Prosseguimos o artigo anterior em que falamos do surgimento do Salão Edison no primeiro quarteirão - a poente - da Rua Lapa de Lourenço Marques (LM), actual Slovo (?) de Maputo.
Vou agora refazer todos os artigos relativos a esse primeiro cinema, aos dois Teatros Gil Vicente e ao "Manuel Rodrigues" usando a informação que António Rosado publicou em 1958 no livro "Uma Obra" sobre a vida do grande empresário da exibição cinematográfica em Moçambique. Para os primeiros artigos usarei também informação dos luso-moçambicanos Alexandre Lobato e Alfredo Pereira de Lima no livro "Pedras".
Manuel Augusto Rodrigues (MR) nasceu c. de 1870 em Trás os Montes em Portugal e emigrou para LM com 27 anos. Foi primeiro empregado comercial e depois estabeleceu-se por conta própria e começou a vender jornais vindos de Portugal nessa zona lateral à Praça 7 de Março, actual 25 de Junho, o centro de convívio da cidade. Vimos informação no artigo anterior de que MR tinha tido um estabelecimento na Rua Lapa e pela primeira vez mostramo-lo na foto seguinte na esquina da Rua Lapa com a Praça 7 de Março. Note-se que se disse no artigo anterior que segundo Alexandre Lobato nessa esquina esteve o Café Beiruth por isso não sei se o estabelecimento de MR terá estado nesse local antes ou depois do Café. O que se pode dizer a partir da FOTO 1 é que estava lá em 1904 ou depois pois ao tempo dessa foto existia a linha de carro eléctrico cujo serviço se iniciou nesse ano.
Esta foto é então uma vista para poente a partir do topo norte da Praça 7 de Março, actual 25 de Setembro:
Vou agora refazer todos os artigos relativos a esse primeiro cinema, aos dois Teatros Gil Vicente e ao "Manuel Rodrigues" usando a informação que António Rosado publicou em 1958 no livro "Uma Obra" sobre a vida do grande empresário da exibição cinematográfica em Moçambique. Para os primeiros artigos usarei também informação dos luso-moçambicanos Alexandre Lobato e Alfredo Pereira de Lima no livro "Pedras".
Manuel Augusto Rodrigues (MR) nasceu c. de 1870 em Trás os Montes em Portugal e emigrou para LM com 27 anos. Foi primeiro empregado comercial e depois estabeleceu-se por conta própria e começou a vender jornais vindos de Portugal nessa zona lateral à Praça 7 de Março, actual 25 de Junho, o centro de convívio da cidade. Vimos informação no artigo anterior de que MR tinha tido um estabelecimento na Rua Lapa e pela primeira vez mostramo-lo na foto seguinte na esquina da Rua Lapa com a Praça 7 de Março. Note-se que se disse no artigo anterior que segundo Alexandre Lobato nessa esquina esteve o Café Beiruth por isso não sei se o estabelecimento de MR terá estado nesse local antes ou depois do Café. O que se pode dizer a partir da FOTO 1 é que estava lá em 1904 ou depois pois ao tempo dessa foto existia a linha de carro eléctrico cujo serviço se iniciou nesse ano.
Esta foto é então uma vista para poente a partir do topo norte da Praça 7 de Março, actual 25 de Setembro:
FOTO 1
à esquerda: estabelecimento comercial de Manuel Augusto Rodrigues (MR) onde está agora a Papelaria Académica do prédio Fonte Azul |
Segundo Alfredo Pereira de Lima (APL) o primeiro local de exibição de filmes em Lourenço Marques foi o Cinematógrafo de Onofre. A sua inauguração deve ter sido pouco antes de 31 de Novembro de 1907 pois nessa data informava-se que tinham lá sido instaladas ventoinhas mas APL não é muito claro. Manuel Rodrigues com um sócio de nome Catena decidiu aventurar-se na exibição cinematográfica e em 21 de Dezembro desse ano de 1907 inaugura o seu Salão Edison na presença do Governador-Geral de Moçambique Freire de Andrade. Os filmes exibidos eram da Casa Pathé de Paris, a grande impulsionadora da nova indústria a nivel mundial e que era também a fornecedora de fitas para Onofre. Para além do cinema realizavam-se no Salão Onofre espectáculos dramáticos e musicais e dele recordamos a foto do artigo anterior e que parece ser a sua única capaz:
FOTO 2
Salão Edison de MR na Rua Lapa em prédio abarracado com respiro.
