Jardim botânico, actual Tunduru: estufa, no interior (39/)

Depois das fotos do exterior do pavilhão longo da estufa (aqui e aqui) passamos para o seu interior também com fotos de pouco antes e de depois da reabilitação do jardim e mais algumas dos anos 60/70. 
Começamos com foto de depois da reabilitação do site bigslam incluída em reportagem de 2017 e aqui reproduzida com os devidos agradecimentos. 

FOTO 1
Calçada à portuguesa ao longo do pavilhão longo da estufa e que foi mantida
Passamos agora para fotos de antes da reabilitação, a primeira ligando-se à FOTO 2 pois aparece nela o "púlpito" em pedra aí parciamente visto do lado direito, suponho que sul desse primeiro pavilhão da estufa. Na tese a que continuamos a recorrer com a devida vénia, Lisandra Franco de Mendonça (LFM) refere a existência de "uma fonte com cascata, um espelho e percurso de água" pelo que estou em crer que fosse desse "púlpito" que a água saía em cascata. 


FOTO 2 (wikimedia
"Púlpito" de pedra suponho no canto sudoeste do pavilhão longo em 2009
O curso de água seguiria então ao centro deste pavilhão correndo deste para o lado oposto = leste. Suponho que aqui era perto do início do pavilhão a oeste, pelo que a sua entrada vista à esquerda na FOTO 1 do artigo anterior estava aqui à esquerda um pouco à frente do banco pintado de vermelho (há ainda a entrada lateral para as costas do observador como se vê na FOTO 8)..
Caminhando para o fundo a leste e deixando o "púlpito" para trás temos uma foto que também deve ser de por volta de 2009 e que aparece num site russo valrlamov.ru, que num à parte dava uma impressão horrorosa da cidade. 

FOTO 3 
Vista do meio para o fundo a leste do pavilhão longo da estufa
A FOTO 4, também de antes da reabilitação, parece-me que mostra no exterior à esquerda o caminho principal do jardim que segue paralelo a este pavilhão longo:


FOTO 4 (skyscrapercity)
Quase ao fundo do pavilhão longo, do seu lado leste ou o da Av. Lenine
 com escadas em pedra para uma plataforma superior
Podemos ver que depois da fachada a leste deste pavilhão da estufa que nesta altura estava aberta (esta foto era no sentido oposto ao da FOTO 4 do artigo anterior como se pode ver pelo arbusto do tipo bananeira no seu interior) estava a pérgola com coluna central de que falámos aqui para a sua FOTO 1. Não se consegue ver bem na FOTO 4 mas penso que à direita da bananeira havia um pequeno lago que devia ser o "espelho de água" mencionado por LFM e presumo fosse o fim do curso de água.
Veremos a partir da tese de LFM o interior deste pavilhão antigamente usando duas fotos de 1967 do Arquivo Histórico de Moçambique, Colecção Iconográfica da Câmara Municipal de Lourenço Marques (Icons 751 e 669) e juntando-lhe uma de 2013 da autora para comparação, pois penso que são as três da mesma zona.

FOTOS 5
Pavilhão longo da estufa: zona com o curso de água à esquerda do caminho em calçada
Pelos losangos no topo da estrutura das FOTOS 5 e porque parece-me vê-los nas FOTOS 1 e 2 também do lado direito, presumo que as FOTOS 5 tenham sido tiradas para a frente (para leste) do "púlpito" pelo que o curso de água depois de sair da fonte cruzaria o caminho passando-lhe por baixo. Pelo menos nesta zona via-se para o lado direito = sul o pavilhão seguinte para sul, o qual como vimos por exemplo na planta de 1998 era mais largo mas mais curto do que o pavilhão longo. 
Tentando certificar quando se estava sob este pavilhão nas fotos anteriores à reabilitação mas sem certeza quanto aos detalhes, por exemplo a respeito do material da cobertura:

Esquema HoM para o pavilhão longo antes da reabilitação
Corte explicativo do pavilhão longo da estufa
com o lado da Av. Lenine para o fundo
Na net encontro uma única foto particular no interior da estufa dos tempos provinciais portugueses e vem do incontornável site delagoabayworld pelo que a reproduzo com a devida vénia ao site e à família Loureiro que assim contribui para a memória da cidade:

FOTO 6
Na estufa do jardim Vasco da Gama na segunda metade dos anos 60
Parece-me que similarmente às fotos anteriores e ao perfil desenhado em cima, a FOTO 6 foi tirada no pavilhão longo com o caminho principal no exterior à esquerda e divisória com os losangos no topo para o pavilhão seguinte (mais a sul), como se via nas FOTOS 5, à direita. Parece-me que o trio estaria depois da pequena ponte das FOTOS 5 antigas e depois duma abertura para a direita (parece-me também que na foto de 2013 muito dessa divisória tinha passado a estar aberta). Na FOTO 6 o curso de água passaria então a pouca distância à esquerda.
Como se pode ver na FOTO 1 em cima (e na FOTO 1 deste artigo) a cobertura foi modificada na reabilitação sendo a sua estrutura de suporte agora em forma de quase triângulo isósceles pouco levantado ao centro. Mantém-se uma parte translúcida à esquerda = norte e uma mais sombreada à direita = sul, penso que recorrendo a materiais do tipo plástico.
Noutra colecção de fotografias antigas encontro a FOTO 7 que pela estrutura de betão armado à esquerda e por exclusão de partes estimo que fosse também da estufa do jardim nos anos 50/60. Presumo que fosse foto doutro pavilhão pois no que temos visto não se observava o fosso aqui à vista nem a cobertura era esta.


FOTO 7
Fosso numa estufa que parece ser usada para viveiro - no jardim Vasco da Gama?
Para finalizar, continuando a transcrever com a devida vénia os comentários sobre a estufa de Lisandra Franco de Mendonça na tese de doutoramento escrita cerca de 2013/14 (páginas 404 e 405) no que diz repeito ao seu projecto de reabilitação (a parte sobre a constituição anterior da estufa foi mostrada no artigo anterior):
"No projecto de reabilitação estavam assinalados os pavimentos em calçada portuguesa, a manter e os lagos a recuperar. Os pilares metálicos tubulares que suportavam a cobertura serão substituídos, bem como a estrutura metálica e os revestimentos translúcidos da cobertura e o ripado de madeira das paredes exteriores. Serão alçados alguns panos de parede de alvenaria nas fachadas para substituir parte do ripado de madeira. Os desenhos detalham a arquitetura, a estrutura (vigas e pilares a reconstruir), a hidráulica (sistemas de rega e abastecimento e saída de água dos lagos) e a eletricidade. Não constava um projeto de arquitetura paisagísta (com a indicação e disposição/reposição das espécies botânicas)."
Isto sobre o que constava do projecto. Sobre o resultado da reabilitação geral do jardim que não estava finalisada ao tempo de escrita mas que já estava adiantada, LFM tinha opinião bastante negativa. No mesmo tom e particularmente sobre a estufa LFM escreveu na página 388 da tese: "A estufa, um dos elementos mais marcantes do conjunto, sofreu uma intervenção deveras invasiva, pondo-se em causa a sobrevivência dos próprios elementos botânicos existentes no seu interior, e prevendo-se a plantação de novas espécies nesse espaço. Intervenção, no geral, alheia às principais recomendações internacionais relativas a jardins históricos". Note-se que LFM parece pronunciar-se mais sobre a vegetação, um aspecto que não abordámos nestes artigos. 
A foto final mostra o extremo a oeste = poente da estufa, o que estará para as costas do que se via na FOTO 1.


FOTO 8 (skyscrapercity)
Serão as ripas de madeira convencional ou terão sido substituídas por outro material?
O efeito dos losangos foi respeitado.
No artigo seguinte falaremos sobre a estátua da estufa.

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