Em Barberton, RSA na peugada de Emily, Thomas, Liz e do ouro: Fountain Bath Hotel (9/)

Continuando a série de artigos "em Barberton" da vida de Emily (Emilie) que foi Fernandes da Piedade e depois Lee nessa cidade do Transvaal, sabemos que em 1887 a sua ligação à "célebre" Cockney Liz estaria a terminar e depois que em 1899 foi viver de novo para Lourenço Marques (LM), actual Maputo. Residiu aí até 1902, fim da guerra anglo-boer e a informação sobre ela mais próxima que se segue é de 1908 como veremos a seguir. Do lado luso-moçambicano sabemos também que em 1907 esteve de visita à cidade mas nada era dito sobre a vida em Barberton.
Por isso completarei com a informação disponível do lado sul-africano e dum estudo em pdf ficamos a saber que Thomas e Emily compraram em 1908 um hotel que já não era novo na altura e que se chamou Fountain Hotel primeiro e depois Fountain Baths Hotel. Diz esse estudo que o hotel se desenvolveu a partir duma piscina que foi a primeira de uso não privado no Transvaal (de 1884, durante o início da corrida ao ouro) e que o seu primeiro proprietário foi J. W. Rose. 
Em 1908 uma notícia sobre uma nova gerência mencionava a entrada de Emily Lee e dizia"..Family and Private Hotel under the direct supervision of Mrs Lee, whose large experience of similar business in Natal, Delagoa Bay and the Barberton District is sufficient ..".  Se esta ordem de locais tem algum significado, o dado novo a retirar daqui será que Emily já no Natal trabalhava no sector da hotelaria, pelo que teria sido antes do seu primeiro casamento e anterior à criação com o marido do Hotel Real / Royal Hotel de LM. Diz ainda esse pdf que Emily em 1913 foi eleita "mayor" ou seja presidente da Câmara de Barberton o que presumo fosse cargo não profissional. 
Como veremos comparando as imagens antigas com as recentes parece que o edifício principal do actual Fountain Baths Cottages (site aqui) deve vir talvez de cerca de 1900 e será por isso aquele que Emily terá gerido durante cerca de 14 anos:


FOTO 1
Fachada principal virada para noroeste e a lateral (por onde é a entrada principal) 
virada para sudoeste. Esta tem depois uma pequena ala para noroeste.
Quanto aos bonitos jardins que actualmente rodeiam o hotel e se podem ver  no google e nos sites turísticos que a ele se referem, no pdf fala-se da sua progressiva melhoria. As cabanas "cottages" serão também adições posteriores período de cerca de 14 anos durante o qual Emily e Thomas Lee foram proprietários.


FOTO 2
Hotel "Fountain Baths Cottages" visto da Sheba Street com jacarandás em flor
Podemos ver do google maps a imagem do hotel com a traseira encostada a uma colina e marco ai o que me parece ser a linha do regato Rose (Rose Creek). O livro Nostalgia for Barberton dizia que a piscina era abastecida por água canalizada directamente do Rose’s Creek que fluia todo o ano, o que não acontece agora. Suponho que o regato nasça numa fonte na colina e daí o termo "Fountain" usado para estas instalações.

FOTO 3
Roxo: frente do terreno do actual Hotel Fountain Baths Cottages
Preto: telhado a quatro águas do edifício principal
Seta azul escura: piscina actual mais ou menos na posição da original
Carmesim: construção maior nas traseiras que parece existir desde tempos antigos
Azul: regato (Rose Creek) alimentava a piscina original e que 
se "vê" continuando depois do hotel à direita no Google streetview
Verde claro: secção da Pilgrim Street fora do centro, na direcção de nordeste
Laranja: Sheba Road na curva e De Villiers St. à esquerda 
na parte mais baixa do centro histórico de Barberton
Laranja claro: Crown Street
No FB Barberton Bliss estão duas duas fotos das instalações balneares iniciais que ficavam nas traseiras do hotel (são aqui reenquadradas). Na primeira via-se a curva em direcção ao norte da Sheba Road que mais à frente tem (agora) um desvio para a mina Sheba e que depois segue para norte na direcção de Nelspruit / Mbombela ou para nordeste na direcção de Komatipoort e fronteira com Moçambique (ver tudo aqui).
Vemos então na foto seguinte a piscina com 15 m de comprimento e na direcção norte - sul. É a faixa mais escura na foto devido à sua profundidade de 1.65 m (máximo) e aparece acima do traço azul escuro e estava rodeada pelas instalações balneares.

