Nova viga executada em estrutura metálica", o que corresponde às imagens que obtivemos.
          Temos mais imagens da Revista Xitimela dos CFM vendo-se na primeira delas os trabalhos também no seu início e do mesmo lado da FOTO 1. 

      FOTO 2
      Tramo pintado de verde e branco da FOTO 1 também à direita 
      provando que não há engano no local
    O km 78.65 será entre as estações ou apeadeiros de Chanculo (km 76) e Incomáti (kms 80 a 81) e pela quilometragem (neste caso uma diferença de só 10 metros) a ponte inicial que aí existiu devia ser a da FOTO 3 de 1889/90 feita por Manuel Romão Pereira e disponibilizada (mal) pelo CPF o que tentaremos verificar.

    FOTO 3
    CPF #27 - Nova ponte sobre a ribeira Majojo, km 78,66 (foto de MRP)
      Evidentemente a ponte da FOTO 3 não é a antiga que está nas FOTOS 1 e 2 (pilares e tramo diferentes) mas a largura do vale parece equivalente e a cabeceira que se vê à direita da FOTO 3 pode ser a mesma da FOTO 1, o que reforçaria a localização. Quererá isso então dizer que a partir de 1889/90 (data da FOTO 3) terá havido outros trabalhos nesta ponte, o que não é surpresa pois vimos que aconteceu noutros casos (ver um em 1911 nas fotos de Hily).
      Também nesta zona (km 78) e na mesma altura da FOTO 2, MRP fotografou uma ponte com um grande rio ao fundo.

      FOTO 4
      Legenda original: ponte do Kilometro 78 
      na Estrada de Ferro de Lourenço Marques ao Transvaal
      Como o rio ao fundo da FOTO 4 só podia ser o Incomáti, ficamos assim a saber que a  ponte ao km 78.65 das fotos recentes seria já ao lado do rio, o que não é evidente nas fotos recentes. Vamos assim tentar perceber as duas fotos com a ponte nova construída e sem nada marcante restando do passado.

      FOTO 5
      Ponte nova, suponho que vista do mesmo lado que as FOTOS 1 e 2
      Então se na FOTO 5 do lado de lá está um monte donde descerá a ribeira (temporária) que justifica a construção da ponte, o vale do rio Incomáti tem de estar do lado de cá, o que aconteceria também para as FOTOS de 1 a 3.
      A FOTO 6 dá-nos uma vista mais alargada do local com a ponte nova substituindo completamente a antiga que foi demolida do km 78.6:
                                                                                                                                                      
        FOTO 6
        Rrio Incomáti do lado esquerdo, Maputo para o fundo e Ressano Garcia nas costas,
        exactamente aqui no Google Earth.
        Este é o ponto onde a linha atinge o Rio Incomáti e o sopé dos montes Libombos. A linha sobe dos 0 metros de Maputo até aos 101 m de altitude neste ponto (Ressano Garcia está nos 123 m pelo que não há grande subida até lá, só mais curvas do que na primeira parte da linha). 
        Na época seca o rio Incomáti pode ter caudal reduzido e ficar longe mas na de chuvas deve haver anos em que inundará tudo até à zona baixa do lado esquerdo na FOTO 6. O rio aqui está nos 96 m de altitude quer dizer a 5 m da linha férrea que como expliquei  num artigo anterior depois da construção inicial foi elevada talvez uns 2 metros e que mesmo assim não parece que  esteja muito segura.
        Os planificadores iniciais da linha (Engs. militares embora em função civil Machado, Araújo, Caldas Xavier) conheciam a zona há pouco tempo, talvez não tivesse havido grandes cheias nesse período e óbviamente não havia registos cientificos de linhas de cheias, etc. Como nestas imagens nem se vê o rio é fácil perceber porque acharam que a linha podia ficar mais baixa nesta zona o que evitava abrir trincheira a cortar o monte. E tendo avaliado mal o risco das enchurradas aqui e e no resto da linha não estipularam pontes em número e de comprimento e resistência suficientes. Como já disse sobre isso, o concessionário McMurdo com mais ou menos aldrabices cumpriu com o que lhe foi determinado (afinal o seu trabalho foi aceite pelas autoridades e a linha entrou ao serviço, faltavam só os 8-9 kms finais doutro caso) mas cerca de um ano depois, às primeiras chuvas fortes, foi tudo de "pantanas" e foi McMurdo o elo mais fraco na complexa questão técnico-económica-política-militar-diplomática que aqui se criou. 
        Como disse aquise as últimas imagens das históricas construções da linha de Ressano Garcia são só as que vimos nestes últimos artigos, isso terá sido uma grande perda para a história de Moçambique. Se nada profundo e sistemático foi feito, serão então estas as memórias do que esta linha foi nos seus primeiros 130 anos.

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