Este é um prédio com seis apartamentos e três lojas dos anos 50 na actual Avenida Lenine, antiga Augusto de Castilho e Elias Garcia na zona do antigo Pavilhão do Malhangalene e da Igreja Nova. Em frente fica a actual Av. Tung, antiga Massano de Amorim. Ao centro temos o corpo de escadas e a metade à direita do prédio (para quem vê) era propriedade do meu avô Alípio Moreira e por isso é especial nestas publicações.
Ao centro do prédio é entrada e a escada. |
Uma das lojas era dos Correios. A outra era de artigos para casa. Na ponta norte era a entrada dos carros para as traseiras, agora ocupada.
A carrinha Fargo do meu avô que era cor de tijolo estava estacionada à frente do prédio.
Do ponto de vista material, fala-se muito dos refugiados palestinianos que umas 4 gerações depois de sairem das suas casas ainda guardam as suas chaves e também dos judeus de há centenas de anos atrás que foram expulsos da península Ibérica e que fizeram o mesmo.
Dos refugiados portugueses de África no período subsequente ao golpe de estado militar 25 de Abril fala-se muito menos e na maior parte das vez o tom não é tão compreensivo. Ora estes refugiados portugueses na maior parte das vezes a única coisa que puderam trazer consigo foi as memórias dos bens que tinham conseguido com os trabalhos das suas vidas em África. Como os tempos eram outros podem ter guardado e trazido alguns documentos e papéis relacionados que agora parecem incongruentes (por exemplo as facturas e recibos das obras que mandaram fazer) e neste caso sobrou à nossa família a foto de cima. Mas em muitos outros casos nem isso ficou dado que mesmo esse tipo de recordações foi confiscado pelos novos poderes ou perdeu-se no chamado "turbilhão da História" que mais não é do que uma metáfora benigna para a maldade dos homens.
O prédio faz parte do mesmo bloco que o prédio do Dafni que vai até à esquina com a actual Av. Ngouabi. A loja encostada à loja mais para norte prédio do Dafni, era a sapataria do Sr. Adrião pai (antigo guarda redes de hóquei em patins do Futebol Benfica e depois treinador e grande impulsionador da modalidade em Moçambique). O filho Fernando Adrião foi na época considerado o melhor jogador de hóquei em patins do mundo e foi internacional por Portugal e depois por Moçambique independente.
Hóquei em patins em 1958. Foto do site de Francisco Velasco. |
Em cima é a Selecção de Moçambique vencedora do Torneio de Montreux (Suíça) a representar Portugal. Fernando Adrião era o quarto a contar da esquerda em pé e Francisco Velasco era o hóquista mais alto ao lado de Fernando Adrião.
Recentemente, o prédio ao fundo visto do passeio do lado sul da Av. Tung, último quarteirão |
Como é bem evidente a zona que antes era de classe média está agora terceiro-mundizada.
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