Continuando com as fotos que observamos estarem trocadas no site da UWM de que falámos por exemplo aqui, a foto seguinte foi tirada por Harrison Forman em 1961 e é aí apresentada como sendo de Angola mas é de facto de Lourenço Marques (LM), actual Maputo em Moçambique como fácilmente se verá:
FOTO 1
original UWM errado: Angola, home in residential area Angola: Angola - Portuguese home corrigido HoM: Vila Algarve na Polana em LM. Moçambique em 1961 |
Este edifício é a Vila Algarve sendo visto na FOTO 1 do lado da Av. M. da Machava de Maputo, antiga Fernandes Tomás de Lourenço Marques. No google maps ele aparece aqui ao centro direita do cruzamento e na FOTO 1 estava iluminado pelo sol do princípio da tarde.
Embora na foto nada denote isso, a Vila Algarve em 1961 seria já utilizada como sede da polícia política (e de fronteiras) do Estado Novo (PIDE) em LM. Reflectindo um pouco talvez tenha sido por isso que o edifício tenha sido pouco ou nada fotografado depois dos anos iniciais em que tinha sido a residência de Santos Rufino. Mas como Forman era estrangeiro talvez não soubesse dessa situação e tenha únicamente querido registar a grande residência com arquitectura pouco habitual (o que para um residente poderia ter sido melindroso).
Vejamos então fotos recentes do edifício que na maioria são de Ray Langsten de 2007 e estão no flickr.com. À primeira vista pode não parecer o mesmo edifício mas na foto seguinte à esquerda está a mesma fachada da FOTO 1:
FOTO 2
à esquerda: fachada da Av. M. da Machava da FOTO 1, virada a oeste à direita: fachada da Av. Touré, antiga Afonso de Albuquerque, virada a sul |
Com esta FOTO 2 vê-se que a Vila Algarve tem uma cave que não é soterrada. Li também que a PIDE tinha ligado por um túnel - cruzando o interior do quarteirão - a Vila Algarve a outro edifício que utilizava na Av. Pinheiro Chagas, actual Mondlane. Esse era o castanho muito envidraçado que aparece nesta foto antiga à esquerda e mantém-se aqui com "Mondlane" escrito à frente.
Em baixo vê-se de novo a fachada da FOTO 1, mas só a parte para a direita do volume vertical saliente (com a varanda no piso superior com grade de ferro que ainda se mantém) e que aí está aproximadamente ao seu centro.
FOTO 3
A foto seguinte de Mauro Polos foi publicada no FB Alto-Maé LM e mostra a extremidade do edifício a norte, a que fica para a esquerda = norte do volume saliente a meio dessa fachada, quer dizer o que na FOTO 1 está do centro para a esquerda:
FOTO 4
Comparar a situação de há poucos anos atrás com a de 1961 da FOTO 1 |
Agora uma vista mais ou menos recente do volume saliente até à esquina mostrando principalmente o piso intermédio, aquele para onde sobe a escadaria principal que vem da entrada na esquina:
FOTO 5
Vila Algarve de Maputo em tempos recentes (esta é a parte mais à direita da FOTO 1) |
Podemos a seguir ver pormenores dos painéis de azulejos principais desta fachada nas fotos mais recentes. Infelizmente na FOTO 1 de 1961 eles estavam obstruidos pela árvore alta e pelo arbusto mais baixo mas como o seu material é muito resistente o que lá estava seria aproximadamente o que ainda se vê agora.
Este é o painel da parede do último piso e recordo que no artigo 2 desta série se mostram estes painéis do edifício mais detalhadamente:
FOTO 6
Trabalhando em empreita (ou as senhoras fazem tapetes) |
Segue-se o mesmo painel visto um pouco mais de longe:
FOTO 7
Painel de cima das senhoras fazendo tapetes |
Passamos para o painel do piso intermédio que aparece nas FOTOS 3 a 5 onde está desenhada uma porta antiga numa histórica vila portuguesa do Algarve:
FOTO 8
Olhão: parte antiga da vila (a mesma porta que se via aqui) |
Por fim duas fotos mais recentes da Vila Algarve mostrando o seu interior que vêm deste artigo e são de Inadelso Costa autor do documentário “Uma memória em três atos” de 2018 (início aqui):
Série completa sobre a Vila Algarve aqui.
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