Vamos nesta mensagem ver imagens da Rua de Nossa Senhora da Conceição de Lourenço Marques (LM), depois Alexandre Herculano e actual Rua de Timor Leste de Maputo ao longo dos tempos.
Alexandre Lobato no livro Xilunguíne diz que ao princípio esta rua era de indústrias e armazéns e que essas origens, como arrabalde da zona central, formataram o seu desenvolvimento pois nunca chegou a ser uma rua de comércio elegante de retalho.
A FOTO 1 é a imagem mais antiga desta sequência e a legenda é de que se tratava da Rua Nossa Senhora da Conceição. Suponho que foi após a instauração da República em Portugal que a rua se passou a chamar Alexandre Herculano (e assim continuou até 1976), por isso e pela ausência de automóveis eu dataria a foto de como sendo de entre 1900 e 1910.
Começamos pela Rua de Nossa Senhora da Conceição vista de nascente (leste) para poente (oeste).
FOTO 1
Quase ao inicio da rua ou seja no seu ponto mais a oriente (nascente) clique na foto para aumentar
Na FOTO 1 o segundo edifício longo à esquerda = sul da rua é da feitoria ou armazém do Allen Wack como se pode confirmar pela FOTO 6B deste artigo que é datada de 1895. Assim o primeiro edifício à esquerda estaria na direcção do Hugh Le May Engineers que se via pela face oposta nas duas fotos de 1911 deste artigo.
Vê-se ao fundo da rua está a Praça 7 de Março, actual agora 25 de Junho. Depois consegue-se ver a torre piramidal do Hotel Carlton na Rua Araújo que é o seguimento desta rua mas para lá da Praça. Com o MAPA de 1903 em baixo colocado na mesma orientação da FOTO 1 vamos visualizar melhor o que aqui aparece. No MAPA pode ver-se que nesta zona do lado esquerdo estavam antigas feitorias (armazéns, por exemplo a Allen Wack - ver aqui e aqui) e indústrias ou oficinas metalúrgicas ligadas ao porto que ficavam entre esta rua e o estuário. Nesta altura o estuário estava muitissimo perto de onde foi tirada a FOTO 1 (costa sublinhada a azul). A fundição também tinha sido nas proximidades (um dos prédios a castanho na parte de baixo da FOTO).
MAPA de 1903
(deve representar uma situação um pouco anterior)
Baptista de Carvalho foi um grande comerciante estabelecido nesta zona. Na FOTO 1 a travessa que veio a ter o seu nome está a seguir à esquina do prédio à direita que tem o poste com a bandeira. Agora duas imagens que já conhecemos mas que integramos agora melhor na estrutura da baixa da antiga cidade de Lourenço Marques, actual Maputo. |
FOTO 2 |
Barclays Bank com as famosas "orelhas" em coima e os ornatos na varanda |
O antigo Bank Of Africa da FOTO 2 vê-se de perfil à direita na FOTO 1 com as suas varandas alpendradas salientes mas aqui estamos a vê-lo do lado oposto.
Vemos a seguir o armazém sul da Casa Holandesa na mesma rua mas um pouco mais para oeste = poente do que o local da FOTO 2, como se vê pela presença do Barclays Bank à direita.
FOTO 3
Na FOTO 1 este armazém estava para lá do Barclays, do lado direito da rua e por isso não se via. |
Segundo Alfredo Pereira de Lima esta rua foi macadamizada (pavimentada em camadas de pedra compactadas por um cilindro, mais detalhe sobre a técnica aqui) em 1892. Por isso é com esse tipo de pavimento que a rua aparece nas fotos de cima que serão de cerca de 1905, tendo também em conta que asfalto na camada superior das vias urbanas só foi aplicado em LM de 1914 em diante. Sobre o desenvolvimento da ruas da Baixa e encosta mais próximas ver este artigo mais focado na Av. D. Manoel, actual Josina.
Vamos agora ver na FOTO 4 seguinte e já dos anos 40 as evoluções nesta rua relativas ao mostrado acima. Vê-se aí em primeiro plano a Capitania do Porto e a Doca Seca que ainda não apareciam no MAPA de cima no canto inferior esquerdo pois foram construidas depois quando se fez o aterro avançando do interior para o estuário.
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FOTO 4, nos anos 40
Verde claro: Rua Alexandre Herculano, antiga N.S. de Fátima Vermelho: Ponto de onde foi tirada a FOTO 1 Preto/Cinzento: Rua da Imprensa Azul: Prédio Fonte Azul que substituiu a Casa Holandesa Roxo: Barclays Bank ainda original com as "orelhas" Castanho escuro: Fortaleza sem muralha sul Amarelo: Travessa Baptista de Carvalho. Rosa: Capitania do Porto Azul claro: Doca Seca Castanho claro: Pendray e Sousa, no local do antigo Hugh Le May Laranja: Prédio do estado Branco: Armazém de fachada art deco |
E damos mais um salto para a frente no tempo e no desenvolvimento da cidade.
FOTO 5, nos anos 60
Verde claro: Rua Alexandre Herculano vista de nascente para poente
As diferenças da FOTO 5 em relação à FOTO 4 são principalmente a construção de dois prédios altos:
A. marcado com seta azul em primeiro plano do lado direito: Prédio alto com torre na esquina com a Travessa Baptista de Carvalho:
B. sem marca do lado esquerdo da rua um pouco mais adiante do A: Prédio que veremos na FOTO 6 com as letras da SHELL.
O prédio do banco Barclays original também tinha sido substituido pelo actual projectado por Pancho Guedes.
Penúltima foto e da Rua Alexandre Herculano vista de poente para nascente olhando de costas junto à Praça 7 de Março, actual 25 de Junho.
Penúltima foto e da Rua Alexandre Herculano vista de poente para nascente olhando de costas junto à Praça 7 de Março, actual 25 de Junho.
FOTO 6 dos anos 60
À esquerda em primeiro plano: ponta do Prédio Fonte Azul onde esteve a Casa Holandesa. À direita: estará a Fortaleza mas não se vê pois está recuada da rua Ao fundo à direita: prédio da SHELL indicado como sendo o B no texto em cima.
E finalmente à esquerda da foto seguinte uma vista semelhante da Rua Alexandre Herculano mas com a foto tirada um pouco mais recuada e de uma posição mais elevada.
FOTO 7 dos anos 60
Vista da Praça 7 de Março, actual 25 de Junho para nascente = leste
com a Ponta Vermelha à esquerda e a ligação entre a baía e o estuário à direita Completamos aqui a volta geográfica e temporal nesta rua que tem estado tranquila desde o que vimos nas FOTOS 6 e 7 dos anos 60 do século XX (20) até à actualidade em termos de grandes construções.
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