FOTO 4
Carmesim: construção maior nas traseiras do hotel 
encostada ao balneário já existia. Provávelmente era a sua lavandaria.
Outras cores: para se ver equivalências na FOTO 5
Na foto de cima o edifício principal entre a piscina e a estrada tinha o telhado em quatro águas como actualmente se vê na FOTO 3 e daí estimar que seja mais ou menos o mesmo. Quanto à piscina, no pdf é dito que ela a certa altura foi enchida com terra mas que foi posteriormente refeita na mesma posição, qaue será então aquela que está apontada pela seta azul escura na FOTO 3 e é a mesma da FOTO 4 e da 5 como veremos em baixo.
A foto seguinte mostra as instalações presumo que perto do seu início em 1884 e por isso antes da FOTO 4. Existiam já os "banhos" e havia um edifício que seria hotel entre eles e a estrada, mas esse era muito mais pequeno do que que veio a ser aí construído e parece que tinha o telhado feito de colmo.

FOTO 5 
Preto: futura posição do telhado a quatro águas do novo edifício principal
Carmesim: construção maior nas traseiras encostada ao balneário
Seta e círculo branco: explicado em baixo
Mancha castanha: estrada (Sheba Road)  passando frente ao hotel 
Marco com as mesmas cores nas FOTOS 4 e 5 os elementos principais das instalações e vê-se que eram semelhantes no geral. A piscina na FOTO 5 está mais clara e com a sua pespectiva podemos imaginar melhor como a água do Rose's Creek que descia da colina seria (parcialmente) desviada para entrar na piscina (por represa e tubagens colocadas algures onde está a seta branca a que se seguia um filtro) saindo depois dela pelo lado oposto talvez por onde marquei o círculo branco. Essa água devia a partir daí ser canalizada de volta ao riacho que seguiria à esquerda da casa (se vista nesta posição) e que continuava a descer para o fundo da FOTO 5 encaminhando-se para o rio De Kaap que corre no vale para norte. Inicialmente a piscina era para lavar de facto os clientes, a maioria dos quais eram mineiros que não tinha instalações sanitárias onde habitavam e daí ser essencial que funcionasse com água corrente. Algum tempo depois foi acrescentada água quente aos chuveiros do balneário.
Pode ver-se o balneário ao fundo na primeira foto do pdf  a qual foi tirada ao nível do solo mas é difícil compreender como ela se enquadraria nas FOTOS 4 ou 5 pois nestas aparecem colunas estreitas a suportar a cobertura que são diferentes das largas que se viam nessa foto.
Temos outra foto antiga com o hotel visto a média distância (como as de cima do FB Barberton Bliss) tirada por Thomas Lee certamente quando não imaginaria que viria a ser seu proprietário mais tarde.

FOTO 6
Sheba Road a curvar antes de entrar em Barberton aparecendo à sua esquerda
 = sul / sudeste o Fountain Hotel no vale do Rose's Creek
Podemos ver em tempos antigos as construções do hotel e balneário do partir do cimo da grande colina a leste de Barberton em duas fotos, localizando-o seguindo a indicação do Museu de Barberton no acima referido pdf:

FOTOS 7 e 8
Branco: Fountain Baths, piscina e hotel
Verde claro: Pilgrim Street
Laranja claro: Crown Street

