Eng Costa Serrão do porto de LM e Obras Públicas

A primeira foto e a informação principal que vamos usar neste artigo vêm do livro "A Engenharia Portuguesa na Moderna Obra de Colonização" do Eng. Lopes Galvão publicado em 1940.


FOTO 1
Eng. Costa  Serrão
O livro fala sobre as obras e os obreiros dos grandes projectos de infraestruturas realizados no ultramar português e muitas dizem respeito a Moçambique. Costa Serrão foi um desses engenheiros que esteve bastante activo em Moçambique e particularmente no porto de Lourenço Marques (LM), actualmente Maputo. O autor do livro dá-lhe especial destaque qualificando-o como "um dos mais distintos e notáveis" engenheiros do seu tempo e dele tinhamos já dito que foi o criador do método dos blocos de betão com que se construíu parte da ponte-cais de LM mas podemos acrescentar alguma informação pessoal.
Costa Serrão nasceu em 1852 e faleceu em 1929. Fez o curso de engenharia na Escola do Exército e foi promovido a alferes em 1882 mas passou para o quadro das Obras Públicas (OP). Depois de trabalhos diversos em Portugal começou a orientar a sua carreira também para o Ultramar e esteve em Angola em 1895 para estudar o caminho de ferro de Benguela, fez depois o projecto do Porto da Beira para a Companhia de Moçambique e em 1907 foi nomeado como (o primeiro) Inspector das OP de Moçambique, quando era Freire de Andrade o Governador-Geral (G-G). Moçambique estava em franco progresso nessa época pois havia recursos financeiros e Costa Serrão preparou um Plano de Fomento e dedicou-se aos transportes tendo revisto o plano das obras do porto de LM e elaborado os planos de caminhos de ferro para Gaza e Inhambane.
Costa Serrão foi em 1909 o autor do plano de desenvolvimento do porto de LM se pode ver a seguir:


PLANTA / PLANO DE LM DE 1909
Laranja: áreas para elevar / aterrar, na costa e não só
Este plano foi depois aplicado durante digamos os dez anos seguintes e continha já grandes evoluções que deram origem à situação actual como seja o alargamento da base da Ponta Vermelha para a passagem de vias de transporte para a praia da Polana que começou em 1911, a extensão da ponte-cais até à Ponte Holandesa na mesma altura, o aterro da Maxaquene que começou em 1915 e a criação da Doca da Capitania na mesma altura, etc.
Ainda segundo o Eng. Galvão, Costa Serrão foi em conjunto com Provay um dos inventores da carvoeira que acabou por ter o nome do segundo como dissemos aqui e que começou a funcionar cerca de 1922. 
Em 1910 Costa Serrão deixou o cargo de Inspector das OP em Moçambique e foi substituido pelo Eng. Alfredo Vaz Pinto da Veiga (que em 1912 abandonou por motivos de saúde (1860-1913) - livro "A Engenharia" de Lopes Galvão, página 264.
Costa Serrão seguiu então para Angola tratando de obras de caminhos de ferro, fornecimento de água e planos de fomento. Em 1922 foi convidado pelo Governador-Geral de Moçambique Azevedo Coutinho (mas na lista dos G-G diz que esteve no cargo entre 1924 e 1926) para ser o Secretário (agora seria Ministro) do Fomento de Moçambique mas Costa Serrão não aceitou porque não se concretizou um empréstimo internacional para as obras que idealizava e a partir daí dedicou-se ao estudo de barragens.
Podemos ver Costa Serrão na conhecida foto com a nata dos quadros portugueses em Moçambique durante o mandato do G-G Coronel de Engenharia Freire de Andrade entre 1906 e 1910:
Costa Serrão e G-G Freire de Andrade no palácio da Ponta Vermelha
Pode ainda ver-se que Costa Serrão em Portugal antes de estar em Moçambique tinha estado envolvido nos projectos iniciais da linha férrea do Sabor e do ramal do Seixal em 1890 e em 1903 foi o engenheiro chefe da construção da problemática linha entre Mirandela e Bragança.

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