Grémio e Clube Militar da Ponta Vermelha à Carreira de Tiro

Voltamos ao tema do Grémio e Clube Militar para completar o que dissemos antes relativamente à associação e aos seus edifícos.
A foto seguinte é reproduzida do Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Portugal e mostra nos seus primeiros tempos dos anos 40 o edifício do Clube Militar. Ficava na Rua da Nevala de Lourenço Marques (LM) e é a actual sede do partido Frelimo na Av. Nkrumah de Maputo. 
Edifício modernista do Clube Militar em Lourenço Marques na Carreira de Tiro
Passamos à história do Clube Militar que radica na do Grémio Militar (GM) que segundo Alfredo Pereira de Lima (APL) no livro "Pedras que já não falam" de 1972, tinha sido fundado num edifício na Ponta Vermelha que revemos em baixo. Esse edifício chamava-se quando foi construído no início do século XX (20) "Pavilhão dos Oficiais". O GM veio assim estruturar o convívio social dos oficiais militares portugueses colocados em LM tendo-se usado o termo Grémio por razões nacionalistas para se evitar o típico "Club" dos ingleses.
Recordamos a seguir o edifício do "Pavilhão dos Oficiais" na Ponta Vermelha e que foi depois local da fundação e durante muitos anos de actividade do GM: 
"Pavilhão dos Oficiais"/Grémio Militar na manhã das solenidades 
da visita do Príncipe Real D. Luis Filipe em 1907
"Pavilhão dos Oficiais"/Grémio Militar noutra ocasião (foto de APL)
Seguem-se mais informações de APL relativas ao edifício e ao GM. Decorreu aí em 1907 o almoço em honra do Princípe Real (PR) antecedido pela festa infantil realizada entre o edifício e o farol de que vimos imagens aqui e aquiO PR foi eleito sócio honorário número 1 do GM e recebeu um diploma do seu presidente da direcção na altura o Capitão David Rodrigues. Singularmente os estatutos do GM só foram aprovados depois dessa cerimónia mas ainda em 1907. Mais tarde o GM passou a chamar-se Clube Militar mas continuando nessas instalações na Ponta Vermelha. Foi aí que em 1940 o Governador-geral General Bettencourt declarou que seriam demolidas e que nova construção seria feita. E pouco depois nasceu o edifício na Rua da Nevala da zona militar da Carreira de Tiro que vemos na primeira foto.
Na Ponta Vermelha próximo do GM esteve o "Pavilhão-Messe dos Oficiais" que depois foi chamado Sala de jantar dos oficiais (SO). Ainda segundo APL o projecto desses dois edifícios do final do século XiX (19) foi do activíssimo engenheiro militar Roma Machado e o seu empreiteiro geral foi o conceituado David de Carvalho, que foi aqui referido sobre a construção do Mercado e aqui sobre a da habitação do Dr. Ângelo Ferreira. Os dois edifícios foram assentes sobre pilares de alvenaria e tinham paredes de madeira e zinco com armação de madeira. No interior tinham um amplo hall de 3.9 m de pé direito, tecto de madeira e ferro canelado e chão em madeira de casquinha. Eram pavilhões do tipo chalé quase idênticos com a diferença do SO ter, parece-me, os pilares um pouco mais elevados de forma a conter um rés do chão onde se instalaram uma dispensa, a copa e os sanitários da sala de jantar dos oficiais.

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