Esta foto é do site da DRISA (Digital Railway Images of South Africa) e mostra a ponte-cais Gorjão em Lourenço Marques, actual Maputo. O fotógrafo é (JP) Pó que fez muitas outras para os CFLM desse local.
A data da foto é 11.11.1918, precisamente a do fim da primeira Grande Guerra e pelo menos a proa do navio estava pintada com camuflagem deslumbrante ("dazzle camouflage") que os ingleses criaram. Segundo esses sites "ao contrário de outras formas de camuflagem, a sua intenção não era ocultar, mas dificultar a estimativa do alcance, velocidade e rumo" do navio ao ser alvejado por submarinos e navios inimigos, mesmo que aumentasse a sua visibilidade. Como a ideia era contra-intuitiva foi difícil de ser aceite pelo Almirantado Britânico mas tal acabou por acontecer (proposta de Norman Wilkinson) e a maioria dos navios mercantes bem como todos os de guerra da armada britânica e parte da americana foram pintados dessa maneira a partir de 1916. Os resultados prácticos parece que foram positivos mas como as variáveis eram muitas incluindo os muitos tipos de pintura usados a análise da sua eficácia era difícil.
No caso deste navio a intenção da pintura parecia ser a de fazer o atacante, que se fosse um comandante de submarino tinha pouco tempo para decidir, pensar que a proa estava desviada para a esquerda do que era realmente e por isso que o navio seguisse uns 20 graus para a esquerda = bombordo do que na realidade seguia. Essa diferença podia ser suficiente para que o cálculo do ponto onde o torpedo lançado pelo submarino atingiria o navio falhasse, ou passando completamente ao lado dele ou atingindo-o fora da sua zona central onde os danos seriam maiores.
Navio atracado ao lado dos "armazéns especiais" em 1918 com vagões carregados de carvão ao lado |
O navio parecia difícil de se identificar dado que à primeira vista o que está escrito na proa não parecia corresponder ao que está na tabuleta da ponte de comando. Mas como aí vê-se que está escrito Clan, a partir dessa informação sabe-se que pertencia à Clan Line (Cayser, Irvin and Co) que era de Glasgow na Escócia que seria a palavra escrita na segunda linha. Podemos ver nessa ligação mais informação sobre a frota desse armador e tendo em conta o ano da foto concluo que se tratava do SS Clan MacEwen de 1912 de 5 140 toneladas (GRT) e isso pode confirmar-se a seguir:
à esquerda, no casco: vê-se ---- ---EWE- à direita, na tabuleta: vê-se CLAN MA--WEN -L----W |
SS (Navio a Vapor) Clan MacEwen |
Em 1920 esse navio foi transferido para a Scottish Shire Line e passou a chamar-se Buteshire. É assim que pode ver visto nas fotos seguintes onde os paus de carga da proa e da popa estariam abaixados, tal como os da popa na foto de cima.
BUTESHIRE antigo CLAN MAC EWEN |
A foto de cima vem deste site sobre estaleiros navais do Tyne, neste caso "Palmers' Shipbuilding & Iron Co Ltd", onde ele foi construído.
Pode ver-se informação sobre uma viagem neste navio para as forças armadas britânicas durante a primeira grande guerra. Muitos dos navios da Clan Line estiveram em serviços semelhantes e muitos foram afundados durante a primeira e segunda grande guerras por minas ou submarinos alemães, dizendo o site que as rotas que eles seguiam eram perigosas. Todavia como vimos o CLAN MAC EWEN depois BUTESHIRE sobreviveu â primeira guerra e na segunda não foi afectado pois foi mandado para a sucata ao seu início em 1940.
Diz ainda esse artigo que "Despite suffering losses in the First World War, the company had recovered by the 1930s to become the largest cargo carrying concern in the world". Podemos ver a bandeira e a pintura da chaminé da Clan Line em duas fontes:
Diz ainda esse artigo que "Despite suffering losses in the First World War, the company had recovered by the 1930s to become the largest cargo carrying concern in the world". Podemos ver a bandeira e a pintura da chaminé da Clan Line em duas fontes:
Comentários