Drenagem do pântano de Lourenço Marques (5) - dique, drenos e aterros em foto

Esta imagem estava perdida no ACTD mas como já conhecemos bem o local daqui foi possível localizá-la. De facto vem preencher um pouco mais o campo de visão para a esquerda = oriente = leste = jusante do estuário. Permite-nos assim ver o dique inicial num trecho mais longo aproximando-se mais da ponta da "ilha inicial" a partir da qual ele foi lançado a cortar a zona baixa entre o estuário e a barreira do Maé, um tema muito detalhado a partir daqui.
Vemos na foto a olhar para sul, a planície do Maé em parte ainda com pântano a ser drenado através de canais e dique e depois o estuário e a Catembe ao fundo. 
A foto foi então tirada perto da crista da barreira do Alto-Maé, provávelmente do torreão a leste do quartel do Alto Maé (o da FOTO 1) pelo que deve ser de ou de depois de 1893.
Actualmente a construção das abas largas ao centro 
estaria ao fim da Av. 25 de Setembro, do seu lado sul

Combinando e comparando a nova foto (no canto superior esquerdo) com o que já conhecíamos (outras três imagens):
Amarelo: direcção comum às quatro fotos
Carmesim: dique inicial em terra construido sobre zona pantanosa. 

Ia da barreira até ao extremo da ilha inicial onde se formou a cidade
Manchas verdes: terreno ainda pantanoso, anos depois do dique ter sido construído
Castanho: matadouro velho

Castanho claro: faixa onde já foi feito aterro
Vermelho (ao fundo): linha férrea cujo muro de protecção serviu de segundo dique conquistando mais terra ao estuário
Roxo: Cais Holandês construído em 1890
Verde: barraco perto da barreira, comum às duas fotos complementares de > 1893
Laranja: fábrica que continuava a existir em 1903 e não sei o que era
Azul: instalação que nos anos 20 devia ser dos serviços de água e saneamento
Branco: Av. da República, actual 25 de Setembro já bem traçada

Vê-se nas fotos mais antigas (as duas de cima) que o dique inicial se mantinha ainda de pé em 1893 apesar de a partir de 1887 a linha férrea ter passado a conter as águas do estuário. A explicação pode ser que enquanto não se fazia o aterro (levantando o nível original do solo do pântano) não valia a pena tratar do dique. No entanto depois da sua primeira função de impedir a água do estuário de entrar para o interior, a partir do momento em que a zona mais perto do estuário justo à linha férrea foi aterrada e estava a ser usada para o Cais Holandês, o dique passou a ser útil para impedir que essa zona fosse alagada por água que viesse da barreira. Quer dizer e para sequência em que o aterro foi feito, depois de ter sido útil a face do dique virada a sul = estuário, mais tarde teria sido útil a sua face a norte = virada para a barreira. Se isto foi importante, se foi intencional ou se terá acontecido por acaso, não sei.
Tentando localizar em foto dos anos 50 o mais relevante visto até agora: 
Carmesim: dique inicial de c. de 1880 feito em terra sobre a zona pantanosa do Maé fechando-a à entrada de água do estuário e permitindo a sua drenagem
Vermelho: linha férrea de 1886/87, reforçando o dique inicial e extendendo para poente = oeste a área de pântano que pode ser drenada e depois aterrada
Verde médio: posição da estação de caminhos de ferro que serviu inicialmente a linha
Castanho claro: estação actual com gare de c. de 1910
Verde escuro: barreira do Alto-Maé de cerca de 40 m de altura
Castanho escuro: local do matadouro velho
Roxo: Cais Holandês construído em 1890
Laranja: posição aproximada da fábrica com a marca laranja no antigo pântano
Azul: posição aproximada da instalação 
que devia ser dos serviços de água e saneamento no antigo pântano
Branco: Av. da República, actual 25 de Setembro

Com estas fotos e indicações aproximadas passamos, penso eu, a ter ideia um pouco mais concreta do dique inicial e da linha férrea construida em 1886/87 do que se tinha até agora que eram mapas.

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