Laranja normal: Sheba Road entrando na zona baixa de Barberton
Preto: praça do mercado, parte inferior
Rosa: praça do mercado, parte superior quando existia ainda
Roxo: restaurante e depois o edifício das colunas de Cockney Liz
Verde: árvore frente a eles
Castanho escuro: edifício Lewis & Marks / Bank of Africa
Castanho claro: edifício do "Barclays Bank"
Carmesim: segundo edifício da bolsa de valores
O Fountain (Baths) Hotel foi vendido por Emily e Thomas Lee provávelmente em 1922 e se Emily tivesse 20 anos de idade em 1866 quando se casou pela primeira vez e foi viver para LM, teria nessa altura uns 76 anos e ter-se-á reformado e provávelmente terá falecido não muito tempo depois. Daqui também se pode estimar que em 1886 quando Emily era a patroa e acampanhava ao piano Cockney Liz no bar teria uns 40 anos de idade.
Não sei se Emily e Thomas Lee quando tinham o Hotel viviam lá e/ou se mantinham a sua Fernlea House mas no googlemaps podemos ver que ficavam perto um do outro. Aqui vê-se o Fountain Baths Hotel em cima da imagem (a norte) e do lado a sudoeste da mesma colina, na parte na sombra, estava a casa. Pode-se seguir esse caminho no google streetview começando na Sheba Road ao lado do hotel, passando uns metros abaixo sobre o Rose's Creek, desviando dela para a Crown Street, passando em frente ao Museu que está no sopé da colina, seguindo pela Pilgrim St., depois continuando a seguir o "Heritage Walk" (vira-se aqui para a Adock), depois passando pela esquerda da igreja na Judge Street, entrando no fim desta na Lee Street / Road e continuando a subir por ela no vale verdejante do Rimer's Creek até se ver a Fernlea House à esquerda. 

FOTO 9
Fernlea House de madeira e ferro (zincado) antes da reabilitação recente
Essa zona alta do centro de Barberton que se pode percorrer parcialmente com o Google Streetview está bem preservada e há mais casas que pertencem ao Museu de Barberton e outras independentes e também bonitas, por exemplo esta um pouco para o lado da Lee, na Bowes St. Pode também ver-se aqui no google streetview o ponto junto ao Rimer's Creek onde onde foi descoberto o primeiro ouro no local que se veio a chamar Barberton e que fica nesse caminho em frente ao museu (antiga moageira?).
Pudemos ver assim fotos do edifício e do jardim que o rodeia bem como da colina que sobe por trás dele e imaginar o tempo em que os mineiros se vieram refrescar nos "banhos" e como o hotel se foi depois desenvolvendo.
Texto no Barberton in bliss em parte sumarizado em cima
"Fountain Hotel & Baths, as it was back in the 1880s, was famous for having the first public swimming pool in the old Transvaal. It was fed by the clear water of Rose’s Creek and was a boon to the gold diggers, many of whom lived in tents and grubbed around in the dirt much of the day, hoping to find enough gold to make their fortunes.
“˜When the diggers needed a bath, this was the place to come in 1884,’ says Sue Hicks, present owner of what is now called Fountain Baths Guest Cottages in Pilgrim Street.
Rose’s Creek trickled down the mountain and through a filter into the pool, then back into the stream. There were also six private baths, of brick in cement, with the added luxury of hot water.
On its centenary, The Lowvelder of 8 Jan 1985 reported that Fountain Baths Hotel was built by a Mr Hillary in 1884, long before it was necessary to have plans drawn and approved. The original owner was Mr JW Rose, after whom Rose’s Creek was named. He died of malaria in 1890 and was buried in Barberton cemetery.
An old advertisement for Fountain Hotel and Baths, which appeared in De Kaap Annual in 1896, remains pretty much true today. It read:
“˜The Hotel. – Situated within two minutes of the Market Square, is pleasantly placed, embowered in trees and with charming surroundings, and commodious verandahs. The whole establishment has been redecorated and put in excellent order. Every attention is paid to the comfort of guests, and the cooking is in good hands, cleanliness being a prominent consideration.’
“˜The Baths having undergone considerable repairs are now in thorough order. Hot and cold baths at a moment’s notice, and the swimming bath open from 5am to 7pm.’
“˜The Gardens. – One of the features of the Fountain is the garden “¦ seated in comfortable loungers, the visitor can sip his light wine, quaff the beer of the Fatherland, or imbibe a homely brew of tea.’....
The hotel was taken over by Mr and Mrs Thomas Lee in 1908, who renovated the swimming pool and set aside Wednesday afternoons for the use of ladies (no mixed bathing was allowed in those days). According to Eric WG Howard in Nostalgia for Barberton’, the pool was 15 metres by five metres, and 165 centimetres at the deep end.
The original pool was filled in by a subsequent owner, but today a modern pool has been built on the same spot. The luxurious room I stayed in was once the laundry."

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