Bilheteira com um cartaz cinematográfico por baixo
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APL cita uma notícia do jornal "O Futuro" de 5 de Dezembro de 1907 que dizia que para além dos dois mencionados que "no Café Paris ia começar a funcionar um outro cinematógrapho, que constava que um conhecido fotógrafo iria por brevemente outro aparelho a funcionar e seria a 11 de Janeiro de 1908 no Theatro Primeiro de Janeiro a sessão de experiência e que parecia que mais dois conhecidos comerciantes iriam inaugurar outro". Neste cenário de cinco/seis cinemas previstos para LM muito apropriadamente o jornal terminava exclamando que era "Uma chuva deles”. Não sabemos o que se passou com todos estes casos mas o pioneiro (por menos de um mês) Cinematográfo fechou talvez em 1908 por falta de condições da sua instalação e pela aparente pouca habilidade do proprietário José Onofre - um construtor civil - nesse ramo. O Salão Edison de MR deve então ter estado sem pelo menos forte concorrência durante uns anos mas em Outubro de 1912 a situação mudou pois Pietro Buffa Buccellato - outro construtor - inaugurou o Teatro Varietá, sala que em 1910 tinha sido aberta como rinque de patinagem.
Como o Salão Edison era uma adaptação de edifício existente com características técnicas e comodidade limitadas para os espectadores e dado o potencial do novo negócio, Manuel Rodrigues decidiu (do seu sócio inicial Catena não ouço falar mais) por essa altura erguer no local do Edison (por isso continuando próximo do seu estabelecimento comercial) uma sala de espectáculos de raíz. O seu nome foi sugerido num abaixo assinado de intelectuais locais de forma a haver um nome português num dos teatros de LM e por Gil Vicente ter sido o maior dramaturgo português do passado e o "iniciador do teatro moderno na Europa". Aceite a sugestão, o primeiro Teatro Gil Vicente de MR foi inaugurado em Setembro de 1913 com boas comodidades para os espectadores como balcão suspenso sobre a plateia e galeria por cima. A sua lotação era de cerca de 800 lugares (ou seria 1 000?), sendo 238 poltronas, 303 cadeiras e 132 no balcão e galeria e tinha ainda 4 camarotes.
Como o Salão Edison era uma adaptação de edifício existente com características técnicas e comodidade limitadas para os espectadores e dado o potencial do novo negócio, Manuel Rodrigues decidiu (do seu sócio inicial Catena não ouço falar mais) por essa altura erguer no local do Edison (por isso continuando próximo do seu estabelecimento comercial) uma sala de espectáculos de raíz. O seu nome foi sugerido num abaixo assinado de intelectuais locais de forma a haver um nome português num dos teatros de LM e por Gil Vicente ter sido o maior dramaturgo português do passado e o "iniciador do teatro moderno na Europa". Aceite a sugestão, o primeiro Teatro Gil Vicente de MR foi inaugurado em Setembro de 1913 com boas comodidades para os espectadores como balcão suspenso sobre a plateia e galeria por cima. A sua lotação era de cerca de 800 lugares (ou seria 1 000?), sendo 238 poltronas, 303 cadeiras e 132 no balcão e galeria e tinha ainda 4 camarotes.
Lançamos aqui duas imagens reproduzidas do livro "Uma Obra" de António Rosado e publicado em 1958:
FOTO 3
Dia de inauguração do primeiro Teatro Gil Vicente na Rua Lapa no quarteirão do actual prédio Fonte Azul |
Passando para o interior do primeiro Teatro Gil Vicente:
FOTO 4
Um espectáculo com crianças no primeiro Teatro Gil Vicente |
Podemos recordar a Baixa de LM com o primeiro Teatro Gil Vicente da Rua Lapa visto ao longe. É uma foto de Santos Rufino de cerca de 1929 tirada a partir da actual Av. Samora, antiga Aguiar e D. Luis dum ponto um pouco para sul do cruzamento com Av. Manganhela, antiga Álvares Cabral.
FOTO 5
Seta vermelha: primeiro Teatro GV notando-se o telhado da plateia bastante mais elevado que o edifício da fachada e entrada |
No próximo artigo desta série continuaremos a falar do primeiro Teatro Gil Vicente do empresário Manuel Augusto Rodrigues.
Ver mais alguma informação sobre os primeiros anos de cinema em Moçambique no livro "Cinemas em Português. Moçambique. Auto e Heteroperceções" de Jorge Seabra.
Ver mais alguma informação sobre os primeiros anos de cinema em Moçambique no livro "Cinemas em Português. Moçambique. Auto e Heteroperceções" de Jorge Seabra.
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