FOTO 1
Legenda original: Marco da fronteira (ACTD) Ver a localização e data em baixo |
Na FOTO 1 que como se verá ao fundo deste artigo é dos trabalhos da comissão já mais de um mês depois do início mas que serve de boa ilustração às suas actividades, vê-se ao centro um senhor europeu com um aparelho nas mãos fazendo uma observação ou medição do terreno em torno dum marco recentemente erigido. Salvo uma foto em que é pouco visível, não constam desta coleção fotos com esses instrumentos tão cruciais para a sua actividade em primeiro plano. Mas para termos ideia do que se tratava junto aqui o que a expedição de Capelo e Ivens, que atravessou treze anos antes o sul de África de Angola à Contracosta quer dizer a Moçambique (Quelimane) utilisou.
MONTAGEM 1
Material de marcação geodésica de 1877 para grande expedição em África |
Está disponivel na net o relatório "Explorações portuguezas em Lourenço Marques e Inhambane: relatórios da Commissão de limitação de fronteira de Lourenço Marques" (pdf aqui) com textos separados preparados pelos capitães do exército português Alfredo Augusto Freire de Andrade (FA) e Matheus Serrano e que dá-nos imensa informação sobre a actividade que aqui seleccionarei, sumarizarei e complementarei. Principalmente Freire de Andrade descrevem o trabalho que fizeram e a natureza e pessoas que foram encontrando pelo caminho.
No dia 2 de Junho de 1890 deu-se o encontro da comissão portuguesa com a da ZAR tendo os trabalhos começado a seguir. A comissão portuguesa era para ser chefiada pelo Eng. (Major) Machado mas este foi nomeado Governador-Geral de Moçambique em julho de 1890 e FA teve inesperadamente de o substituir. Para além do Capitão Matheus Serrano e do eng. italiano Elvino Mezzena, dela fazia parte também dela como vogal o Major Caldas Xavier (CX) - presumo que esteja ele na FOTO 1. De todos eles iremos falando nestes artigos.
Da comissão da ZAR (sul africana) falámos já nos artigos anteriores do presidente Gedeon Von Wielligh e do especialista local Abel Erasmus que eram acompanhados por M. C. Vos, astrónomo e topógrafo, e Jan Luttigh, secretário.
No dia 2 de Junho de 1890 deu-se o encontro da comissão portuguesa com a da ZAR tendo os trabalhos começado a seguir. A comissão portuguesa era para ser chefiada pelo Eng. (Major) Machado mas este foi nomeado Governador-Geral de Moçambique em julho de 1890 e FA teve inesperadamente de o substituir. Para além do Capitão Matheus Serrano e do eng. italiano Elvino Mezzena, dela fazia parte também dela como vogal o Major Caldas Xavier (CX) - presumo que esteja ele na FOTO 1. De todos eles iremos falando nestes artigos.
Da comissão da ZAR (sul africana) falámos já nos artigos anteriores do presidente Gedeon Von Wielligh e do especialista local Abel Erasmus que eram acompanhados por M. C. Vos, astrónomo e topógrafo, e Jan Luttigh, secretário.
O mandato da comissão de marcação da fronteira foi acertar pormenores da sua definição pois tinha sido antes genéricamente definida por tratados (ver depois aqui), sinalizá-la no terreno com os marcos e registar medições e observações para por exemplo depois se oficializar a marcação, produzir cartas, etc. A fronteira de que acompanharemos aqui a marcação de Ressano Garcia para "norte" até ao Pafuri, onde terminou a 20 de Agosto de 1890, em linha recta mede cerca de 390 km. Como veremos a linha é um tanto angular mas não tem grandes desvios em relação a essa recta.
Segunda foto neste artigo especifícamente relacionada com a demarcação de fronteira com a ZAR em 1890:
Nesse momento a comissão portuguesa estava completa com o chefe FA e com MS, CX e EM. FA relata que ele e EM tinham vindo juntos de combóio de Lourenço Marques (LM) e encontraram os outros já no local no dia 1 de Junho de 1890 que era domingo (na época seca do ano). O Major Machado (MM) tinha vindo para as apresentações (devia ser bem conhecido de alguns dos sul africanos) e início dos trabalhos e regressou a LM uns dois dias depois.
Primeiro complemento do HoM à informação disponível é que era certamente o MM o "intruso" na foto que estava à frente do mastro da palhota dado o seu porte físico e os bigodes fartos que conhecemos por exemplo daqui. Na montagem seguinte comparo-o com quem penso ser ele também em 1887 (daqui), aí não tem confirmação mas se fosse seria em local a uns 9 kms de distância de Ressano Garcia e também na margem do rio Incomáti:
Dos outros europeus na FOTO 2, à esquerda seria FA pois era o único que usava óculos (aqui ao centro dezoito anos depois) e à direita estava CX com rosto triangular e bigode. Como veremos noutro artigo entre FA e MM penso que estaria EM pelo que provávelmente foi MS que tirou a foto.
É interessante tentar saber quem tirou cada uma das fotos, presumo eu que tendo os membros mais ou menos alternado e sendo até possível que pedissem ao chefe dos auxiliares africanos (um cidadão de raça mista de Inhambane chamado Loforte), a um dos auxiliares mais afoito ou aos sul africanos para clicarem no botão algumas vezes (não sei se haveria já um automático / temporizador). Noutras fotos veremos melhor MS e CX, EM é mais difícil descobrir e FA é raro aparecer pelo que devia ser ele que tinha a máquina mais frequentemente. Presumo que algumas fotos tivessem sido tiradas pelo empresário da carretas de transporte da comissão chamado Heron e que seria europeu e ele pode ter também aparecido nalgumas junto com os comissários. Veremos isso melhor depois.
Diz FA no relatório na página 27 que "Junto ao marco há uma pequena lagoa, como se vê da photographia junta") o que será a superfície líquida para o fundo à esquerda da FOTO 1. Apesar de não indicado na legenda original podemos assim dizer que ela foi tirada a caminho do Rio dos Elefantes e cerca de 4 ou 5 de julho por isso bastante depois do início dos trabalhos.
Segunda foto neste artigo especifícamente relacionada com a demarcação de fronteira com a ZAR em 1890:
FOTO 2
Acampamento na fronteira do Incomati (ACTD) |
Primeiro complemento do HoM à informação disponível é que era certamente o MM o "intruso" na foto que estava à frente do mastro da palhota dado o seu porte físico e os bigodes fartos que conhecemos por exemplo daqui. Na montagem seguinte comparo-o com quem penso ser ele também em 1887 (daqui), aí não tem confirmação mas se fosse seria em local a uns 9 kms de distância de Ressano Garcia e também na margem do rio Incomáti:
Talvez Major Machado nas duas fotos, na da direita certamente (e onde estaria 3 anos mais velho e com uns quilos a mais) |
É interessante tentar saber quem tirou cada uma das fotos, presumo eu que tendo os membros mais ou menos alternado e sendo até possível que pedissem ao chefe dos auxiliares africanos (um cidadão de raça mista de Inhambane chamado Loforte), a um dos auxiliares mais afoito ou aos sul africanos para clicarem no botão algumas vezes (não sei se haveria já um automático / temporizador). Noutras fotos veremos melhor MS e CX, EM é mais difícil descobrir e FA é raro aparecer pelo que devia ser ele que tinha a máquina mais frequentemente. Presumo que algumas fotos tivessem sido tiradas pelo empresário da carretas de transporte da comissão chamado Heron e que seria europeu e ele pode ter também aparecido nalgumas junto com os comissários. Veremos isso melhor depois.
Diz FA no relatório na página 27 que "Junto ao marco há uma pequena lagoa, como se vê da photographia junta") o que será a superfície líquida para o fundo à esquerda da FOTO 1. Apesar de não indicado na legenda original podemos assim dizer que ela foi tirada a caminho do Rio dos Elefantes e cerca de 4 ou 5 de julho por isso bastante depois do início dos trabalhos.
Texto de FA com pormenores sobre primeiros momentos da comissão:
"Tendo sido nomeado pelo governo da metrópole para o espinhoso cargo de governador da província de Moçambique, desejava o ex.mo sr. engenheiro Machado partir o mais breve possível (HoM: para a capital que era na Ilha), esperando apenas para isso, a chegada dos commissarios boers, que tinha sido fixada de antemão para o dia 1 de junho (é de 1890 - ver no calendário), no passe do Incomati. Era porém esse dia um domingo, dia por elles guardado, e em que, portanto, não lhes pareceu conveniente o chegarem; a observância do domingo é obrigatória por lei no Transvaal, sob pena de multa de 5 libras ou de prisão até um mez.
No dia seguinte, porém, 2 de junho, chegaram os boers ao nosso acampamento, sendo feita pelo seu presidente Gedeon Van Wielligh, general surveyor do Transvaal, a apresentação dos seus companheiros, Abel Erasmus, M. C. Vos e Jan Luttigh, secretário, ao sr. engenheiro Machado; apresentando-lhe este, por seu turno, a commissão portugueza, depois do que se trocaram as credenciaes dos dois presidentes.
Mr. Van Wielligh é o surveyor general do Transvaal, ou chefe da topographia e geodesia d'aquella republica, tendo já trabalhado com os commissarios que marcaram a fronteira ao sul da portella do Incomati (HoM: esta parte presta-se a confusão porque o que me parece por outros dados é que antes tinha sido só maraca da fronteira nessa portela para se poder definir o ponto de ligação das vias férreas pelo que seria assunto a esclarecer pelos profissionais).
Mr. Abel Erasmus é o chefe dos nativos do districto de Lydenburg, quem sobre elles cobra os tributos e mantém a policia. Tornou-se notável na ultima guerra contra os inglezes e é grande caçador, conhecendo perfeitamente todas as difficuldades e recursos da vida no interior, servindo de muito ás duas comniissoes no decurso dos trabalhos.
Mr. C. Vos é astrónomo distincto, tendo trabalhado no observatório do Cabo, e estando actualmente empregado como topographo pela Republica da Africa do Sul.
Depois de travado conhecimento, teve logar a primeira sessão das duas commissões, cuja acta vae junta, original e traducçâo.
Apesar de desejarmos que as actas fossem escriptas em portuguez, do mesmo modo que os outros commissários as desejavam em hollandez, combinou se que a lingua ingleza fosse a official, por isso que era a única fallada pelas duas commissões, e não desejarem nenhuns dos commissarios assignar um papel cujo conteúdo não podiam de modo algum comprehender."
Noto que no texto são referidas pelo menos duas actas que deviam estar anexas ao relatório mas pelo menos na versão diponível na net não o estão e que deveriam esclarecer algumas das dúvidas que vou aqui colocando.
Noto que no texto são referidas pelo menos duas actas que deviam estar anexas ao relatório mas pelo menos na versão diponível na net não o estão e que deveriam esclarecer algumas das dúvidas que vou aqui colocando.
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