FOTO 0
Vista do jardim Vasco da Gama para o prédio Lusitana (African Life de 1950) ao fundo |
Precisava de ter noção mais precisa do declive precisamente desta faixa do jardim, e assumindo ela que não tem sido muito modificada, para tentar localizar a foto dos Lazarus do "cocoa nut palms" mencionada aqui de que ao princípio se desconhecia totalmente a localização mas suspeito que tenha sido daqui. Ela é a FOTO 2 mostrada em baixo e sabemos ser anterior a 1904.
As primeiras imagens dessa zona em 1886/87 mostravam o jardim a ser feito parte na encosta e parte no terreno abaixo dela, que seria ou no antigo pântano ou na sua borda. Como vimos na FOTO 0 e na FOTO 1 seguinte o jardim mantém essa faixa mais baixa que desce da base da encosta até ao passeio a norte da Av. Manganhela, antiga Álvares Cabral e que suponho não tenha sido necessário aterrar. Os mapas normalmente têm curvas de nível mas para ter mais precisão usei o Google Earth e observei o seguinte:
FOTO 1
Como está marcado, a faixa a sul do jardim tem no máximo 2 metros de declive à largura, a qual varia entre cerca de 35 metros a leste e 55 metros a oeste, e por isso o declive não é muito notório à vista. Esta noção bem como o conhecimento dos artigos anteriores (por exemplo) será importante para localizar a FOTO 2 em que se vê em primeiro plano um terreno em ligeira subida para a direita e mais para cima o declive aumenta, o que corresponde aos declives registados na FOTO 1. Para mais na FOTO 2 em primeiro plano estão canteiros que correspondiam aos da parte baixa do jardim e acima aparecem árvores e palmeiras que correspondiam ao que se via em fotos antigas da sua zona mais alta, ver FOTO 4 por exemplo em baixo. Estas correspondências são então a primeira pista para localizar a FOTO 2 como sendo na parte baixa do jardim, ou pelo menos na parte baixa da encosta em torno do jardim. Quanto a isso sabemos que para leste do jardim (seria para a direita da FOTO 2) a zona sempre foi despida de árvores, a partir daí as hipóteses seriam ou a FOTO 2 ser do jardim ou ser para oeste dele para onde a faixa arborizada do início da encosta se prolongava (cerca de 1900 e ao fundo da FOTO 1 deste artigo ela aparecia acima do cruzamento da Av. Manganhela com a actual Marx). Mas como veremos com mais precisão em baixo não me parece que a FOTO 2 seja muito afastada do local do jardim.
FOTO 2
Mancha verde: canteiros e a hipótese é de que a sua zona corresponda
à faixa sul do jardim actual
Linha vermelha: onde o declive começa a subir mais acentuadamente
e que nunca pode ter sido pântano
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Para dar uma perspectiva mais geral veremos fotos tiradas da barreira da Maxaquene para a Baixa da cidade a poente aparecendo a parte mais baixa do jardim à direita. A FOTO 3 à esquerda de 1895 é parte da já conhecida do Arquivo Histórico de Moçambique (Colecção Iconográfica da Câmara Municipal de Lourenço Marques - Icon 7). Mostra o fim da encosta com um grupo de árvores e palmeiras e a faixa quase plana a sul do jardim e penso por isso que corresponde ao que se vê na FOTO 2 à direita mas doutro ângulo. A FOTO 3 â direita é do Rijkmuseum e é semelhante.
Pode parecer difícil associar-se as FOTOS 3 à FOTO 2 dado esta aparentar ser numa zona rural, mas se atentarmos na distância vertical ao solo podemos intuir que a FOTO 2 foi tirada de cima dum edifício próximo dos canteiros. Ora as FOTOS 3 mostram armazéns nas traseiras das Obras Públicas (OP) que devem ter sido construídos cerca de 1890, que por isso existiam ao tempo da FOTO 2 e parecem compatíveis com a forma como ela foi tirada.
FOTOS 3 (de 1895 e da mesma época)
Nas FOTO 3 onde está a mancha verde de facto não consigo ver canteiros mas eles podem ter sido aí criados depois de 1895 ou eles podiam estar mais afastados do edifício das OP e escondidos pelas árvores para a direita. É também possível que em vez de estarem entre as traseiras da OP e as árvores estivessem um pouco mais para o fundo da FOTO 3, isto é mais próximo da Av. D. Luis/Aguiar, do meio para a esquina actual do jardim a sudoeste.
A FOTO 4 seguinte tal como as FOTOS 3 dá vista da Maxaquene para a Baixa a poente. Deve ser mais recente que ela pois na zona entre a encosta e a parte baixa da cidade o jardim aparece já bem arborizado, em vez da predominância de palmeiras das FOTOS 3 e também da FOTO 2.
FOTO 4
Laranja claro: terreno terraplanado
Mancha verde: onde teriam estado os canteiros da FOTO 2
Rosa: Av. Castilho, actual Lenine no limite a nascente = leste do jardim
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O terreno terraplanado na FOTO 4 indicaria que a actual Av. Manganhela devia estar já pelo menos traçada junto aos armazéns, imediatamente a norte deles. Das plantas mostradas nos artigos anteriores ficámos a saber que o jardim nunca passou abaixo do terreno que veio a ser ocupado pela actual Av. Manganhela pelo que o que se vê na FOTO 2 seria sempre da marca laranja para a direita nas FOTOS 3 e 4.
