Para completar a última série sobre a estação de caminhos de ferro de Lourenço Marques, actual Maputo (primeiro e segundo artigos) começamos por rever a foto de Henrique Galvão aqui publicada que nos levará a novas e interessantes descobertas sobre os edifícios e as coberturas da plataforma ou cais de passageiros.
FOTO 1
Estação de Caminhos de Ferro de Lourenço Marques em 1949 vista do lado das linhas = poente e um pouco a norte (vista para sudeste) |
A seguir a mesma foto agora com referência aos edifícios principais, notando que dos que estão colocados para poente do edifício exterior da estação (com a cúpula ao centro) se vê primordialmente as suas coberturas. No que respeita a fachadas vê-se - quando é o caso - as que estão viradas para norte (para a esquerda na foto) e para poente (para o lado de cá).
FOTO 1 com marcas
Verde: edifício exterior da estação em forma de H de 1913/1916 que dá acesso à gare de passageiros Vermelho: cobertura metálica entre o edificio exterior e a gare, já existia em 1929 Amarelo: gare de passageiros inicial de 1908/10 como se via aqui Roxo: edifício auxiliar central que já existia em 1915 Laranja: edifício longo (hangar) para poente da gare, que estava em construção cerca de 1929 Castanho: duas entradas para material rolante no hangar Azuis: coberturas da plataforma, a ver em baixo |
As marcas castanhas na FOTO 1 correspondem no interior do hangar às duas linhas paralelas que se vêm no actual museu (a partir da FOTO 4).
De resto vemos na FOTO 1 que em 1949 a gare inicial continuava com um único piso. A sua situaçâo actual com dois pisos pode ser observada na foto seguinte tirada aproximadamente na mesma direcção da FOTO 1 mas de muito mais perto (de Luis Ferreira em 2007 no flickr).
FOTO 2
Nota-se na FOTO 2 que a extensão da gare inicial não ocupou a totalidade do espaço ajardinado original até ao edifício "roxo" e por isso se vê livre a sua fachada virada a poente.
Para tentar calendarisar a evolução, podemos dizer que o segundo piso da gare inicial terá sido adicionado entre 1949 (FOTO 1) e o mais tardar 1969 pois neste ano, como sabemos daqui e daqui, ele já aparecia bem destacado acima da cobertura da plataforma e ao mesmo nível do segundo piso do edifício exterior da estação.
Recordamos em baixo à esquerda a foto de 1969 com a gare de passageiros já com a extensão e dois pisos (terceira e quarta deste artigo) e adicionamos-lhe outra similar mas três anos posterior.
Para tentar calendarisar a evolução, podemos dizer que o segundo piso da gare inicial terá sido adicionado entre 1949 (FOTO 1) e o mais tardar 1969 pois neste ano, como sabemos daqui e daqui, ele já aparecia bem destacado acima da cobertura da plataforma e ao mesmo nível do segundo piso do edifício exterior da estação.
Recordamos em baixo à esquerda a foto de 1969 com a gare de passageiros já com a extensão e dois pisos (terceira e quarta deste artigo) e adicionamos-lhe outra similar mas três anos posterior.
FOTOS 3
à esquerda: foto de 1969 de Lindsay Bridge (do seu flickr) â direita: foto de 1973 de George Woods (do seu flickr) |
Suponho que quando se estendeu a gare inicial se terá também edifícado o segundo piso a todo o comprimento do conjunto inicial + extensão, mas não o consigo comprovar gráficamente. Relembro também que os limites das marcações feitas a amarelo e preto nestes três artigos são aproximadas.
