Edifícios de ângulo ou esquina em Maputo, antiga LM - multifamiliar de Moffa (9/9)

Finalizando a série sobre edifícios de ângulo ou esquina em Maputo, antiga LM baseada num estudo do Prof. Arq. Luis Lage temos um que já conhecemos daquiPodemos agora acrescentar ser projecto do engenheiro italiano residente em LM Vitale Moffa e do ano de 1950 o que está dentro das minhas "previsões".
Como para a maioria dos casos anteriores as imagens do estudo são usada com a devida vénia e dado que têm fraca qualidade faço-lhes uma limpeza.
Primeiro a vista mais completa do edifício e para norte - nordeste com a encosta da Maxaquene subindo por trás para a Ponta Vermelha e para a esquerda para a Av. 24 de Julho.

FOTO 1
Av. Cabral à esquerda e Av. Lumumba à direita do ângulo
Duas fotos mais pormenorizadas do edifício:

FOTO 2
Entrada principal ao centro da fachada para a Av. Cabral, antiga Pero de Alenquer
FOTO 3
Pormenor das varandas (profundas), estas entre a 
fachada principal e a do ângulo virada para a barreira
Agora os planos do projecto que como diz o estudo foi desde o início uma residência multifamiliar de três pisos.
DESENHOS
em cima: ao centro a entrada principal com o corpo de escadas como na FOTO 2
em baixo: vista parecida com a da FOTO 1 
mas como se nos tivessemos deslocado mais para a direita

Com a planta percebe-se bem a organização interna do edifício:


PLANTA
Dois apartmentos de estrutura similar e com dois quartos por piso, serão seis no total
Vemos na planta que a separação entre os apartamentos é feita pelo corpo da escada principal com entrada pela Av. Cabral e pelas escadas das traseiras viradas para o lado da Polana / Ponta Vermelha.
Como há muitos edifícios na cidade lembrando o estilo deste e mais própriamente acabados com areia projectada no reboco e que serão dos anos 50 (série cor de burro) questiono-me agora quantos deles terão também sido projectados pelo Eng. Vitale Moffa, especialmente este que se lhe assemelhava bastante e lhe ficava muito próximo. Mas por exemplo o primeiro desta série é no mesmo estilo e segundo o estudo foi o Eng. Nuno Prata Dias o projectista.
Sobre Vitale Moffa é dito no pdf "história da caça submarina em moçambique" que se pode descarregar daqui (macua blogs) que chegou a Moçambique em 1942 como náufrago do navio inglês Nova Scotia. Juntando diversas informações, esse navio foi afundado por um submarino alemão perto da Ilha da Inhaca do que resultaram 858 mortos. O navio seguia de Massawa para Durban e trazia principalmente prisioneiros de guerra italianos feitos pelos ingleses nos combates da WW2 em África (na Libia e/ou Eritreia) e para serem internados na África do Sul. Quando a fragata portuguesa Afonso de Albuquerque chegou aos destroços conseguiu "(wikipedia): rescued 130 Italian internees, 42 guards, 17 crew members, three military and naval personnel, one DEMS gunner and one passenger. 858 people were lost: 650 Italian internees, 96 crew members, 88 South African guards, 10 DEMS gunners, eight military and naval personnel, five passengers, and Nova Scotia's master" e mais tarde foram encontrados outros dois sobreviventes. Nesse pdf um dos soldados italianos sobreviventes explica que sendo Portugal país neutro depois de algum tempo de internamento em Boane foram libertados. Alguns regressaram à Itália e outros ficaram em Moçambique reforçando a comunidade italo-laurentina mais antiga de que falámos aqui e teria sido esse o caso de Vitale Moffa que deve ter rápidamente conseguido começar a exercer a sua profissão de engenheiro civil em LM.
Lembro que Vitale Moffa deve ter sido proprietário deste edifício desenhado por Pancho Guedes, nesse artigo explicando-se a relação profissional próxima entre os dois. 

Comentários

José Lima disse…
Edifício lindíssimo, pena o seu estado de conservação...