Esta é uma foto da central da Central Térmica (CT) da SONEFE em Lourenço Marques (LM), actual Maputo publicada por Mack VP no facebook kanimambo LM e que deverá ser já do século XXI (21).
Central da SONEFE à entrada do Vale do Infulene vista para sudeste a partir da estrada entre Maputo (para a esquerda) e Matola (para a direita) |
De cerca de 1970 em diante não tenho mais informação mas em 2011 esta grande construção das CT I e II tinha sido desmantelada havia já alguns anos e a região de Maputo tinha passado a ser abastecida de electricidade únicamente via rede da África do Sul. A partir de 2014 começou a ser abastecida pela nova central térmica de Ressano Garcia (aqui também) alimentada a gás natural e em 2018 foi inaugurada uma nova central geradora na cidade de Maputo.
Seguiremos agora o artigo da Revista Electricidade (primeira parte do original aqui) publicado pelo Eng. Amilcar da Silva Guerra em 1967 sobre a evolução das CT I e CT II até esse ano. Reporta-o em termos similares aos das outras fontes mencionadas mas aborda alguns pontos complementares particularmente a respeito do GTG (que refere como pertencendo à CT II). Eis o seu resumo com algumas clarificações, as repetições servirão para consolidar o que foi visto anteriormente:
Primeiro sobre o passado com alguns dados novos: Em 1957 foi outorgada à Sociedade Nacional de Estudo e Financiamento de Empreendimentos Ultramarinos (SONEFE) a concessão da produção de energia eléctrica na nova Central Térmica de Lourenço Marques - CT I - central que o Estado mandara erigir e que embora adjudicada em 1950 estava em construção e só entrou em funcionamento em Janeiro de 1959. A concessão, para além de conceder à SONEFE a exploração da CT I instalada no Vale do Infulene - essencialmente constituída por dois conjuntos gerador de vapor-turbina-alternador de 6.25 MW de potência unitária nominal - obrigava a SONEFE a instalar e pôr em laboração regular em 1961 um novo conjunto electrogéneo, a vapor, de 15 MW. Esses 15 MW de potência adicional seriam necessários para debelar a carência sistemática de fornecimento de energia eléctrica em LM mas em face de estudos sobre a evolução dos consumos a SONEFE decidiu instalar não apenas um, mas dois grupos de vapor de 15 MW, surgindo assim a Central Térmica II.
A entrada em serviço, em Novembro de 1961 e Abril de 1962, dos primeiro e segundo grupos da CT II elevou de 34 MW o potencial do parque de produção de energia eléctrica no distrito de LM pois os grupos da CT II conseguiam nas condições prácticas da rede uma potência unitária de 17 MW em vez dos 15 MW nominais. A capacidade anterior foi assim quase quadriplicada nessa altura de 12.5 MW para 2 x (6.25 + 17) = 46.5 MW, pondo de lado neste cáculo a capacidade ainda disponível na central da Av. 24 de Julho.
Na sequência deste artigo, as razões para se ter escolhido um Grupo de Turbina a Gás (GTG) para terceiro equipamento da CT II e a sua descrição: Cedo se estimou que seria necessária nova ampliação da CT II pois era aconselhado manter em reserva um grupo de potência nominal igual à da maior unidade em serviço que neste caso era de 17 MW, para garantia da continuidade dos fornecimentos, mesmo em caso de eventual indisponibilidade, devido a acidente ou para manutenção periódica, de qualquer dos grupos.
Em 1967 foi assim instalado na CT II um grupo turbina a gás (GTG) usando como combustível o Aero-Turbine Fuel (A-T F) utilizado na aviação a jacto mas o seu sistema de queima podia ser adaptado a gás natural se viesse a haver ligação a Pande, Inhambane. O GTG de LM foi primeira unidade desse tipo instalada em território português e provávelmente em África. A solução em GTG tinha menor custo de investimento mas maior custo de operação por MW do que os grupos anteriores das CTs a carvão mas como ficaria de reserva resultava económicamente favorável, para além do grupo ser equipado com comando automático de arranque e paragem a distância e ter uma extraordinária rapidez de arranque e tomada de carga da rede.
