Formação da Praça 7 de Março no seu lado Sul cerca de 1890, LM

Na mensagem fizemos o "levantamento topográfico" da zona entre a Alfândega e o Cais da Alfândega cerca de 1890.
Continuando a usar as fotos que Manuel Romão Pereira (M.R.P.) tirou em L.M. entre 1889 e 1891 vamos agora compreender o que se passava a nascente = leste daí. Cobriremos então o terreno desde o edifício do actual Ministério do Comércio e Indústria até à fortaleza e da Praça 7 de Março até a margem do estuário. 
As diversas fotos de M.R.P. podem não ter sido tiradas exactamente nos mesmos dias pois ele esteve em Moçambique 3 anos. Como a zona estava em construção isso pode originar alguma confusão mas como o HoM não é feito para fonte de doutoramentos em História não é grave. 
Noto que esta época de 1890 era tudo menos pacífica. Foi em 1894 que L.M. foi cercada e em 1895 que aconteceram as batalhas decisivas entre os rebeldes de Gaza e as tropas portuguesas -  ver extracto da wikipédia ao fundo e ver artigo.
Lembro também que o Caminho de Ferro para a África do Sul (Pretória) começou a funcionar em 1895 data em que também L.M foi elevada a cidade, e L.M. só passou a ser a capital de Moçambique em 1898. 

Desembarque do Comissário Régio António Enes em L.M. em 1894
Vamos ver que esta gravura não foi (totalmente) inventada
Levantamento topográfico indicativo HoM do existente e em construção 
por volta de 1890 no lado sul da Praça 7 de Março
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Neste artigo mostro seis fotos de MRP tiradas entre 1889 e 1891 e que têm legendas bastante informativas. Os pontos importantes a reparar nas FOTOS e no esquema HoM em cima (onde marco onde e como cada uma das fotos foi tirada, da Foto A à F) são o gasómetro que ficaria onde é agora o jardim em frente ao edifício do Ministério do Comércio e Indústria, o edifício e o barracão da Alfândega já vistos noutra mensagem, o edifício do Quartel do Batalhão número 4 e a parte poente/sul da fortaleza que mais ou menos é a única peça deste conjunto aqui fotografado que ainda sobrevive no sobresolo.


Clique nas fotos para aumentar.
FOTO A - praça e gasómetro
laranja: catedral antiga muito ao fundo
verde: palmeira, vê-la na FOTO C

FOTO B - alfândega, jardim 7 de março e gasómetro
castanho escuro. primeiro coberto da Alfândega, visto para SW

FOTO C - praça, gasómetro, muralha nova do caes [cais], paredão (molhe) e boias
vermelho: quartel
verde: mesma palmeira da FOTO A

FOTO D - quartel do batalhão n.º 4 e parte do caes [cais] em obras
 e revestimento do paredão até à Alfândega.
carmesim: lado virado a oeste da Fortaleza
cinzento: cabine junto à muralha face ao estuário
azul: mastro dos sinais

Esta foto D deixa a dúvida sobre que é o muro à direita: dá ideia de que quando a maré estava cheia usava-se o acesso à esquerda (onde está a "lona") como cais de desembarque e quando a maré estava vazia ficava este espaço em frente seco e desembarcava-se aí. Por isso no esquema marco esta linha a preto mais fino.

FOTO E - vista para o lado do quartel (nascente=leste)
preto: limites superior e inferior duma muralha face ò estuário


FOTO F - vista para o lado do barracão (coberto), para poente=oeste
Nesta foto consegue-se ver a extensão do molhe da FOTO C para o estuário

Apesar de terem sido tiradas na maré vazia conclui-se que as fotos D e E de M.R.P. dão a mesma vista dos edifícios junto à fortaleza que a gravura.  
Voltarei ao assunto da evolução desta zona noutras mensagens.

HISTÓRIA destes anos 1890 (das fotos de M.R.P. de 1889 a 1891 e da gravura de 1894)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_de_Mo%C3%A7ambique
Em 1892, o governo de Lisboa enviou a Moçambique António Enes como Comissário Régio, para avaliar as condições económicas da Província e, no mesmo ano, os portugueses conseguiram realizar uma cobrança maciça do imposto, ameaçando os indígenas de verem as suas palhotas queimadas, se não pagassem.
Em 1891, Gungunhana assinou com Cecil Rhodes um acordo relativo a direitos sobre a exploração de minério nas suas terras, a favor da Companhia Britânica Sul-Africana, a troco dum pagamento anual de cerca de 500 libras. Tornava-se claro para os portugueses que só uma acção militar poderia forçar o estabelecimento da autoridade colonial na região. Esta acção, conhecida na altura como "Campanha de Pacificação", foi despoletada pela recusa de Mahazula Magaia, um chefe tradicional da região de Marracuene, em aceitar a decisão do Comissário Residente sobre uma disputa de terras. A questão chegou a vias de facto, quando a guarnição militar portuguesa foi forçada a fugir para Lourenço Marques, perseguida pelos exércitos de Magaia, Zihlahla e Moamba, que cercaram a cidade entre Outubro e Novembro de 1894.
António Enes organizou as suas tropas e, no dia 2 de Fevereiro de 1895, perseguiu e derrotou (embora com dificuldade e pesadas baixas) os atacantes em Marracuene. ... Os chefes rebeldes refugiaram-se em Gaza, sob a protecção de Gungunhana. Depois de várias tentativas de negociações com o rei de Gaza, pedindo a extradição daqueles chefes, os portugueses resolveram atacar de novo. A 8 de Setembro, travou-se a batalha de Magul, onde se encontrava Zihlahla e, a 7 de Novembro, uma outra coluna proveniente de Inhambane defrontou-se com o exército de Gungunhana em Coolela, perto da sua capital. Em Dezembro de 1895, Mousinho de Albuquerque cercou Chaimite e prendeu o imperador, que ali se tinha refugiado, mandando-o depois para os Açores, onde veio a morrer.

O exército de Gungunhana continuou a resistir à autoridade colonial, sob a liderança de Maguiguane Cossa, que só foi derrotado a 21 de Julho de 1897, em Macontene (a 10 km do Chibuto). Com esta vitória, a autoridade colonial foi finalmente estabelecida no sul de Moçambique.

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