A partir desta localização geral da FOTO 2 tentemos uma mais precisa pois reparando bem nela aparece a Casa de Ferro (CdF) na sua instalação inicial que por exemplo detalhei aqui e é na foto identificável pelos telhados mais claros e que se vêm ao comprido. Neste artigo a CdF aparecia vista ao longe a partir da traseira do cinema Gil Vicente e o que aí se via está no quadro inserido em medalhão mais junto ao canto inferior esquerdo na FOTO 1. Fácilmente se conclui que se está a ver na FOTO 5 - pormenor da FOTO 2 a CdF duma posição muito semelhante à que se via do Gil Vicente pois aparecem em ambas dois telhados paralelos em duas águas estando o mais perto do lado de cá com a esquina cortada.
Com mais atenção pode-se observar que vista dos canteiros das FOTOS 2 ou 5, a face da CdF virada para a esquerda = para o estuário aparece um pouco mais de frente (ou seja menos de perfil) do que vista a partir do cinema Gil Vicente (no quadro rosa).
Marcaremos então nas plantas seguintes a linha que vai do Gil Vicente à CdF (linha preta) e a que viria da CdF para os canteiros da FOTO 1 (linha cinzenta) que seria um pouco mais para a esquerda = baixo = sul do que a primeira. Sabendo-se onde existe a transição entre terreno plano e encosta na baixa de LM que é ao longo da actual Av. Manganhela, com essas linhas e posições ficamos mais aproximadamente a conhecer a localização dos canteiros das FOTOS 2 ou 5 na cidade.
O ângulo entre as linhas cinzenta e preta não é exacto mas um pouco mais para a esquerda ou para a direita devo ter localizado os canteiros das FOTOS 2 ou 5. Como podemos ver era próximo do que tinha estimado inicialmente por foi por aí que no quarteirão a sul do do jardim existiram os armazéns das OP referidos nas FOTOS 3 e donde penso foi tirada a FOTO 2 dos Lazarus.
Os canteiros da FOTO 2 estariam assim entre a actual Av. Manganhela e o início da encosta onde estavam os coqueiros, as árvores e alguma mata. Ao fundo da FOTO 2 vê-se também umas casas que provávelmente estariam fora do jardim. Mas ficam-me certas dúvidas porque existiram por aí um ou mais lagos que não são visíveis na FOTO 2 (podiam estar afastados para os lados ou para a direita) o que pode pôr em causa esta localização. Mas também não vejo muitas alternativas para ela na cidade, tendo em conta os declives de terreno e a posição dos canteiros e das árvores e da Casa de Ferro. Outra questão é se o local fosse o jardim porque teriam decidido os Lazarus destacar na legenda da foto os coqueiros em vez do jardim mas isso ...
A partir desta localização geral da FOTO 2 tentemos uma mais precisa pois reparando bem nela aparece a Casa de Ferro (CdF) na sua instalação inicial que por exemplo detalhei aqui e é na foto identificável pelos telhados mais claros e que se vêm ao comprido. Neste artigo a CdF aparecia vista ao longe a partir da traseira do cinema Gil Vicente e o que aí se via está no quadro inserido em medalhão mais junto ao canto inferior esquerdo na FOTO 1. Fácilmente se conclui que se está a ver na FOTO 5 - pormenor da FOTO 2 a CdF duma posição muito semelhante à que se via do Gil Vicente pois aparecem em ambas dois telhados paralelos em duas águas estando o mais perto do lado de cá com a esquina cortada.
FOTO 5 - pormenor da FOTO 2 (clique para aumentar)
Marcaremos então nas plantas seguintes a linha que vai do Gil Vicente à CdF (linha preta) e a que viria da CdF para os canteiros da FOTO 1 (linha cinzenta) que seria um pouco mais para a esquerda = baixo = sul do que a primeira. Sabendo-se onde existe a transição entre terreno plano e encosta na baixa de LM que é ao longo da actual Av. Manganhela, com essas linhas e posições ficamos mais aproximadamente a conhecer a localização dos canteiros das FOTOS 2 ou 5 na cidade.
Mapas de 1903 a 1926
Os canteiros da FOTO 2 estariam assim entre a actual Av. Manganhela e o início da encosta onde estavam os coqueiros, as árvores e alguma mata. Ao fundo da FOTO 2 vê-se também umas casas que provávelmente estariam fora do jardim. Mas ficam-me certas dúvidas porque existiram por aí um ou mais lagos que não são visíveis na FOTO 2 (podiam estar afastados para os lados ou para a direita) o que pode pôr em causa esta localização. Mas também não vejo muitas alternativas para ela na cidade, tendo em conta os declives de terreno e a posição dos canteiros e das árvores e da Casa de Ferro. Outra questão é se o local fosse o jardim porque teriam decidido os Lazarus destacar na legenda da foto os coqueiros em vez do jardim mas isso ...
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