Enseada e aterro da Maxaquene - evolução da parte ocidental da barreira junto ao Desportivo (6/16)

Do último artigo sobre o aterro e a barreira da Maxaquene tinha ficado com a ideia de que o que se via em 1920 na zona que veio a ser do Grupo Desportivo Lourenço Marques não era o que eu tinha conhecido no final dos anos 60 e primeira metade do 70 do século XX (20). Isso porque nos anos 20 tinha ficado uma parede de terreno quase vertical (localmente conhecida por barreira) nessa zona e do que eu me lembrava era dum declive mais suave na traseira das actuais das instalações do Desportivo, entre a parte plana da piscina, com uns campos de basket mais acima e depois já fora dos terrenos do clube a encosta até às traseiras dos prédios na Av. Brito Camacho, actual Lumumba. 
Veremos aqui várias imagens que confirmam que essa evolução existiu e são apresentadas por ordem cronológica da mais antiga à mais recente. 
A FOTO 1 mostra a zona ocidental da nova barreira tal como ficou após a remoção das elevações do paiol e circundantes ocorrida entre 1915 e 1920. Ela deve ser do início dos anos 20 e viamos depois duma zona que parecia mais escavada para a direita (um misto de remoção das elevações e de escavação da barreira inicial própriamente dita) uma curva na barreira que terminava numa saliência a partir do qual a nova barreira seguia a direito até à zona limite dos trabalhos a cerca de 150 metros (parte final essa que está escondida pela saliência nas FOTOS 1 e 2).

FOTO 1
Castanho escuro: crista da nova barreira pós 1920
Castanho claro: base da nova barreira pós 1920

Laranja claro: Av. Álvares Cabral, aberta sobre antigo pântano aterrado
Verde escuro: zona mais ou menos plana onde estiveram as elevações, 
entre a base da nova barreira e a Av. Álvares Cabral
Vermelho: torre da estação de incêndio da Baixa
Roxo: Imprensa Nacional
Verde claro: Av. Augusto de Castilho, actual Lenine a leste do quarteirão

 do jardim botânico e onde terminaram os trabalhos na barreira
Seta amarela: Vila Jóia, na Av. Castilho
A FOTO 2 já conhecida doutros artigos dá uma vista quase idêntica à FOTO 1 mas ser-lhe-à um tanto ulterior tendo sido publicada em 1929. A parte ocidental da nova barreira estava como na FOTO 1 mas o terreno baixo entre a sua base e a Av. Álvares Cabral, parecia ter sido uniformizado e tinha lá surgido um muro alto na direcção norte-sul. 


FOTO 2 
Castanho escuro: crista da nova barreira 
Branco: muro construído na zona plana e que passou a delimitar
a poente = oeste o terreno do Desportivo
Verde escuro: zona mais ou menos plana onde estiveram as elevações
 e que ficou dividida pelo muro
Laranja claro: Av. Álvares Cabral para cá do cruzamento com a Av. Augusto de Castilho
Seta amarela, vermelho e roxo: como em cima
A foto seguinte, com o nascente para o fundo, por isso em sentido oposto às duas anteriores, é dos anos 30 e dá-nos a visão global da parte ocidental da barreira da Maxaquene. A situação da nova barreira era semelhante à anterior mas o Grupo Desportivo tinha construido o seu primeiro campo de futebol para nascente = leste do muro branco que apareceu na FOTO 2.

FOTO 3 
Castanhos: como em cima, englobando não só onde as elevações foram removidas 
mas também onde não as havia mas a barreira existente foi escavada
Seta castanha: saliência da nova barreira, que viamos do lado oposto nas FOTOS 1 e 2

Marcas pretas: primeiro campo de futebol do Desportivo (artigo aqui)
Verde escur
o: zona mais ou menos plana, 
restando livre a parte a poente
 do muro do terreno do Desportivo (do outro lado apareceu o campo)
Seta branca: muro do terreno do Desportivo
Carmesim: Paços do Concelho, actual Tribunal

