Elvino Mezzena (EM) de que começamos a falar com mais detalhe no artigo anterior, é pouco mencionado no relatório escrito por Freire de Andrade (FA) e Matheus Serrano (MS) - pdf aqui.
A primeira referência é a uma pequena exploração que FA descreve assim na pág 14 e que tinhamos referido aqui: "... enquanto que o engenheiro Mezzena e major Caldas Xavier partiam para o Incomati, a fim de marcar a junção dos dois rios, indeterminada na carta. ... Effectivamente na madrugada seguinte (14 de Junho) partiam para a junção do Sabie e Incomati os srs. Mezzena e Caldas Xavier". O seu regresso deu-se a 20 de Junho porque segundo FA (na pág 20) ele e MS tinham ido determinar a posição do marco F e "voltávamos para o nosso acampamento (que seria o número 7), onde encontrávamos de volta da sua excursão ao Sabie, o engenheiro Mezzena e major Caldas Xavier".
Depois do regresso de EM e CX do Sabie quando a comissão estava no campo 7, EM manteve-se no grupo até ao campo 21, possívelmente o campo onde estaria na FOTO 1 do artigo anterior, e ainda até ao campo 22 de onde partiu definitivamente.
As referências seguintes no relatório a EM são as que vimos no artigo anterior relativas à sua partida a partir do campo 22 para leste seguindo o rio dos Elefantes, separando-se definitivamente do núcleo da comissão de demarcação da fronteira que tinha ainda muito trabalho a fazer para norte,
Depois a única referência e indirecta a EM é na página 62 do relatório onde FA diz que por volta de 11 de setembro de 1890 e numa fase da missão de que falámos aqui na "... povoação de Chicualla-Cualla ... encontrámos os homens que tinham ido com o engenheiro Mezzena para o Biléne, e que se achavam ali todos, à excepção de cinco que o tinham acompanhado para Lourenço Marques". Ficava-se assim daqui a saber que EM tinha chegado ao Bilene e que a parte principal da sua missão individual teria decorrido sem acidentes de maior e que tinha daí continuado para LM (ver NB1).
Isso está em linha com o que aparece na carta de Jeppe de 1892 que mostra o percurso efectuado por Mezzena como dissemos entre as últimas semanas de Julho e presumo que Setembro, do campo 22 no rio Letaba até Lourenço Marques:
A primeira referência é a uma pequena exploração que FA descreve assim na pág 14 e que tinhamos referido aqui: "... enquanto que o engenheiro Mezzena e major Caldas Xavier partiam para o Incomati, a fim de marcar a junção dos dois rios, indeterminada na carta. ... Effectivamente na madrugada seguinte (14 de Junho) partiam para a junção do Sabie e Incomati os srs. Mezzena e Caldas Xavier". O seu regresso deu-se a 20 de Junho porque segundo FA (na pág 20) ele e MS tinham ido determinar a posição do marco F e "voltávamos para o nosso acampamento (que seria o número 7), onde encontrávamos de volta da sua excursão ao Sabie, o engenheiro Mezzena e major Caldas Xavier".
Depois do regresso de EM e CX do Sabie quando a comissão estava no campo 7, EM manteve-se no grupo até ao campo 21, possívelmente o campo onde estaria na FOTO 1 do artigo anterior, e ainda até ao campo 22 de onde partiu definitivamente.
As referências seguintes no relatório a EM são as que vimos no artigo anterior relativas à sua partida a partir do campo 22 para leste seguindo o rio dos Elefantes, separando-se definitivamente do núcleo da comissão de demarcação da fronteira que tinha ainda muito trabalho a fazer para norte,
Depois a única referência e indirecta a EM é na página 62 do relatório onde FA diz que por volta de 11 de setembro de 1890 e numa fase da missão de que falámos aqui na "... povoação de Chicualla-Cualla ... encontrámos os homens que tinham ido com o engenheiro Mezzena para o Biléne, e que se achavam ali todos, à excepção de cinco que o tinham acompanhado para Lourenço Marques". Ficava-se assim daqui a saber que EM tinha chegado ao Bilene e que a parte principal da sua missão individual teria decorrido sem acidentes de maior e que tinha daí continuado para LM (ver NB1).
Isso está em linha com o que aparece na carta de Jeppe de 1892 que mostra o percurso efectuado por Mezzena como dissemos entre as últimas semanas de Julho e presumo que Setembro, do campo 22 no rio Letaba até Lourenço Marques:
Parte inferior direita da CARTA DE JEPPE de 1892 (clique para aumentar)
disponibilizada pela Universidade de Illinois
A carta mostra que EM seguiu o curso do rio dos Elefantes até à junção com o Limpopo, e seguiu depois este até ao Xai-Xai com pequeno desvio a Manjacaze tendo depois continuado até LM como previsto. Mas a carta não é suficiente para se saber se por exemplo EM encontrou e avaliou as minas que deveria investigar, é provável que ele tenha escrito um relatório com texto e gráficos da sua missão mas não os encontrei nesta procura rápida pelo assunto.
Sobre o que EM tinha feito antes da chegada a Moçambique, do relatório da comissão só ficamos a saber que era italiano e engenheiro. Como FA o enviou à procura de minas era de supor que EM estivesse ligado a esse sector e iremos aqui confirmando esses dados e hipóteses.
Comecemos então a ver o que fez Elvino Mezzena antes de 1890 e no Boletim Oficial do seu Reino de Itália natal.
Primeiro podemos observar que sendo domicilado em Viterbo, Roma, se diplomou em 1885 em Engenharia Industrial no Instituto Superior Técnico de Milão e com a quinta nota mais elevada em 11 alunos.
