Continuo os artigos sobre a missão católica portuguesa de S. Jerónimo em Magude, localidade no norte do distrito de Lourenço Marques, actual província de Maputo, com fotos da publicação de Maria Isabel Roque intitulada "Património de influência missionária portuguesa" originalmente de 2003 e disponível em slideshare aqui e do relatório sobre o ano de 1927 na missão escrito pelo Padre Alfredo Correia Lima no Portugal Missionário de Maio de 1928.
Internato feminino da missão, completo em cima e em construção em baixo |
Um novo equipamento que presumo estivesse em instalação, em 1924:
Legenda original: Caldeira e bomba para irrigação em 1924 |
Pelo que se observa, tratava-se duma caldeira usando carvão e que geraria vapor para uma máquina de bombagem de água. A caldeira é o cilindro preto gerando vapor que accionaria a bomba que devia estar para o lado de lá. Como se vê em torno dessas máquinas já instaladas construía-se o edificio para as albergar.
Podemos contextualizar um pouco as imagens de cima porque no mencionado relatório o Padre Lima informa que se tinha reedificado com maiores dimensões, de 20,55 X 5,96 metros, a casa da máquina e caldeira na quinta agrícola da missão pelo que se pode deduzir que a referida máquina seria a bomba para irrigação dos campos. Informava-se aí também que o governador-geral José Cabral (no cargo de Novembro de 1926 a Abril de 1938 - wikipedia) tinha visitado a missão em 1927 e atribuído Esc. 100.000$00, para compra de uma máquina, caldeira e instalação de água. Dá então ideia que em 1924 se tinha instalado um primeiro equipamento de bombagem e que em 1927 se tinha instalado outro pelo que o edifício desta foto teve de ser amplado poucos anos depois mas ...
O mesmo relatório refere-se também ao edifício para internato de raparigas dizendo que "os trabalhos de construção" iriam ser incrementados com outro subsídio de 100 000$00 do governo, pelo que somos levados a crer que segunda foto deste artigo seria de por volta de 1927.
Mais duas fotos da publicação "Património de influência missionária portuguesa em Moçambique" de instalações e equipamentos nessa missão:
Depósito de água na Missão de Magude |
E uma escola que talvez fosse fora da missão mas seria gerida por ela:
Escola (satélite?) da missão católica de Magude |
No próximo artigo concluiremos o tema falando de mais instalações e equipamentos da missão de Magude - série completa aqui.
NB: sobre a actividade agrícola na missão e tendo como pano de fundo as dificuldades orçamentais escrevia, com tanta vivacidade que podia ser actual, o Padre Lima:
"O presente ano agrícola foi o pior que temos tido; foi péssimo, porque as sementeiras se perderam totalmente, por falta de chuvas. Mas, perguntará, talvez, alguém e com certa razão: Para que serve a caldeira e bomba de seis polegadas que a missão possue e já tem montada e a funcionar? Por que se não aproveita para o fim para que foi oferecida á missão? Aproveita-se, sim, mas em tam pequena extensão de terreno, que pouco mais é do que o ocupado pelo pomar.
Mas porque se não irriga todo, ou a maior parte, do terreno já desbravado e agricultado? Por uma razão muito simples: porque não ha dinheiro para o preparar para ser irrigado. Sim, porque, há quatro anos, os vinte hectares, hoje agricultados, eram mata fechada, de arvores gigantescas, e foi neste curto espaço de tempo que, com o auxilio pecuniário, que se fez o que está feito. É pouco?
É, para o que se deseja, mas é já muito pelo esforço e sacrifícios que representa. Quando estará preparado todo o terreno, para poder ser irrigado? Só Deus o sabe."Mas porque se não irriga todo, ou a maior parte, do terreno já desbravado e agricultado? Por uma razão muito simples: porque não ha dinheiro para o preparar para ser irrigado. Sim, porque, há quatro anos, os vinte hectares, hoje agricultados, eram mata fechada, de arvores gigantescas, e foi neste curto espaço de tempo que, com o auxilio pecuniário, que se fez o que está feito. É pouco?
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