Pe. Sacramento, Naylor, Rufino, jornal e lotaria: SR e lotaria, mais questões em aberto (10/10)

Para encerrar a série sobre o padre Sacramento, Rufus Naylor, a lotaria (de LM ou provincial de Moçambique), o jornal "O Africano" e Santos Rufino (SR) e os seus álbuns fotográficos vamos falar um pouco mais dos últimos aspectos e tendo em conta que como vimos antes em Pioneiros da Imprensa era dito que "o sacerdote ... (padre Sacramento, tinha sido) substituído na loteria por .. José dos Santos Rufino". 
A foto seguinte vem do ábum de SR relativo a Manica e Sofala embora mostre o seu estabelecimento na Rua Consiglieri Pedroso em Lourenço Marques (LM), actual Maputo:

FOTO 1
Livraria e Papelaria "A Portugueza" de Santos Rufino (SR)

Temos a seguir uma foto do mesmo estabelecimento que já vimos aqui:

FOTO 2
Estabelecimento de Santos Rufino na Rua Consiglieri Pedroso

Nos dois casos aparece um grande cartaz pendente sobre a entrada anunciando a lotaria. Curiosamente dum lado mostra "Lotaria Provincial" e doutro "Lotarias de LM Lda", não sei se a diferença teria algum significado (primeira pergunta, seriam as fotos da mesma altura?). É então claro que a lotaria tinha certa importância para a firma de SR mas nada denota nesses cartazes ou nos restantes que se tratava da sede da concessionária da lotaria. 
No entanto a interpretação mais comum do ajuntamento nda FOTO 2 é que seria de pessoas ansiosas por conhecer os resultados da extração da lotaria. Esta fazia-se na Câmara Municipal antiga e presume-se que viessem logo para o estabelecimento, onde ficavam disponíveis antes de seguirem para a tipografia para a distribuição normal das folhas imprimidas pelas agências. Teremos então aqui um indicação importante de que SR era pelo menos actor importante na lotaria.
É no entanto estranho que nos álbuns de SR não fosse dito claramente que ele era o concessionário. Vejamos primeiro o caso dum auto-anúncio no álbum 9 de Manica e Sofala: 

PUBLICIDADE 1 (montagem)
Parte de auto-anúncio da firma de SR: tinha os números da lotaria
mais tentadores, mas não dizia ser a concessionária

E numa página do álbum 2 de LM, SR também não anunciava que a firma fosse o concessionário:

PUBLICIDADE 2
Por aqui o estabelecimento Santos Rufino Lda parecia ser
um distribuidor de bilhetes da lotaria como haveria outros

PUBLICIDADE 3
Venda de lotarias entre outros produtos

Uma possível explicação para que as publicidades não dissessem que a firma era a concessionária da lotaria de Moçambique podia ser que SR fosse o concessionário da lotaria em nome individual e por isso querer estabelecer certo distanciamento entre a lotaria e a firma.

Mas também podia ser que SR não gostasse de dizer coisas directamente. Veja-se que na FIGURA 1 de homenagem aos autores e apoiantes SR escrevia na legenda ser o "iniciador, coordenador e editor dos álbuns" mas no resto da página publicitária do álbum 2 donde retirei a FOTO 2 era dito que a sua firma era a "casa depositária dos álbuns" (também na PUBLICIDADE 3) formulação que parecia indicar ser o distribuidor dos álbuns, ou seja que o editor seria SR individualmente. Curiosamente na versão em inglês dizia-se que era o estabelecimento do editor ("publishers") mas a versão francesa era equivalente à portuguesa pois dizia "maison dépositaire". 
Ao concluir esta série parece-me haver neste tema muitas pequenas ou grandes questões que só poderão ser resolvidas com o estudo de documentos dessa época e fica daí o "convite" aos senhores especialistas para procurarem dados novos de modo a poder-se reduzir as "interpretações" dos poucos disponíveis.

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