Lilás: Av. Brito Camacho, actual Lumumba na parte alta da barreira, quase vazia
Linhas azuis e rosa: desciam da Av. Brito Camacho para a Álvares Cabral, actual Manganhela  e veremos melhor depois
Mantendo mais ou menos a mesma perspectiva da FOTO 3, damos na FOTO 4 um grande salto no tempo dos anos 30 para os anos 50 e constataremos grande evolução. Parece-me que a barreira para o fundo (lado da Ponta Vermelha) tinha sido mais escavada do que tinha também resultado um pouco mais de espaço entre a zona do Desportivo e a nova barreira. Tinha-se deixado de se ver o muro do Desportivo mas podia-se identificar a divisão pela linha de árvores altas (vê-las por trás do estádio do hóquei na foto com os hoquistas aqui). Foi na zona para cá dessas árvores, como se pode comparar com a FOTO 3, que houve uma grande alteração em relação à FOTO 3 pois em vez de dois níveis de terreno com uma queda abrupta ao meio (linha dos cor de rosa) passou a haver uma descida contínua. Suponho que terá sido retirada terra de cima para aterrar em baixo e assim a faixa de terreno que tinha tido a marca verde nas fotos anteriores e que tinha estado ao nível da Av. Álvares Cabral, aparecia na FOTO 4 mais elevada nas proximidades da Av. Augusto de Castilho

FOTO 4
Castanho mais escuro: crista da barreira modificada 
penso que por ter sido mais escavada para o interior = para a esquerda
Rosa: em descida contínua em vez dos três níveis anteriores
Castanho e branco: novo limite elevado do terreno (rosa) junto ao muro do Desportivo
Setas brancas: árvores plantadas junto ao muro do Desportivo
Lilás: Av. Brito Camacho, actual Lumumba muito edificada
Outras cores: sem alteração notória
Quase o mesmo continuava a ver-se na FOTO 5 da primeira metade dos anos 60, a qual foi tirada em sentido oposto ao da FOTO 4. Aí podemos ver bem a instalações do Desportivo com a sua piscina e estádio do hóquei em substituição do primeiro campo de futebol (que se viu na FOTO 3), ver onde estava o muro que vinha da FOTO 2 por trás do estádio do hóquei e pouco para lá dele reparar na linha de árvores que tinham aí sido plantadas.

FOTO 5
Castanho mais escuro: crista a ocidente da barreira novamente modificada
Setas brancas: muro a ocidente = oeste do terreno do Desportivo
Rosa: declive uniforme com aterro da parte baixa, 
como na FOTO 4 e diferente da FOTO 3, 
Castanho e branco: novo limite elevado do terreno (rosa) junto ao muro do Desportivo
Outras cores: como em cima
Finalmente a imagem mais recente, do início dos anos 70. O mais notório é que para noroeste do Desportivo estava em construção o primeiro grande edifício nessa zona que tinha ficado livre desde que as elevações tinham sido retiradas. Pelas marcas azuis pode-se também confirmar que a barreira estava agora muito mais afastada da Baixa e próxima da Av. Brito Camacho, actual Lumumba para onde estavam viradas as primeiras construções ao cimo da barreira, do que por exemplo se via na FOTO 3 anterior. 

FOTO 6
Azuis: com a secção mais escura muito menor do que na FOTO 3
Vermelho: Prédio 33 em construção
Outras cores: como em cima
Como se pode ver na FOTO 6 o Prédio 33 estava em construção no terreno da antiga estação dos bombeiros e mais ou menos em simultâneo com a do primeiro prédio na parte ocidental da barreira.
Uma evolução que penso aconteceu para o final dos anos 60 mas não se consegue observar em cima afectou a Av. Álvares Cabral para oriente = leste da Av. Augusto de Castilho. A Av. Álvares Cabral como vimos até à FOTO 5 não continuava desse lado em linha recta com a sua parte a sul do jardim botânico pois desviava-se um pouco para sul. Para o final dos anos 60 foi traçada nessa zona uma nova avenida em linha recta por isso um pouco mais do lado da barreira. Assim parte do terreno livre na FOTO 5 (parte em terra e parte verde) à entrada do recinto do Desportivo acabou por ser ocupado pela nova via que se ligava à Av. Marechal Carmona, esta que seguiria ao longo da barreira mas que nunca foi asfaltada. Pode-se ver aqui como ficou a entrada (no exterior) do Desportivo, ainda com algum espaço entre a nova avenida e os portais mas menor do que anteriormente.

Comentários