Agência Mercantil no Prédio Lusitana e a família Gameiro.

Revisitamos nesta mensagem o prédio Lusitana que tinha lojas comerciais no rés do chão entre a esquina com a actual Av. Manganhela e o bar do Teatro Gil Vicente.
Prédio Lusitana nos anos 60

O Prédio Lusitana fica na esquina das antigas avenidas D. Luis (actual Machel) subindo para a Câmara
e Álvares Cabral (actual Manganhela) passando esta em direcção à antiga Av. Manuel de Arriaga, actual Marx.
Vê.se a gora o prédio a partir de ponto mais alto na Av. D. Luís:
Prédio Lusitana abaixo do Cine Teatro Gil Vicente e do seu Bar.

Segue-se o prédio visto dum ângulo entre os dois mostrados nas duas fotos anteriores e certamente entre os anos 50 e 60:

FOTO de Fotold.com
À esquerda Prédio Lusitana na fachada virada para a ex Av. D. Luis, actual Machel

Nas lojas da fachada do prédio no Rés do Chão esteve instaladas a firma Agência Mercantil como se vê a seguir em foto talvez dos anos 60:
Agência Mercantil nessas lojas: foto de delagoabay

A propósito da Agência Mercantil e das pessoas que fizeram a Cidade de Lourenço Marquesneste artigo transcrevo do blog lmcafe as memórias da sua família e a sentida homenagem de Walter D. Gameiro ao pai que foi sócio dessa importante firma (texto com ligeiras adaptações):
"O meu pai teve uma vida de luta dura desde que saira de Riachos em Portugal em 1949 para ir para Lourenço Marques com um contrato de seis anos para fazer parte da equipa que fez a instalação do que viria a ser a primeira central telefónica automática de Mocambique, naquele edificio ao lado do Rádio Clube. Tinha estagiado em Liverpool para adquirir a tecnologia daquelas centrais. ... Depois comprou a quota dum senhor Hawk, um inglês que era sócio de Joaquim Pereira Soares e de Antunes da Costa na Agência Mercantil Lda. A partir dai envolveu-se de todo o coração para fazer crescer a firma. De uma pequena loja eléctrica chegamos aos anos 70 com mil empregados, três lojas pegadas e escritórios no Prédio Lusitana, uma loja na 24 de Julho, uma delegação em Nampula e a fábrica na Av de Angola. Tudo o que tivesse electricidade, fazia parte da empresa. Fabricávamos elevadores, quadros eléctricos para casas, fábricas e para guindastes. grelhas e condutas de ar condicionado, equipamento para sinalização de Caminhos de Ferro. Fizemos um cais de Minério Automático e um Cais de Açúcar Automático. Vendiamos electrodomésticos na loja principal, equipamento e instalação telefónica, faziamos empreitadas de electricidade em Edificios Civis e Fábricas Industriais e empreitadas para o Estado. 
Depois da independência, em 1976, o meu pai teve de abandonar precipitadamente Moçambique sob o risco de ser preso. .... Quando o fui receber à fronteira da África do Sul senti nos olhos dele que tinha pensado que naquele momento todo o fruto do trabalho de 30 anos no qual lutou como um leão para nos dar uma educação e uma vida decente tinha acabado de ser roubado. A empresa, a casa ao lado do Hotel Polana, os apartamentos que tinha para alugar na Isatex, os carros, os bens, as contas bancárias, enfim toda uma vida, tinha acabado de se esfumar naquele instante. Naquele momento do ano de 1976, aos 55 anos de idade, tinha passado num ápice de uma vida boa de trabalho a TER DE RECOMECAR TUDO DE NOVO. 
Depois partiu para Portugal onde teve de recomecar do nada outra vez. Viveria no Brasil por um ano, no Rio de Janeiro, onde comecou uma empresa de Ar Condicionado. Regressando a Portugal  entrou em sociedade numa empresa de Isolamentos Industriais, numa Construtora Civil e estava a preparar uma Fábrica de Colectores Solares. Em 1978 chamou-me para fazer parte dessa fábrica. No dia em que acabei o projecto, o meu pai tinha ido a uma obra ver como iam os trabalhos. Chegou à empresa cerca das seis da tarde onde eu o esperava com as cópias dos desenhos para a fábrica. Discutimos os detalhes e pormenores e estava de novo entusiasmado e cheio de vitalidade com as novas perspectivas que se abriam. ..... Mas nessa mesma noite faleceu. 
O meu pai foi um lutador, e na hora da despedida muitos amigos vieram despedir-se dele à sua última morada em Paço de Arcos. Um dos Engenheiros Electrotécnicos que com ele trabalhou disse-me apenas. “O seu pai foi um GRANDE HOMEM, HONREM A SUA MEMORIA”!

Comentários

Unknown disse…
Tive a honra e o privilégio de ter trabalhado nesta empresa tendo como meu chefe o Eng. Virgílio de Carvalho Afonso
Luis disse…
De facto a Agência Mercantil foi uma grande empresa. Trabalhei numa outra vizinha da fábrica da Ave. de Angola, chamada Moplás que mais tarde foi adquirida pelos donos da Lusoplasticos.
Luis disse…
De facto a Agência Nercantil foi uma grande empresa. Conheci a fábrica situada na Ave. de Angola, quando trabalhava numa outra de plásticos, chamada Moplás que mais tarde foi adquirida pelos donos da Lusoplasticos.
Mocambique disse…
Sem duvida uma das maiores impresas que ja trabalhei sim foi o meu primeiro emprego como apendiz de electricista construimos o predio mais alto de mocambique 33 andares or trabalhadores brancos e pretos nuance vi nenhum desentendimo have mestres pretos e brancos eramos todos felines pois 1974 am e a minha familia fomos obrigados a voltar a portugal meses antes os meus pais tinham vendido propriedades em braga e invistiram em Lourenco Marques porque pensavamos que iria ser o nosso futuro