Temos então aqui uma primeira meia surpresa dado que Mezzena não era licenciado em engenharia de minas ou em geologia.
NB1: O pormenor do regresso dos treze homens após terem ido com Mezzena até ao Bilene dá ideia de que houve mais organização nos bastidores da missão do que a que FA relata. Teria de estar definido qual o local e data aproximada do re-encontro do grupo com o principal de FA, MS e CX o que implicava bom respeito do programa traçado pelas duas partes (e não havia telemóveis ainda ...). Para o regresso deste grupo de 13 homens vindos do tinha de estar definido quem o chefiaria, como e por onde se deslocariam, se alimentariam, seriam pago o soldo, etc.
É também de pensar que havia fortes tensões ético-políticas na região e que se estes 13 homens ao viajar com a comissão oficial portuguesa tinham "salvo-conduto", ao ficarem isolados estavam mais sujeitos à instabilidade local. Os auxiliares da comissão sabiam pesar bem o risco / benefício do seu trabalho e não aceitariam que o risco aumentasse em relação ao previsto inicialmente, tendo tido no Bilene estes treze a opção de não ir a Chicualacuala e simplesmente de regressar ao sul. Dido isto para reforçar a ideia da necessidade de planeamento muito cuidado de todos os passos da comissão pois uma falha, nomeadamente a nível de gestão do pessoal auxiliar, podia ter consequências desastrosas para a sua realização.
Sobre o que EM tinha feito antes da chegada a Moçambique, do relatório da comissão só ficamos a saber que era italiano e engenheiro. Como FA o enviou à procura de minas era de supor que EM estivesse ligado a esse sector e iremos aqui confirmando esses dados e hipóteses.
Comecemos então a ver o que fez Elvino Mezzena antes de 1890 e no Boletim Oficial do seu Reino de Itália natal.
Primeiro podemos observar que sendo domicilado em Viterbo, Roma, se diplomou em 1885 em Engenharia Industrial no Instituto Superior Técnico de Milão e com a quinta nota mais elevada em 11 alunos.
Mezzena Elvino, Engenheiro Industrial em 1885 com boa classificação (83.63 em 100) |
Outro documento que se encontra no arquivo do estado italiano indica que até 1890 era funcionário público, engenheiro de 3ª classe e que nesse ano se demitiu do posto e podemos confirmar no Boletim Oficial de Italia e com data mais precisa:
EM demitiu-se da função pública italiana a 6.2.1890. |
Verifica-se aqui que EM só terá chegado a Moçambique em 1890 e a menos de três meses do início dos trabalhos da comissão.
Quando FA foi nomeado de imprevisto presidente da comissão de fronteiras terá decidido integrar EM nela essencialmente de modo a que ele aproveitasse a "boleia" no seu percurso para norte para que depois pudesse seguir o rio dos Elefantes para leste e procurar minas no seu curso (e estando aí a demarcação da fronteira só a cerca de metade do total).
É possível então que uma das intenções de FA ao organizar a primeira saída de EM ao Sabie, que durou menos de uma semana, acompanhado do mais calejado Major Caldas Xavier tivesse sido para fazer ganhar alguma experiência africana a EM antes de ser lançado nessa missão individual (embora FA não o refira no relatório). De notar que FA tinha a mesma experiência africana que EM, ou seja nenhuma, mas ia acompanhado de Matheus Serrano já rotinado nas problemáticas e geografias locais.
No próximo artigo veremos mais do que se passou com EM em Moçambique e principalmente na Europa.
Quando FA foi nomeado de imprevisto presidente da comissão de fronteiras terá decidido integrar EM nela essencialmente de modo a que ele aproveitasse a "boleia" no seu percurso para norte para que depois pudesse seguir o rio dos Elefantes para leste e procurar minas no seu curso (e estando aí a demarcação da fronteira só a cerca de metade do total).
É possível então que uma das intenções de FA ao organizar a primeira saída de EM ao Sabie, que durou menos de uma semana, acompanhado do mais calejado Major Caldas Xavier tivesse sido para fazer ganhar alguma experiência africana a EM antes de ser lançado nessa missão individual (embora FA não o refira no relatório). De notar que FA tinha a mesma experiência africana que EM, ou seja nenhuma, mas ia acompanhado de Matheus Serrano já rotinado nas problemáticas e geografias locais.
No próximo artigo veremos mais do que se passou com EM em Moçambique e principalmente na Europa.
NB1: O pormenor do regresso dos treze homens após terem ido com Mezzena até ao Bilene dá ideia de que houve mais organização nos bastidores da missão do que a que FA relata. Teria de estar definido qual o local e data aproximada do re-encontro do grupo com o principal de FA, MS e CX o que implicava bom respeito do programa traçado pelas duas partes (e não havia telemóveis ainda ...). Para o regresso deste grupo de 13 homens vindos do tinha de estar definido quem o chefiaria, como e por onde se deslocariam, se alimentariam, seriam pago o soldo, etc.
É também de pensar que havia fortes tensões ético-políticas na região e que se estes 13 homens ao viajar com a comissão oficial portuguesa tinham "salvo-conduto", ao ficarem isolados estavam mais sujeitos à instabilidade local. Os auxiliares da comissão sabiam pesar bem o risco / benefício do seu trabalho e não aceitariam que o risco aumentasse em relação ao previsto inicialmente, tendo tido no Bilene estes treze a opção de não ir a Chicualacuala e simplesmente de regressar ao sul. Dido isto para reforçar a ideia da necessidade de planeamento muito cuidado de todos os passos da comissão pois uma falha, nomeadamente a nível de gestão do pessoal auxiliar, podia ter consequências desastrosas para a sua realização.
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