Finalmente veremos nas FOTOS 7 as coberturas da parte final da plataforma, a partir da zona do edifício "roxo" que aparecia na imagem central das FOTOS 6 até ao edifício "laranja" (o actual hangar do museu). Lembro que a parte mais a poente destas coberturas substituiu as que está marcada a azul claro nas FOTOS 4 (de que nos faz muita falta uma foto com mais detalhe para se entender melhor):
Quanto às coberturas metálicas da plataforma de (des)embarque de passageiros dissemos no primeiro artigo que parecem actualmente uniformes desde o início da gare até ao museu ao fundo da plataforma da estação actual. Mas veremos o que aí se passou nas imagens da FOTO 4, em cima vista a maior distância e em baixo vista mais em pormenor:
FOTOS 4 (clique para aumentar)
O que as FOTOS 4 mostram de mais interessante é:
a. de 1929 até 1949 tinha-se estendido as coberturas da plataforma até perto do
edifício "roxo" com forma semelhante à das coberturas iniciais. Como essa extensão das coberturas não tinha edifício ao lado, a extensão do edifício inicial da gare para poente e, presumo, o acrescento do segundo piso aconteceram depois de 1949;
b. a cobertura da plataforma ao lado do hangar (azul claro) até 1949 era constituida por dois planos, um mais horizontal e e outro mais inclinado para o solo, por isso diferente das coberturas da gare inicial e da extensão.
edifício "roxo" com forma semelhante à das coberturas iniciais. Como essa extensão das coberturas não tinha edifício ao lado, a extensão do edifício inicial da gare para poente e, presumo, o acrescento do segundo piso aconteceram depois de 1949;
b. a cobertura da plataforma ao lado do hangar (azul claro) até 1949 era constituida por dois planos, um mais horizontal e e outro mais inclinado para o solo, por isso diferente das coberturas da gare inicial e da extensão.
c. na foto mais recente no canto inferior direito vê-se a plataforma até ao fim da extensão da gare e nota-se que as coberturas na gare inicíal e na extensão (para o fundo) parecem semelhantes. Para isso acontecer a cobertura ao lado do hangar (azul claro) que existia em 1949 teve depois de ser desmantelada e substituída por outra semelhante à inicial. Como as coberturas da extensão parecem também iguais às da gare inicial isso quer dizer que se conseguiu manter essa uniformidade nos desenhos e materiais ao longo dum periodo de mais de 40 anos (desde a cobertura da gare inicial cerca de 1910 até a cobertura ao lado do hangar ser uniformizada depois de 1949). Essa constância pode parecer estranha mas as fotos seguintes, pelo menos a traços largos, parecem não deixar dúvidas.
Passamos nas FOTOS 6 a outros pontos da plataforma de passageiros nas imagens à esquerda e ao centro, confirmando-se com a imagem à direita que mostra a plataforma ao lado da gare inicial a semelhança no que respeita às coberturas:
FOTOS 5 (clique para aumentar)
As FOTOS 5 confirmam que as coberturas das plataformas no início e actualmente e isto a todo o seu comprimento parecem uniformes. Isso afasta bastante a possibilidade de as coberturas actuais terem sido todas feitas por exemplo nos anos 50 para substituir a inicial e outras posteriores que tivessem sido diferentes umas das outras. Passamos nas FOTOS 6 a outros pontos da plataforma de passageiros nas imagens à esquerda e ao centro, confirmando-se com a imagem à direita que mostra a plataforma ao lado da gare inicial a semelhança no que respeita às coberturas:
FOTOS 6 (clique para aumentar)
Mesmos pormenores nas coberturas sobre diversos pontos da plataforma, desde a gare inicial até ao fim da extensão e ao edifício auxiliar central "roxo" |
FOTOS 7 (clique para aumentar)
Coberturas em 1969 e actuais do edifício longo (hangar do museu) parecem iguais e também semelhantes às do resto da plataforma da estação |
Resumindo e concluindo a histórica estação de caminhos de ferro de Lourenço Marques, actual Maputo parece ter muitas pequenas histórias para contar. As evoluções, neste caso principalmente dos edifícios mais à entrada (gare inicial e extensão) e das coberturas, que vimos nestas imagens devem ter ficado bem registadas na altura mas ...
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