Vapor Auxiliar e canhoneira Vouga c. 1890 em Moçambique

O navio português Auxiliar como veremos pela informação seguinte esteve em actividade em Moçambique pelo menos em 1896 e c. 1890. Mas não vejo referência à sua presença em Lourenço Marques, actual Maputo dando ideia de que andou mais pelo norte do território. 
Primeiro uma foto do navio que era de propulsão mista a vapor e à vela no iict:
Auxiliar em foto de Manuel Romão Pereira, tirada entre 1889 e 1891

Segue-se outra foto do Auxilar reproduzida duma publicação da Academia de Marinha de 2015. Não é dada a data da foto no texto que a acompanha e que diz que o navio foi comandado entre c. de 1885 e 1886 por João de Azevedo Coutinho (referido aqui), então jovem guarda-marinha da guarnição da corveta Vouga (ver PS):

A comparação das duas fotos demonstra ser o mesmo navio se aceitarmos que houve mudança nas velas. À partida eu diria que a segunda foto é a mais antiga por mostrar uma estrutura de velas que pode ter sido retirada depois mas ...
Correspondências entre as duas fotos

O site marinhadeguerraportuguesa (MGP) tem a seguinte informação sobre o "Auxiliar": "vapor de dois hélices e de 180 toneladas comprado à volta de 1878 para a pilotagem do rio QuelimaneParece que ainda existia em 1896. Esteve ao serviço na Real Marinha de Guerra Portuguesa pelo menos de 1878 a 1896".
Pode-se ter a sensação de já se conhecer o "Auxiliar" pois falámos antes do navio "Adjutant" (Ajudante) mas apesar dessa aparente ligação este navio era alemão e de 1905 por isso bastante posterior ao "Auxilar".
Da canhoneira Vouga que entre c. de 1885 e 1886 esteve em Moçambique como podemos ver no PS em baixo temos a seguinte foto e informação também reproduzida da publicação da Academia de Marinha de 2015:
Vouga foi comandada pelo Capitão de Mar-e-Guerra Silva Costa
 em 1886 quando estacionada em Moçambique

Sobre esta canhoneira dis o site MGP: "20. "Vouga": Canhoneira de madeira de 721t de deslocamento que foi lançada à água em Lisboa em 5 de Janeiro de 1882. Armou em 1884.
Prestou serviço em Moçambique, Angola e Ajuda. Em 1906 passou a completo desarmamento e em 1909 foi mandada abater por inútil, sendo vendida em 1911."

PS 1: António Enes, A Guerra d'África de 1898: "Ainda tentei aproveitar o Auxiliar, e n'esse intuito mudei-lhe o commandante, em quem não confiava, e mandei vistorisar o barco; mas essa vistoria, no fim de largo tempo, confirmou que o barco só estava capaz, por isto e por 
aquillo, para viagens de curtíssimo tempo. O novo commandante, o primeiro tenente sr. Macedo e Couto, é que, com o seu saber e perseverante diligencia, conseguiu pôl-o 
em estado de, ao menos, ir até Quelimane."

PS 2: Sobre João de Azevedo Coutinho o o "Vapor Auxiliar" diz-se o seguinte em artigo publicado por NUNO VIEIRA MATIAS na Academia da Marinha - "O Almirante João de Azevedo Coutinho demonstrou uma polivalência de notáveis capacidades absolutamente invulgar. E fê-lo, logo desde muito cedo, quando, uma vez completado o curso da Escola Naval, ainda com 20 anos, foi colocado em Moçambique e logo deu mostras de ser um excelente marinheiro, a bordo da canhoneira Vouga e, sobretudo, no comando de dois iates navais e de um vapor, onde foi confrontado com as exigências náuticas da dureza de algumas barras dos rios e do mar do Canal de Moçambique.
Acresce que, logo nessa comissão, deu provas da sua admirável flexibilidade ao comandar pequenos mas difíceis navios de vela e também o “Vapor”, ao efectuar levantamentos hidrográficos de qualidade reconhecida nacional e internacionalmente e, talvez o mais difícil ainda, ao cumprir tarefas de soberania, desembarcando com reduzidas forças para repor a ordem, combater o tráfico de escravos e fazer respeitar a soberania onde afectada.
E, também nessas acções em terra, demonstrou uma qualidade muito difícil que é a de resolver alguns casos com inteligência, sangue frio, bom senso e até diplomacia, mas igualmente grande espírito de sacrifício e coragem ao enfrentar duras acções de fogo, quando estas se configuraram. ....
Aos 23 anos regressa a Lisboa, mas, 6 meses depois, já estava de novo em rota para nova comissão em Moçambique, onde viria a ter um desempenho de tal forma brilhante que, dois anos mais tarde, no regresso a Lisboa, foi recebido em apoteose e “proclamado, por decisão unânime das Cortes, como benemérito da Pátria”.

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