Continuava o texto do Eng. Amilcar da Silva Guerra com adaptações: Os GTG, mercê do pouco espaço que ocupam, da simplicidade das fundações que exigem e da sua parca necessidade de fluídos refrigerantes podem ser instalados em centros urbanos. Teria sido possível instalá-lo num local distante e a ser operado da sala de comando ds CT no Vale do Infulene mas tinha sido definido que o GTG seria integrado no conjunto produtor das CTs. O local escolhido para ele foi então na zona fronteira ao parque de carvão (para poente dos edifícios das CTs) de modo a afastar-se o GTG do edifício do escritório, etc. (que ficava para nascente das CTs) por causa do seu ruído de funcionamento. A refrigeração do GTG foi feita em ar não usando por isso a tomada de água no estuário das CTs.
Na sequência deste artigo, as razões para se ter escolhido um Grupo de Turbina a Gás (GTG) para terceiro equipamento da CT II e a sua descrição: Cedo se estimou que seria necessária nova ampliação da CT II pois era aconselhado manter em reserva um grupo de potência nominal igual à da maior unidade em serviço que neste caso era de 17 MW, para garantia da continuidade dos fornecimentos, mesmo em caso de eventual indisponibilidade, devido a acidente ou para manutenção periódica, de qualquer dos grupos.
Em 1967 foi assim instalado na CT II um grupo turbina a gás (GTG) usando como combustível o Aero-Turbine Fuel (A-T F) utilizado na aviação a jacto mas o seu sistema de queima podia ser adaptado a gás natural se viesse a haver ligação a Pande, Inhambane. O GTG de LM foi primeira unidade desse tipo instalada em território português e provávelmente em África. A solução em GTG tinha menor custo de investimento mas maior custo de operação por MW do que os grupos anteriores das CTs a carvão mas como ficaria de reserva resultava económicamente favorável, para além do grupo ser equipado com comando automático de arranque e paragem a distância e ter uma extraordinária rapidez de arranque e tomada de carga da rede.
Continuava o texto do Eng. Amilcar da Silva Guerra com adaptações: Os GTG, mercê do pouco espaço que ocupam, da simplicidade das fundações que exigem e da sua parca necessidade de fluídos refrigerantes podem ser instalados em centros urbanos. Teria sido possível instalá-lo num local distante e a ser operado da sala de comando ds CT no Vale do Infulene mas tinha sido definido que o GTG seria integrado no conjunto produtor das CTs. O local escolhido para ele foi então na zona fronteira ao parque de carvão (para poente dos edifícios das CTs) de modo a afastar-se o GTG do edifício do escritório, etc. (que ficava para nascente das CTs) por causa do seu ruído de funcionamento. A refrigeração do GTG foi feita em ar não usando por isso a tomada de água no estuário das CTs.
O artigo do Eng. Amilcar da Silva Guerra tinha um desenho da disposição das CTs no Infulene em 1967 mas como não tinha legendas por exemplo não era muito claro onde o GTG teria ficado exactamente. Mas combinando-o com um desenho do livro da SONEFE que já mostramos e recordamos em baixo à direita pode-se ver o que foi acrescentado depois de 1962 e por isso localizar o GTG penso que correctamente:
Voltando à primeira foto e colocando-lhe marcas e tendo em conta a disposição em 1967, parece-me que o GTG seria o edifício mais baixo encimado por uma grande chaminé preta que se vê para a direita do CT II e com o topo marcado a rosa. Mais para a direita dele havia outro edifício pintado a ocre e marquei com o topo marcado a roxo. Não sei o que seria mas poderia ser o quarto gerador da CT II que era anunciado pelo Eng. Amilcar da Silva Guerra mas não constava do seu desenho e terá sido instalado cerca de 1970
Voltando à primeira foto e colocando-lhe marcas e tendo em conta a disposição em 1967, parece-me que o GTG seria o edifício mais baixo encimado por uma grande chaminé preta que se vê para a direita do CT II e com o topo marcado a rosa. Mais para a direita dele havia outro edifício pintado a ocre e marquei com o topo marcado a roxo. Não sei o que seria mas poderia ser o quarto gerador da CT II que era anunciado pelo Eng. Amilcar da Silva Guerra mas não constava do seu desenho e terá sido instalado cerca de 1970
Depois de termos falado principalmente sobre a produção, nos próximos artigos sobre a energia eléctrica em Lourenço Marques, actual Maputo sob administração portuguesa falaremos sobre a rede eléctrica no distrito.
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