Segunda casa de ferro (de dois pisos) na Baixa de Lourenço Marques (1/2)

FOTO 1 dita de 1895 mas ...
Numa das faixas da actual Av. Samora, antiga D. Luís e Aguiar

Para nos localizarmos rápidamente ao fundo da foto completa na elevação é onde está agora o edifício do Município. Vêm-se máquinas (um cilindro de máquina a vapor à esquerda) e pessoal da construção do pavimento da avenida, possívelmente macadamização (ver mais aqui sobre a construção das avenidas na zona). Do lado direito está o que parece ser uma casa de ferro de dois pisos e telhado de duas águas. Pode diferenciar-se uma casa de ferro duma de madeira e zinco pois nesta as chapas normalmente seriam onduladas e simplesmente pregadas a uma estrutura de madeira feita no local e que ficava escondida enquanto que as casas de ferro são pré-fabricadas, quer dizer a sua estrutura vem feita de fábrica e fica visível a junção entre os paineis metálicos que têm um desenho próprio de cada fabricante (também acho que nunca vi casas de madeira e zinco com mais de um piso). 
Para a FOTO 1 o fotógrafo estava de costas para a actual Av 25 de Setembro, que fica perpendicular a esta actual Av. Samora da foto mas próximo dela. Via-se a construção da avenida (Aguiar na altura) e a casa devia ser recente. 
A Casa de Ferro de três pisos ainda agora existente é de 1892 por isso a que vemos aqui devia ser da mesma época. Aqui eram antigos terrenos do pântano e isto passava-se cerca de 5 anos depois de se ter começado a construir a actual Av 25 de Setembro nas proximidades  (ver aí principalmente a FOTO 4 de 1892). 

FOTO 2
Mesma casa à esquerda, vista a partir da posição actual do cinema Gil Vicente

Vê-se aí a casa de ferro dos dois pisos também na esquina da actual Av. Machel, antiga D. Luís com a actual Manganhela, antiga Álvares Cabral. Noto que o prédio térreo com porta ao centro e duas janelas de cada lado que se vê mais para o centro e para o fundo da FOTO 2 ficava na actual Av. 25 de Setembro, antiga Av. da República onde tinha inicialmente sido o limite norte da cidade. Neste artigo esse prédio térreo era o das Obras Públicas marcado a verde.
Em baixo uma foto quase igual à de cima mas ainda mais fluída e deve ser quase da mesma data. Foi postal enviado em 1901 pelo que a imagem será no máximo desse ano:


FOTO 3
Castanho escuro: casa de ferro de dois pisos
Castanho claro: Av. Álvares Cabral
Roxo: vedações no terreno do futuro prédio Pott
Laranja claro: Av. Aguiar
Verde claro: Av. D. Carlos, depois da República, actual 25 de Setembro
Verde médio: Obras Públicas
Azul: farmácia na Rua da Fonte
Rosa: segundo coberto da Alfândega ao fundo da Praça 7 de Março

Estas duas últimas fotos acima foram certamente tiradas do prédio na esquina "laranja" de que falámos aqui. 
Mais outra foto da mesma casa. Embora ao fundo haja muito mais árvores que nas fotos de cima vê-se na casa o mesmo desenho de estrutura ao alto da fachada lateral e a cobertura da varanda pelo menos em duas das fachadas.


FOTO 4
Há carris na avenida Aguiar que viam ser os do carro eleéctrico de 1904

Com a FOTO 5, uma vista da Baixa para nordeste sobre o jardim botânico e com data bastante posterior a 1895, conseguimos ver melhor onde se localizava esta casa de ferro na actual Avenida Samora.

FOTO 5 anterior a 1936 (birds eye view)
Vermelho: esquina a noroeste desta casa de ferro,
reconhecivel pelos dois telhados juntos como na FOTO 1.
Verde: entrada a SW do jardim na esquina das actuais Avs. Samora e Manganhela

Vamos agora ver que o lado sul desta casa de ferro já tinha aparecido no HoM numa foto da actual Av. Samora mas tinha aí passado despercebida .

FOTO 6 de 1929
Vermelho: lado sul da casa de ferro reconhecivel pelos dois telhados juntos.
Tinha o escritório de suponho Gomes Costa, talvez um médico ou advogado

Vê-se na FOTO 6 que o prédio da Pastelaria Aziz foi construído muito mais para a frente do que esta casa de ferro, pelo que parece que houve nesta zona uma certa hesitação no planeamento até se ter assentado no que existe ainda agora.

FOTO 7, recente
Onde esteve a casa foi construído Prédio S. Jorge, entre os anos 30 e 40

À direita da FOTO 7 vê-se a Pastelaria Aziz com as colunas pintadas de laranja e que fica quase encostada para a direita ao prédio S. Jorge como na FOTO 6 de 1929.
Na FOTO 8 vê-se a Av Manganhela para o fundo = nascente (leste) com o jardim botânico do lado esquerdo.

FOTO 8, recente
Prédio S. Jorge que se vê do lado direito, 
na esquina onde esteve a casa de ferro

Conclusão: existiu uma segunda casa de ferro em Lourenço Marques, actual Maputo até aos anos 30 ou 40 do século XX (20) localizada onde passou a ser o Prédio S. Jorge. Foi depois demolida / desmantelada e nunca mais se ouviu falar dela (eu, pelo menos).

Comentários

Unknown disse…
You do not mention the origin of this house. Is it coming from Europ? From which country? Who was the fabricator? Is it the same system as the governor's house?
Rogério Gens disse…
Hello: First it is an hypothesis to be an iron house and I've made that clearer on the text now. It is based on what I see in the pictures, I never saw it mentioned before. Second, I know nothing about iron houses so even if confirmed this was one, I'm not able to answer your questions, sorry. Best regards.