Comandante Augusto Cardoso em Moçambique - biografia e suas construções (3/3)

Continuamos o artigo anterior baseado no caderno que Hélèna Lefebvre-Vilardebó publicou em 2008 - descarregar daqui - sobre o seu avô Augusto de Melo Pinto Cardoso (1859-1930), conhecido em Portugal e Moçambique como Comandante Cardoso.
Como dissemos aí, cerca de 1913 Cardoso construíu uma casa moderna em Lourenço Marques (LM), actual Maputo (não sei o que lhe terá acontecido depois). Vimos nas fotos antigas que a casa tinha um volume no terraço que se fica agora a saber era o escritório e atelier de Cardoso e na foto seguinte mostra-se a escadaria interior que subia do rés-do-chão para lá:
Pinturas de Cardoso decorando as paredes e escadaria para o seu escritório no terraço
Como vimos na primeira foto do primeiro artigo a primeira casa de Cardoso em LM tinha uma cabine separada e elevada que associei às suas funções no porto, mas pelo que se vê na foto de cima e a neta descreve no texto ele apreciava certo isolamento.
Em 1917, Suzanne, a filha de Cardoso e Marie, contrai matrimónio em Moçambique com Ricardo Braamcamp Vilardebo, jovem português de antiga família aristocrática e que não sei se era caçador profissional. O casal vai primeiro viver para o mato a norte da cidade da Beira e a filha primogénita Hélèna nasce em 1918. A nova família passado uns tempos vai residir na Beira e presumo que vai depois para Lourenço Marques e Cardoso tem então a oportunidade de se fotografar com a primeira neta: 
Comandante Cardoso com uns 63 anos de idade e com a primeira neta Hélèna
Em 1927 o pai de Hélèna falece num acidente e em 1928 a sua mãe, francesa pelo lado da mãe e portuguesa pelo do pai, decide ir viver para França com os filhos, estando previsto que o seu pai Comandante Cardoso se lhe juntasse mais tarde. Mas este falece em Lourenço Marques em Março de 1930 e como presumo que a sua esposa Marie Leyx tivesse falecido antes a família deve ter aí quebrado a ligação directa a Moçambique.
A última foto mostra Cardoso e os descendentes em 1928 ainda em LM pelo que ele teria aí uns 68 ou 69 anos de idade e estaria a uns 2 anos de vir a falecer. 
Augusto Cardoso em LM em 1928 com a filha Suzanne com c. de 33 anos
e os netos com Hélèna ao centro
Este é um resumo da publicação que Hélèna Lefebvre-Vilardebó achou por bem fazer com quase 90 anos de idade para deixar um traço mais pessoal dos seus antepassados (não sei se Hélèna ainda será viva, terá / teria mais de 100 anos de idade agora). Pode assim apreciar-se - sumarizado - numa plataforma diferente o que ela nos deixou sobre uma personagem fundamental da história de Moçambique. Quantos mais exemplos como este seriam possíveis se pessoas que estarão na posição de Hélèna, com espólio documental e fotográfico históricamente valioso do passado da cidade, fizessem um esforço semelhante ao dela ou ao menos o entregassem a historiadores, universidades ou museus de história? 
Neste caso o saber que o Comandante Cardoso tinha o hobby da fotografia e de que algumas das suas fotos chegaram a tempos recentes fazem-me suspirar pelo que estará ainda guardado nos arquivos da familia Vilardebó e que não tenha sido usado na publicação de Hélèna ,,.

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