Armazéns frigoríficos do porto de LM no início

Vimos num primeiro artigo algumas imagens dos armazéns frigoríficos do porto de Lourenço Marques, actual Maputo mas temos agora duas fotos reproduzidas do Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro disponibilizado pela Hemeroteca  Digital de Lisboa e divulgado pelo blog delagoabayworld.
Segundo a legenda da primeira foto, via-se em 1932 o navio Durham Castle (que conhecemos daqui) que carregava frutas provávelmente de exportação da África do Sul dos dois armazéns frigoríficos. O navio estava do lado do estuário atracado na ponte-cais Gorjão e os armazéns estavam do lado interior da ponte-cais, de que se via aqui a ponta mais a oeste e que estava rodeada de água como se vê pelo reflexo das construções. 


FOTO 1
Vista do interior do recinto do porto a norte para a ponte-cais a sul em 1932
No supra citado artigo anterior podiamos ver na primeira foto de 1937 que parte da zona interior que como se vê na FOTO 1 ainda tinha água em 1932 tinha sido depois aterrada.
A ponte-cais vinha do lado esquerdo = nascente = jusante da FOTO 1 (esse era o lado da Baixa da cidade) e terminava nessa época ao lado dos armazéns. Veremos isso melhor na FOTO 2 que é de 1930, por isso anterior à de cima, e mostra os mesmos dois armazéns frigoríficos mas observados do lado oposto ao da FOTO 1.

FOTO 2
Vista para nordeste com o estuário, os armazéns frigoríficos visto do seu lado exterior 
e a ponte-cais seguindo para o lado da cidade, em 1930
Na FOTO 2 vê-se ao longo da ponte-cais, ao cento direita a carvoeira Mac Miller de 1915 e uns 200 metros depois dela o par de torres da carvoeira Provay de 1923. Ficamos assim com a ideia de que se até 1915 o cais chegava à zona da carvoeira Mac Miller, então nos 15 anos seguintes até 1930 teria crescido no máximo mais uns 300 metros.

Nos álbuns de Santos Rufino publicados em 1929 aparece uma foto (que será de 1928 ou anterior) desta zona do recinto do porto que não é muito clara em relação ao desenho da ponte-cais mas em que é óbvio que os armazéns frigoríficos não constavam ainda.


FOTO 3
O cais em linha recta parecia acabar logo depois da carvoeira Mac Miller, 
curvando depois o recinto do porto à direita ou seja para o lado da barreira
Podemos ver em mapas a evolução do cais nesta zona: 
No mapa da esquerda que é de 1925/26 presumo que esteja a situação da FOTO 3, sem os armazéns frigoríficos e com a linha recta da ponte-cais a terminar um pouco para poente = oeste da carvoeira Mac Miller. 
No mapa da direita que é de 1940 nota-se o crescimento da ponte-cais para poente em relação a 1925/26 e estaríamos então na situação das FOTOS 1 e 2.

MONTAGEM de MAPAS
Castanho: carvoeira Mac Miller
Cinzento: 
limite a oeste = poente do recinto do cais em 1925/26
Laranja: expansão da ponte-cais feita entre 1925/26 e 1940,
incluindo um pouco de aterro adicional feito do lado interior (seta laranja)

Roxo: armazéns frigoríficos
Outras marcas: equivalentes nos dois mapas
Vê-se no mapa de 1940 que os armazéns frigoríficos por essa altura estavam ainda colocados numa faixa estreita ao longo do cais e eram banhados por água do lado interior, tal como acontecia na FOTO 2 de 1930. 

No entanto nos anos 50 via-se aqui à direita da FOTO 3 que já não havia uma parte saliente do lado poente do cais, dando pelo menos ideia que a enseada para o interior da parte laranja da ponte-cais tinha sido preenchida por aterro adicional. Vê-se ainda na FOTO 4 desse artigo uma ampliação subsequente da ponte-cais e conforme está aí indicado com o objectivo foi de dotar o porto de cais de contentores, uma construção presumívelmente dos anos 60.
Finalmente uma foto desta zona do recinto do porto de há alguns anos atrás e onde ainda se viam ainda algumas destas estruturas históricas. Todavia parece-me que com excepção da ponte-cais elas foram entretanto demolidas e a zona serve agora de parque de viaturas importadas novas.


FOTO 4
Castanho: carvoeira Mac Miller, as Provay tinham sido desmanteladas ainda
nos anos 60. Ao lado ainda o guindaste das 60 - 80 toneladas
Laranja: expansão da ponte-cais feita de 1925/26 a 1940
Roxo: um dos dois primeiros armazéns frigoríficos. 

Tinha passado depois a haver quatro.

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