Capitania Building(s) - nova foto de Lazarus e mais sobre a zona (3/3)

Fizemos dois artigos específicos sobre o Capitania Building(s) (CB) aqui e aqui e esse edifício aparece em muitas outros artigos publicados no HoM. 
Fazendo um pouco "revisão da matéria dada", apresento agora uma das suas melhores fotos reproduzida do livro Xilunguíne do historiador luso-moçambicano Alexandre Lobato, tirada pelos irmãos Lazarus que permaneceram em Moçambique de 1899 a 1908 (ver outra foto semelhante mas posterior no tempo no artigo sobre carros eléctricos na Capitania).

FOTO 1
Ãgua do estuário em frente à totalidade da face sul do CB e mais para oeste ainda.
Foto tirada do limite de terra a oeste (muro no canto inferior esquerdo)

A FOTO 1 é mais antiga por exemplo do que as FOTOS 1 e 2 do artigo 1 desta série porque nessas já tinha sido feito aterro ou construído uma ponte sobre o estuário do lado de terra para leste (para a direita nesta FOTO 1). 
A FOTO 2 seguinte é uma variante colorida da FOTO 2 desse artigo e mostra que o estuário tinha passado a estar limitado a um meridiano partindo dum ponto entre a segunda e a terceira coluna do R/C do lado sul do edifício pelo que a redução do estuário para leste terá sido duns 30 metros aprox.  Esse trabalho tinha permitido prolongar em direcção ao estuário a Rua Tavares de Almeida que ficava na continuação da Av. Aguiar, depois D. Luiz e actualmente Samora e que se vê na FOTO 2 à esquerda. Esta FOTO 2 é muito semelhante a outra dos Lazarus e a preto e branco do artigo sobre os eléctricos mas esta é posterior como se vê comparando o maior crescimento das árvores no passeio:

FOTOS 2
Tirada dum passadiço de madeira para leste do limite de terra da FOTO 1

A FOTO 2 permite também (re)ver melhor o que existia dentro da Fortaleza, vista aqui para a direita do CB. Havia uma construção com ameias que tinha sido um baluarte acrescentado tardiamente e que foi demolidaodepois. Da muralha sul actual da fortaleza só existia a parte inferior que ia do nível da parada até às fundações escavadas na praia, que mais ou menos se mantinha na posição natural. Vê-se na parada na FOTO 2 qualquer coisa pouco perceptível que não dá para ser ver se é canhão como se via na já referida foto dos Lazarus do outro artigo.. O que se vê muito bem é o mastro da gávea que se vê também aqui doutro ângulo (para leste). A FOTOS 2 é de 1904 ou posterior pois vê-se a central geradora em funcionamento. O fumo da chaminé mostra os ventos frescos dominantes na cidade alta que sopram da Polana para o Alto-Maé, elemento tomado em conta para o projecto do Liceu António Enes.
Agora uma montagem com duas fotos dos anos 50/60 de Carlos Alberto Vieira no seu álbum "Recordações de Lourenço Marques", antes e depois da reconstituição da Fortaleza. Mas já muito tempo antes disso a frente para sul do CB tinha sido completamente aterrada e como se pode ver havia aí uma avenida de faixa dupla na continuação da Av. Cândido dos Reis. Mas os planos para esse avenida marginal ao estuário foram alterados e penso que depois da demolição do CB foi criada a Rua Marquês de Pombal mais próxima da muralha sul da fortaleza e o espaço das duas faixas junto à doca foi transformado em parque de estacionamento. Mas foi sempre espaço de acesso público permitindo por exemplo, do passeio no limite a sul desse espaço, observar-se a Doca dos Pescadores.

MONTAGEM 1 (antes e depois da reconstituição da fortaleza)
Azul: muralha sul da fortaleza, aproximadamente na posição da praia inicial
Roxo: onde esteve o muro da doca protegida das FOTOS 1 e 2 em frente ao CB
Vermelho: limite do aterro frente ao CB, que passou a ser 
o limite norte da Doca dos Pescadores
Verde: muro perpendicular ao estuário da Doca dos Pescadores
cuja posição 
corresponde à da calçada e passadiço da FOTO 2

Estranhamente ou não, dada a diminuição geral de actividade no porto e a preponderância assumida pelo seu lado poente = oeste, o espaço em frente à Fortaleza foi depois da independência vedado ao público e uma parte até foi aproveitada para novas construções e o Flying Angel que era um edifício de índole religiosa aberto a todos deve ser agora uma repartição. Podemos ver isso nesta montagem com um antes (à esquerda de www.sulafrica.blogspot.com) e depois da independência relativamente ao espaço entre a fortaleza e a Doca dos Pescadores em vistas para sudeste e sul, respectivamente:


MONTAGEM 2
Azul: muralha sul da fortaleza. Continua a passar ao lado dela 
a antiga rua Marquês de Pombal, o resto do espaço até à doca foi murado
Roxo: onde esteve o muro de suporte das FOTOS 1 e 2
Vermelho: limite norte da Doca dos Pescadores
Carmesim: dois edifícios construidos depois da independência no espaço que era público
Laranja: limite norte donde tinha ficado a avenida

Nesta vista recente do estuário para a baixa (norte) vemos como está actualmente ocupado o espaço entre onde esteve o CB e a Doca dos Pescadores: 


FOTO 3
Legenda igual à de cima vendo-se os dois novos edifícios construidos 
para a esquerda = oeste do Flying Angel

Entre a marca laranja e a vermelha que é o muro norte da Doca da Capitania parece que continua a haver uma rua mas agora de serviço interno do porto. 
Voltando ao CB visto isoladamente, uma foto do FB de Tona Melo mostrando-o pela fachada virada a poente e já sem cúpulas nos torreões que se viam nas FOTOS 1 e 2:

FOTO 4
CB visto lado sul da Praça 7 de Março para nascente = leste

É dito que a FOTO 4 é de 1921 mas para além da modificação nos torreões penso que basta a viatura para se apontar a época para os anos 40/50.
Finalmente o edifício em estado geral semelhante ao da FOTO 4 em foto gentilmente cedida por Fernanda Simões:

FOTO 5
Capitania Building / