Major Caldas Xavier (foto do ACTD) |
Caldas Xavier (ACTD) jovem, talvez na escola do Exército |
Continuo desenvolvendo o tema da comissão de demarcação de fronteira entre Portugal (Moçambique) e a ZAR (África do Sul) activa de Junho a Agosto de 1890, nesta parte rodando à volta de Caldas Xavier (CX).
Dos membros da comissão portuguesa, ao tempo CX (wikipedia)
era major do Exército e Freire de Andrade (FA) era capitão, tal como Matheus Serrano (MS). Por isso o posto militar de CX era superior ao de FA mas na função civil em que estavam nessa altura FA tinha sido nomeado presidente da comissão. Essa situação de hierarquia civil ser oposta à militar seria pouco usual pois significaria também uma inversão do princípio de que a "idade é um posto". Não sei porque isso aconteceu mas presumo fosse relacionado com as géneses um tanto conturbadas das comissões de fronteira de 1890. Como disse antes, a comissão de que falamos aqui devia ter sido chefiada pelo Major Machado (MM) mas ele teve de ser substituído. Por seu lado Caldas Xavier (CX) deveria ter chefiado a comissão entre Portugal e o Reino Unido para a fronteira para norte do Pafuri mas como veremos depois essa teve de ser adiada e por isso CX terá ficado disponível.
Para se entender bem a situação oficial de CX nesta comissão penso que ter-se-ia de pesquisar documentos escritos pois por ex. o seu nome aparece nas pastas do ACTD como sendo um dos 3 vogais mas era o único que não constava na "carte-de-visite" com Erasmus de 1890-91 (ver no canto inferior direito). E outro facto a considerar é que a comissão portuguesa de 1890 tinha quatro quadros técnicos enquanto que a da ZAR tinha 3 quadros e um secretário, normalmente um civil. A ausência do secretário na comissão de 1890, secretário que a comissão portuguesa de 1894 veio a ter e que suponho desempenhasse uma função importante, dá ideia de ter havido, para além da troca de MM por FA, algo mais de imprevisto na sua formação mas ...
No relatório da sua comissão (pdf aqui) FA não dá muitos detalhes sobre o trabalho técnico para além de referir algumas conversas com os boers para decidir onde se colocariam os marcos e onde se tirariam medidas geodésicas e que informação mais técnica terá sido colocada nas actas (caso de qual era o norte a seguir), que não vi.
Sobre a organização interna, a informação mais concreta de FA parece ser de que encarregou MS dos "assuntos nativos" mas FA não fala por exemplo de troca de opiniões sobre assuntos técnicos durante o desenrolar da missão (talvez tivessem sido demasiadamente simples e tal não tivesse sido necessário, talvez FA fosse um chefe centralizador, etc).
Assim do pouco que FA escreve no relatório, durante a parte comum do percurso até ao Pafuri, CX parece ter tido duas funções:
Primeiro e como dissemos aqui, durante cerca de uma semana a de acompanhar e assumo ambientar Elvino Mezzena, italiano inexperiente em África, quando foram à procura da foz do Sabié.
Segundo, CX aparece no papel mais de explorador avançado por exemplo para indicar onde haveria povoações que pudessem vender comida ou rios com água para os animais das carretas, e não nas tarefas centrais de definição da linha e posição de marcos de que parece FA e MS se encarregaram.
Veremos no próximo artigo com mais detalhe o que se passou relativamente à divisâo de tarefas a seguir ao Pafuri.
Dos membros da comissão portuguesa, ao tempo CX (wikipedia)
era major do Exército e Freire de Andrade (FA) era capitão, tal como Matheus Serrano (MS). Por isso o posto militar de CX era superior ao de FA mas na função civil em que estavam nessa altura FA tinha sido nomeado presidente da comissão. Essa situação de hierarquia civil ser oposta à militar seria pouco usual pois significaria também uma inversão do princípio de que a "idade é um posto". Não sei porque isso aconteceu mas presumo fosse relacionado com as géneses um tanto conturbadas das comissões de fronteira de 1890. Como disse antes, a comissão de que falamos aqui devia ter sido chefiada pelo Major Machado (MM) mas ele teve de ser substituído. Por seu lado Caldas Xavier (CX) deveria ter chefiado a comissão entre Portugal e o Reino Unido para a fronteira para norte do Pafuri mas como veremos depois essa teve de ser adiada e por isso CX terá ficado disponível.
Para se entender bem a situação oficial de CX nesta comissão penso que ter-se-ia de pesquisar documentos escritos pois por ex. o seu nome aparece nas pastas do ACTD como sendo um dos 3 vogais mas era o único que não constava na "carte-de-visite" com Erasmus de 1890-91 (ver no canto inferior direito). E outro facto a considerar é que a comissão portuguesa de 1890 tinha quatro quadros técnicos enquanto que a da ZAR tinha 3 quadros e um secretário, normalmente um civil. A ausência do secretário na comissão de 1890, secretário que a comissão portuguesa de 1894 veio a ter e que suponho desempenhasse uma função importante, dá ideia de ter havido, para além da troca de MM por FA, algo mais de imprevisto na sua formação mas ...
No relatório da sua comissão (pdf aqui) FA não dá muitos detalhes sobre o trabalho técnico para além de referir algumas conversas com os boers para decidir onde se colocariam os marcos e onde se tirariam medidas geodésicas e que informação mais técnica terá sido colocada nas actas (caso de qual era o norte a seguir), que não vi.
Sobre a organização interna, a informação mais concreta de FA parece ser de que encarregou MS dos "assuntos nativos" mas FA não fala por exemplo de troca de opiniões sobre assuntos técnicos durante o desenrolar da missão (talvez tivessem sido demasiadamente simples e tal não tivesse sido necessário, talvez FA fosse um chefe centralizador, etc).
Assim do pouco que FA escreve no relatório, durante a parte comum do percurso até ao Pafuri, CX parece ter tido duas funções:
Primeiro e como dissemos aqui, durante cerca de uma semana a de acompanhar e assumo ambientar Elvino Mezzena, italiano inexperiente em África, quando foram à procura da foz do Sabié.
Segundo, CX aparece no papel mais de explorador avançado por exemplo para indicar onde haveria povoações que pudessem vender comida ou rios com água para os animais das carretas, e não nas tarefas centrais de definição da linha e posição de marcos de que parece FA e MS se encarregaram.
Veremos no próximo artigo com mais detalhe o que se passou relativamente à divisâo de tarefas a seguir ao Pafuri.
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