Esta foto relativa a Lourenço Marques, actual Maputo tem origem na firma alemã Mannesmannröhren - Werke de Dusseldorf que existe ainda e que era fabricante de tubos metálicos. De facto vê-se pelo menos um sobre o vagão à direita e não sei se esse seria o motivo da foto que à primeira vista parecia ser sobre a instalação de iluminação num local que deveria ser o porto:
FOTO 1
Trabalhos de construção civil e de instalação de rede eléctrica e iluminação em Lourenço Marques |
A localização da FOTO 1 não foi imediata pois no local mais próximo da objectiva não se vê nada reconhecível. Todavia ao fundo à esquerda aparece o que será o promontório da Ponta Vermelha que fica no extremo a sudeste da parte alta da cidade. Para nos certificarmos podemos comparar nomeadamente a pequena concavidade que a escarpa tinha junto ao topo:
FOTOS 2
Ponta Vermelha vista de mais junto a terra no que na FOTO 1 |
Compreende-se então que na FOTO 1 se estava a construir a ponte-cais Gorjão pelo que a posição dos bate-estacas que se vê à distância estaria de acordo com o que dissemos por exemplo aqui, de que a ponte-cais Gorjão foi construída do lado poente para o lado nascente e mais central relativamente à Baixa da cidade. Teríamos então ao fundo da FOTO 1 a ponte-cais Gorjão a avançar digamos da zona frente à estação de caminhos de ferro para a zona frente à Praça 7 de Março. Isto devia passar-se na primeira ou quando muito na segunda década do século XX (20), não sei no entanto a posição exata da construção. Esta poderia ser indicada pelo pormenor do muro gradeado à esquerda mas não o consigo identificar.
Também temos de tomar em conta como se disse aqui que de 1902 até 1908 se usaram estacas de madeira na construção do cais e que a partir daí se passaram a usar estacas de betão tendo as de madeira já instaladas sido subtituidas, o que não deve ter sido trabalho fácil dado que afectaria pavimento do cais em funcionamento. Como na FOTO 1 não se consegue ter a certeza se as estacas seriam de madeira ou de betão não se sabe a partir dessa análise se estaríamos antes ou depois de 1908. No entanto o aspecto já refinado dos bate-estacas e o facto dos candeeiros que se vê na FOTO 1 não serem dos iniciais de haste retorcida levam-me a acreditar que a foto não será dos primeiros anos do porto mas no fim de contas não posso garantir nem ser preciso.
Continuo com duas fotos provenientes do site da University of Arizona - colecção shantz pois foram tiradas pelo biólogo norte americano Homer Shantz que passou por Lourenço Marques em Outubro de 1919.
FOTO 3
Observação de Shantz à partida de LM para a Beira a 28 de Outubro de 1919 |
Não se consegue discernir se a estrutura em que assentava a plataforma do porto era a de madeira inicial ou a de betão que se mantém até agora.
O navio que tansportou Shantz era o Taroba (ver aqui mas os dados não correspondem) conforme ele explica nas notas de viagem (travel notes 414).
IMAGEM 1
Observações de Shantz em 1919 sobre populações e traficâncias locais |
A foto seguinte tirada do navio para norte e com a ponte-cais próxima é muito mais interessante em termos de construções do que a anterior:
FOTO 4
à esquerda: traseira da alfândega nova e a frente da estação de caminhos de ferro, já com a esfera armilar no topo da cúpula de bronze ao centro direita: um armazém do porto tapando a vista para a praça Mac Mahon, actual dos Trabalhadores |
A travel note 415 relativa à foto de cima diz simplesmente que se via algo da cidade ao fundo. O navio largou primeiro para o meio do estuário e começou depois a rumar para a direita das duas fotos de cima = nascente tendo a foto do porto que vimos aqui sido tirada por Shantz um par de minutos depois da foto de cima.
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