Continuo a focar na participação do major Caldas Xavier (CX) na comissão de demarcação de fronteira entre Portugal (Moçambique) e a ZAR (Zuid-Afrikaansche Republiek SAR dos boer, parte da actual África do Sul) de 1890, seguindo o texto escrito pela parte portuguesa dessa comissão (pdf aqui).
A fot de grupo seguinte bem como a da maioria das usadas nesta série é disponibilizada pelo ACTD e de acordo com a legenda original é do ponto mais a norte da fronteira entre Moçambique e a África do Sul e por isso do mais a sul da com o Zimbabué, na altura território inglês.
FOTO 1
Acampamento [na junção dos rios Pafuri e] Limpopo (extremo da fronteira) (ACTD) |
Podemos reparar no pormenor dos três senhores europeus à direita do grupo (mas infelizmente os pixels são os mesmos) e juntá-la a outra imagem já vista antes.
Fotos de grupo da comissâo portuguesa de fronteiras de 1890 CX: Major Caldas Xavier |
Penso que CX é fácilmente reconhecível nestas fotos, mesmo à distância, comparando com as suas fotos no bote e com a das notas do Banco Nacional Ultramarino de Moçambique no tempo português (aqui adaptada pelo Banco de Moçambique para uso depois da independência):
Note-se que a wikipedia sobre Caldas Xavier tem informação interessante sobre a preparação da comissão de 1890 dizendo que o Major Machado, o chefe da expedição das Obras Públicas de 1877 a que Caldas Xavier tinha pertencido, o tinha convidado em 1890 para se juntar a ele. Como sabemos estava previsto que fosse Machado a chefiar essa comissão e diz a wikipedia que "aproveitando os seus (de CX) conhecimentos de cartografia e topografia, pretendia-se que integrasse como técnico a comissão de delimitação de fronteiras entre o distrito de Lourenço Marques e a República do Transvaal".
Mas a parte a seguir desse texto é confusa pois diz que em 1890 CX esteve inactivo até à resolução dos problemas entre Portugal e o RU. Ora o "ultimato foi entregue a Portugal a 11 de janeiro de 1890 e .. a 20 de agosto foi assinado o Tratado de Londres entre Portugal e a Grã-Bretanha, definindo os limites territoriais de Angola e Moçambique" e esse acordo depois ainda teve de ser aprovado no parlamento. Por isso se CX tivesse estado "inactivo até à resolução dos problemas" não estaria no início da actividade da comissão a 1 de junho de 1890 mas ...
Por fim diz a wikipedia: "Em resultado desta viagem de exploração, após o seu regresso a Portugal em 1893, publicou em Lisboa um notável trabalho sobre o Limpopo, no qual chamou a atenção para a necessidade premente de subjugar Ngungunhane, o Gungunhana, então o imperador de Gaza.". Sobre o último ponto havia coincidência de ponto de vista entre CX, MS e FA. Como não li o relatório de CX não sei o que o preocupou mas as explorações de FA e MS procuraram adquirir conhecimentos sobre a geografia, agricultura e economia desses locais e principalmente sobre as populações e suas teias de poder de forma a que as autoridades portuguesas pudessem contrariar o forte domínio aí exercido por Gungunhana, fosse sobre os seus aliados ou sobre os seus submetidos. Mas no fim de contas esses militares (aí em comissão civil) defendiam uma solução militar a ser levada a cabo por forças armadas convencionais, neste caso o exército e marinha, e o seu enquadramento civil ou mesmo a sua razão de ser "moral" para eles deviam ser de menoríssima importância.
Voltando mais específicamente a CX, como a sua missão ao Limpopo terá terminado antes do fim de 1890, da informação da wikipedia sobre o regresso de CX a Portugal em 1893 não se fica a saber o que terá ele feito em Moçambique em 1891 e 1892 pelo menos, o que me parece um tempo demasiadamente grande de incerteza em História da idade contemporânea.
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