Qualquer porto que se preze precisa de uma doca seca para se poder reparar o casco de navios em necessidade. Temos uma foto antiga da doca seca que foi construida em 1920/21 e que ficou rodeada por aterro. Isso quer dizer que foi totalmente construída onde tinha inicialmente sido estuário, como veremos em baixo.
Vista do interior para o estuário, foto de Santos Rufino de 1929
A comporta da doca seca na foto de cima estava fechada. A entrada na doca da capitania que fica entre a doca seca e o estuário ficava na direcção da entrada na doca seca para evitar manobras de ajuste de direcção dos navios num espaço curto.
O mais provável quando se fez o aterro entre a linha azul de costa inicial e o limite actual do estuário foi ter-se murado um espaço para ele não ser preenchido e dar lugar à doca seca. É muito mais fácil construir os muros e depois aterrar dos lados que ficarão cheios, do que ter de escavar a abertura para a doca seca e consolidar com os muros depois de terminar a escavação. Em 1936 na doca seca podiam-se limpar e reparar navios de calado inferior a 11 pés, menos de 1 500 toneladas de deslocamento e comprimento inferior a 262 pés. Já antes da doca seca havia no porto de Lourenço Marques uma firma metalo-mecânica do engenheiro Hugh Le May e que aparece marcada no mapa em cima. Mostramos em baixo duas fotos semelhantes das suas instalações em 1911 vendo-se um estaleiro naval do lado esquerdo = oeste das oficinas. O conjunto naturalmente estava no limite a sul da terra firme da altura, em que não se tinha ainda feito aterro em grande escala nesta zona, mas parecia que a linha de costa tinha sido um pouco levantada em relação à praia. A ponte à esquerda da foto que se via a entrar no estuário e a partir da qual as fotos foram tiradas devia ser a chamada ponte do Allen Wack (& Shepherd) na segunda versão que segundo um mapa de 1903 estava imediatamente à esquerda = oeste = poente do terreno do Hugh Le May. O que devia estar escrito nesse armazém devia ser SHIP CHANDLERS, um fornecedor de tudo o que os navios necessitassem e esse armazém devia então ser o armazém de Allen Wack de que falamos nesta série.
Vistas do estuário para o interior, fotos de 1911 do ACTD/IICT
A doca seca actual fica por isso bastante para fora (para o lado do estuário = sul / sudoeste) de onde tinha antes sido o estaleiro de Hugh Le May, o que permitiu a entrada de navios de maior calado.
Passemos para imagens mais ou menos recentes do local:
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Vermelho: doca seca Castanho: antigo Hugh Le May, depois Pendray e Sousa onde esteve o primeiro estaleiro |
O acesso dos navios à doca seca faz-se pelo Porto de Pesca / Doca da Capitania e a Capitania/INAMAR é o edificio para a direita, no cruzamento em T.
Temos outras imagens recentes da doca seca que era explorada pela firma S o m o n a v - Sociedade Moçambicana de Construção, Reabilitação e Reparação de Navios Lda.
Vista do exterior com a Capitania à esquerda |
Vista para o interior com o estuario para o fundo |
Ver aqui mais sobre o passado desta zona, particularmente sobre o molhe do Allen Wack que aparece à esquerda das duas fotos de 1911 e de cima do qual elas foram tiradas.
Mais informação sobre a doca seca no segundo artigo desta série.
Explicações básicas: depois do navio entrar na doca seca na maré alta com a comporta aberta, fecha-se a comporta enquanto quanto se amarra o navio etc. Fica-se depois à espera da maré vazia para se abrir a comporta para secar a doca. Depois de deixar secar a doca, volta-se a fechar a comporta e pode-se começar a fazer os trabalhos no casco. Volta-se a abrir a comporta na maré cheia quando se quiser pôr de novo o navio a flutuar e a sair de marcha à ré da doca seca.
NB: Segundo a publicação "OS PRIMEIROS E OS ÚLTIMOS NAVIOS A CARVÃO DA MARINHA DE GUERRA PORTUGUESA POR NUNO VALDEZ DOS SANTOS" trata-se aqui do «vapor Lidador», sinal MBCQ, com 193 ton., 100 cavalos de potência, porto de Lourenço Marques.
Mais informação sobre a doca seca no segundo artigo desta série.
Explicações básicas: depois do navio entrar na doca seca na maré alta com a comporta aberta, fecha-se a comporta enquanto quanto se amarra o navio etc. Fica-se depois à espera da maré vazia para se abrir a comporta para secar a doca. Depois de deixar secar a doca, volta-se a fechar a comporta e pode-se começar a fazer os trabalhos no casco. Volta-se a abrir a comporta na maré cheia quando se quiser pôr de novo o navio a flutuar e a sair de marcha à ré da doca seca.
NB: Segundo a publicação "OS PRIMEIROS E OS ÚLTIMOS NAVIOS A CARVÃO DA MARINHA DE GUERRA PORTUGUESA POR NUNO VALDEZ DOS SANTOS" trata-se aqui do «vapor Lidador», sinal MBCQ, com 193 ton., 100 cavalos de potência, porto de Lourenço Marques.
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