Consigo agora esclarecer um assunto que tinha abordado no artigo sobre o edifício de Lourenço Marques (LM), actual Maputo onde estiveram os Tabacos George e depois a Casa Bayly e de que falei aqui e que como se viu aqui existia ainda em 1961.
No pormenor da foto dos Lazarus disponibilizada pelo ACTD consegue-se ver agora melhor que nas paredes do rés do chão estava escrito HOTEL CONTINENTAL, plelo que à inglesa as palavras seriam lidas na ordem inversa (clique na foto para aumentar)
No pormenor da foto dos Lazarus disponibilizada pelo ACTD consegue-se ver agora melhor que nas paredes do rés do chão estava escrito HOTEL CONTINENTAL, plelo que à inglesa as palavras seriam lidas na ordem inversa (clique na foto para aumentar)
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| CONTINENTAL HOTEL no início do século XX (20) num edifício de esquina no local onde está agora o Hotel Turismo |
Como referi já, a esquina de cima era formada para a esquerda pela Av. D. Carlos, depois da República e actual 25 de Setembro e para a direita pela Travessa da Porta da Linha depois integrada na Av. Manuel de Arriaga, actual Marx.
Do passado aparece no Delagoa Directory (lista dos telefones) de Bayly de 1908 uma referência a um Continental mas não é claro que fosse um hotel e esse ficaria na Rua Araújo, não na D. Carlos como o da foto.
Sobre um Hotel Continental mas não era dito em que local exacto de LM encontro uma referência escrita numas memórias que parecem ser muito interessantes e pitorescas e por isso extendo-as aqui um pouco. São de militares de que em leitura rápida percebo que deviam ser franceses (ou antigos legionários) e não sei se seriam voluntários ou mercenários, mas que aparentemente iriam lutar do lado dos boers na segunda guerra que estes travaram com os ingleses e que então estava nos primeiros meses. Isto passa-se em LM em Janeiro de 1900 e como é usual aparecem críticas estrangeiras à burocracia e "ganância oficial" portuguesa. Daqui se pode também imaginar o papel fundamental que os cônsules de países estrangeiros tinham nestes tempos para "desenrascar" os seus compatriotas e presumo que o mencionado Governador era o de Distrito (actualmente seria Província) e não o Geral de Moçambique mas ...
Sobre um Hotel Continental mas não era dito em que local exacto de LM encontro uma referência escrita numas memórias que parecem ser muito interessantes e pitorescas e por isso extendo-as aqui um pouco. São de militares de que em leitura rápida percebo que deviam ser franceses (ou antigos legionários) e não sei se seriam voluntários ou mercenários, mas que aparentemente iriam lutar do lado dos boers na segunda guerra que estes travaram com os ingleses e que então estava nos primeiros meses. Isto passa-se em LM em Janeiro de 1900 e como é usual aparecem críticas estrangeiras à burocracia e "ganância oficial" portuguesa. Daqui se pode também imaginar o papel fundamental que os cônsules de países estrangeiros tinham nestes tempos para "desenrascar" os seus compatriotas e presumo que o mencionado Governador era o de Distrito (actualmente seria Província) e não o Geral de Moçambique mas ...
Segue-se o texto original com algumas inserções do Hom:
Chapter 2:Time passed, the screw (HoM: os ponteiros do relógio) laboured round, and on January 12 we arrived at Diego Suarez. 'Passengers for Lourenço Marques change steamers!' The Gironde, also of the Messageries Maritimes, plies from Diego Suarez to Durban and vice versa. .... But the bell rings, the anchor is weighed, and we are off. If the Natal was an old 'fine steamer,' the Gironde is a very old one. She was formerly one of the swift and elegant Indian liners, but now, obsolete and worn-out, is reserved for this little auxiliary service till such time as some sudden squall shall send her to the bottom ...
At night we arrive off Lourenço Marques, where, without let or hindrance, we disembark on January 21. We order a bottle of Moet in the saloon (HoM: do navio?) to drink the health of Captain B----, whom we are leaving (HoM: ele devia continuar até Durban), and against whom we are going to fight presently. 'Your good health,' he says, 'and I trust we shan't meet later on!'. We part with a hearty shake of the hand.
At the Custom-house we easily get our artistically-concealed revolvers through, but the Customs officers fall upon the uniforms, arms and harness belonging to Colonel Gourko. They decline to pass anything, in spite of all explanations. The Colonel is obliged to go and fetch the Russian Consul and the Governor.
We take up our quarters at the Hotel Continental, which, we are told, is the best. Five of us are packed into one small room on improvised beds, where we are devoured by mosquitoes ... and this costs fourteen shillings a day!
Colonel Gourko, having recovered his baggage, joins us there, and, in his turn, invites us to dinner (HoM: no hotel ou noutro lado?). He does things in a princely fashion, and the bill must have been one that Paillard himself would have hesitated to present.
All sorts of obstacles are invented to prevent our departure. Firstly, of course, our passports have to be vise, but before this can be done we have to get stamps, which are only to be had at the opposite end of the town (HoM: seria na Ponta Vermelha?); we have, further, to produce a certificate of good conduct (having only arrived the night before!). Then more stamps, then a note from the French Consul, then more stamps; and the office where you get the signature or the paper is never the same as the one that sells the stamps.
At last all formalities have been carried out. Our pockets are bulging with some dozen papers covered with innumerable signatures and a shower of stamps. Cost: over 50 francs--10,850 reis!
We go to the station (HoM: não existia a parte da frente actual) at seven o'clock the following morning. There are a great many police officers on duty. By the Governor's orders no one is to be allowed to start for the Transvaal with the exception of the Russian ambulance. We all exclaim shrilly, and hurry off to the Consul.
Upon our formal declaration that this order will injure us in our business (HoM: não sei que disfarce eles teriam assumido ...), he proceeds to the Governor and remonstrates, with the result that we are authorized to start next morning, there being only one train a day.
We spend the day wandering about the town, which is of little interest. The great square planted with trees is pleasant, however... (HoM: seria a Praça 7 de Março que tinha já pelo menos alguns kiosks).....
O paquete "La Gironde" das Messageries Maritimes francesas que navegava entre Diego Suarez, Ilha de Moçambique, Beira, Lourenço Marques e Durban e onde estes personagens viajaram é mencionado aqui. Aí confirma-se que fazia "serviço auxiliar" no índico em relação à linha principal que presumo ia da Europa para a Índia passando pelo Canal de Suez e em que esses passageiros tinham usado o paquete "Le Natal" da mesma companhia. Como se pode confirmar aqui o "Le Natal" de 131 metros de comprimento era de 1881 por isso mais moderno que o "La Gironde" de 121 metros e que era de 1869. Podemos ver o "la Gironde" na foto seguinte:
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| Paquete a vapor "La Gironde" do armador "Messageries", nome que vem do serviço da mala postal francesa |
Em cima o "La Gironde" foi fotografado em Tonkin, um porto da Indochina Francesa (no norte do Vietnam) a zona onde tinha sido colocado em 1902 depois de ter servido em África e já para o final de longa carreira nos mares.
Voltando aos hotéis de Lourenço Marques potenciais concorrentes do Continental nessa altura havia vários grandes mas não sei dizer se seriam melhores ou não que ele: Cardoso, Carlton, Central e não sei se o Hotel Club funcionava já como tal ou não.
Voltando aos hotéis de Lourenço Marques potenciais concorrentes do Continental nessa altura havia vários grandes mas não sei dizer se seriam melhores ou não que ele: Cardoso, Carlton, Central e não sei se o Hotel Club funcionava já como tal ou não.
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