Vistas antigas da encosta para o oriente da baixa no início do século XX - postais coloridos

FOTO 1
Navios de guerra portugueses em Lourenço Marques, actual Maputo
As duas primeiras fotos talvez tenham sido tiradas pelo mesmo fotógrafo, na mesma ocasião e da mesma posição embora olhando em direcções afastadas uns noventa graus. Estava-se numa zona com alguma altitude em relação à baixa da cidade, de algum declive e de palmeiras dispersas que penso ser na zona elevada entre o paiol e onde agora está a Vila Jóia e desce a Av. Lenine e do topo das quais foi tirada a primeira foto deste artigo. 
Grande parte dessa zona foi uns cerca de dez anos depois rebaixada para que o material resultante fosse utilizado no aterro da Maxaquene que por seu lado fez com que o litoral do estuário se afastasse da encosta e da cidade alta cerca de 400 metros nessa zona. Como consequência dessas alterações e mesmo que só tivessem afectado as zonas circundantes, para quem conheceu a cidade depois o que se vê nas FOTOS 1 e 2  naturalmente parece um tanto estranho.
Por exemplo mesmo que a FOTO 1 tenha sido tirada em elevação de terreno que se tenha mantido perto da Vila Jóia, a proximidade do estuário seria agora completamente diferente. E certamente parte do terreno que se via para sudeste terá sido removido pois vê-se aí os telhados de duas casas tapadas pelas elevações, um desnível que deixou de existir depois. O grande navio na FOTO 1 podia estar fundeado à entrada da enseada da Maxaquene mais ou menos onde agora será o limite da zona aterrada da Maxaquene (a Ponta Vermelha estaria escondida mais para a esquerda = leste).
A FOTO 2 pode localizar-se pelo edifício claro de dois pisos que é o das Finanças, actual Biblioteca Nacional que aparece de lado (o nascente) e de traseira (o norte). Vê-se para a sua direita o edifício dos Correios que lhe é semelhante e que estava pintado de castanho. Estariamos numa elevação que mesmo não tendo sido completamente terraplanada foi certamente muito alterada depois dado que para o lado esquerdo o declive existente para a baixa terá sido amortecido para fazer descer por aí a actual Av. Lenine.


FOTO 2

Foto para sudoeste com o núcleo da Baixa nessa altura em frente
A zona mais arborizada que se vê para lá das palmeiras seria ao lado do início do jardim botânico da cidade e por isso penso que podemos relacionar estas fotos com a que vimos neste artigo que presumo fosse do mesmo local com os primeiros canteiros e acima dele com palmeiras (cocoa-nuts) e outras árvores. 
Penso poder relacionar as FOTOS 1 e 2 de cima com as FOTOS 3 e 4 de baixo tendo como referência o topo leste = oriental do jardim botânico no seu início. Usarei uma legenda semelhante à que no artigo anterior apliquei a uma foto de 1895 pois a perspectiva é equivalente mas acrescentei-lhe duas setas azuis.

FOTOS 3 e 4
Setas azuis claras: direcção em que terá sido tirada a FOTO 1
(a posição exacta terá sido um pouco mais para cima = direita)
Setas azuis escuras: direcção e posição em que terá sido tirada a FOTO 2, 
mais para a esquerda ou direita
Castanhos: janelas do armazém das traseiras das Obras Públicas
 donde a foto do artigo anterior com canteiros e palmeiras pode ter sido tirada
Mancha verde clara: zona aproximada dos canteiros dessa foto
Mancha verde escura: zona arborizada do jardim botânico Vasco da Gama
onde a encosta aumenta o seu declive
Linhas verdes: limite entre os canteiros parcialmente feitos sobre antigo pântano e onde o declive começa a subir mais acentuadamente, na parte sul - leste do jardim actual
Laranjas claros: aprox. onde foi depois aberta a actual Av. Manganhela
Rosas: aprox. onde foi aberta a Av. Castilho, actual Lenine no limite a nascente do jardim
As FOTOS 3 e 4 devem ser da mesma altura e são semelhantes a uma do artigo anterior que era de 1895. Mas como não aparece nelas o edifício das Finanças pode-se dizer que são anteriores a 1904 (e a FOTO 3 é posterior a 1899). Genéricamente podemos dizer que  estas quatro fotos da zona entre a encosta e o lado oriental da baixa serão de entre 1895 e 1905. 

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