Já vimos em artigo anterior que a firma Martha da Cruz & Tavares (MC & T) começou por ter uma loja de modas na Rua da Mesquita e vamos agora ver que se expandiu depois para outro estabelecimento mantendo-se todavia nos dois pelo menos durante uns anos. O segundo era também na Av 25 de Setembro mas do seu lado norte e em posição mais central na Baixa de Lourenço Marques, actual Maputo.
No Livro de Ouro de Maria Helena Bramão é indicado que juntando ao comércio de modas que suponho tenha sido o inicial a firma dispôs também de armazéns de tecidos e de máquinas e ferramentas e de uma agência de automóveis (marca PEUGEOT segundo o anúncio em baixo de 1929). Era ainda representante do Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa e da Companhia Colonial de Navegação.
A próxima imagem mostra um cortejo com carros alegóricos na antiga Avenida da República em 1939 durante a visita do Presidente Carmona a Moçambique e para o que nos interessa agora mostra dois dos referidos negócios da MC & T.
A próxima imagem mostra um cortejo com carros alegóricos na antiga Avenida da República em 1939 durante a visita do Presidente Carmona a Moçambique e para o que nos interessa agora mostra dois dos referidos negócios da MC & T.
FOTOS 1
Na marca laranja por cima deve ser "Companhia Colonial de Navegação" e Agentes por baixo pois como se verá a MC & T tinha essa actividade.
Agora essa parte da antiga Avenida da República, vista a uns 120 graus para a direita em relação à foto de cima e nos anos 50:
FOTO 2
Amarelo: traseira da loja de modas da MC & T com enorme armazém
Laranja: mesma loja da MC & T que se via na FOTO 1
Roxo: Garagem mas com nome diferente do da FOTO 1, aqui já SIMAL
Rosa: pequena construção siméltrica da "laranja" mas encostada ao Prédio Pott
Verde claro: Prédio Pott completo
|
Podemos agora ver a loja de modas da MC & T de frente numa sequência começando pelos tempos antigos e acabando nos mais recentes.
|
MC & T em tempo de esplendor |
MC & T em 2007 - aparentemente ainda aberta mas em decadência
|
MC & T em 2012 - this is the end, my friend!
|
Parte a leste a Garagem SIMAL "roxa", a loja "rosa" a seguir mais
um pequeno espaço antes da parede do prédio Pott (ver aqui outra foto em 1939)
O Prédio Pott que tem dois pisos e de de que se vê na foto de cima a fachada virada para sul está em ruínas.
Informação sobre as actividades da MC & T em 1929:
|
Anúncio no álbum de Santos Rufino |
Vemos que este anúncio para além dos chapéus não faz menção especial ao ramo das modas que nesta altura em que não havia ainda pronto a vestir seria mais de comércio de tecidos. Acho em retrospectiva isso natural porque os álbuns de Santos Rufino seriam mais para ser lidos fora de Moçambique o que levava a MC & T a previlegiar a informação sobre as suas representações. Por curiosidade das firmas parceiras da MC & T em 1929 para além dos chapéus as mais conhecidas eram de vinhos, automóveis, sabões/perfumes e as menos conhecidas de pneus (Englebert agora Uniroyal), automóveis (Minerva, construtor belga desaparecido) e conservas (Lopes, Coelho Dias, fotos).
Segue-se mais informação sobre a MC & T do Livro de Ouro de Maria Helena Bramão nos anos 60, com a sua típica visão edulcorada da realidade do "bizness":
"A Firma Martha da Cruz & Tavares, foi fundada em 1902, por Alexandre Martha da Cruz, com um pequeno estabelecimento na Rua Francisco Ferrer, hoje Rua Salazar. O nome então usado era o de Alexandre Martha da Cruz. Foi em 1912, que vindo da Metrópole, acompanhado de sua esposa, o pioneiro Francisco Tavares Duarte, foi admitido como guarda-livros da Firma, tornando-se sócio da mesma em 1915. Foi nessa altura que a Firma modificou a sua designação social para Martha da Cruz & Tavares, constituindo-se sociedade em nome colectivo.
Francisco Tavares, natural da Covilhã, alguns anos decorridos, chamou para seus colaboradores, os irmãos, Sebastião e António, que residiam no sua terra natal, chegando a Moçambique em 1928.
Alexandre Martha da Cruz, o fundador da Firma, cedeu a sua posição em 1930, ficando os irmãos Tavares como únicos propretários. Nessa época, a Firma já ocupava posição de relevo no comércio local.
Em Novembro de 1949, todo o activo e passivo da Firma passou a designar-se por Tavares (Irmãos), Lda. Firma que pertence à propriedade «Pote» e terrenos anexos (HoM: está assim confuso no original mas por outra informação deveria ser "Firma a que pertence a propriedade Pott").
Os três irmãos Tavares, desenvolveram grande actividade comercial, dispondo de um armazém de Tecidos, que abastecia a região do Sul da Província, além de possuir um estabelecimento de Modas, situado na «Baixa» laurentina, na Avenida da República — onde existe o seu grande estabelecimento de Modas — e um de Máquinas e Ferramentas, bem como uma Agência de Automóveis. São, ainda, os representantes do Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa, e há cerca de quarenta anos, os Agentes da Companhia Colonial de Navegação, em Lourenço Marques.
Os três irmãos Tavares, desenvolveram grande actividade comercial, dispondo de um armazém de Tecidos, que abastecia a região do Sul da Província, além de possuir um estabelecimento de Modas, situado na «Baixa» laurentina, na Avenida da República — onde existe o seu grande estabelecimento de Modas — e um de Máquinas e Ferramentas, bem como uma Agência de Automóveis. São, ainda, os representantes do Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa, e há cerca de quarenta anos, os Agentes da Companhia Colonial de Navegação, em Lourenço Marques.
A firma possui sólidos alicerces financeiros, fruto do seu trabalho. Constituída pelos irmãos Tavares, a Firma tem hoje como colaboradores os seus descendentes. Hoje, o irmão mais novo dos fundadores, Manuel Tavares, é também sócio, assim como um dos descendentes, Manuel Lopes Tavares.
Deve ainda, acrescentar-se, que os irmãos Tavares, foram e são mmuitíssimo trabalhadores, e sempre de atitudes modestas, prestigiando-se com a sua conduta exemplar, no cumprimento dos seus encargos comerciais. Actualmente, a Firma, continua a manter os mesmos ramos de negócios, valorizando a Província."
Comentários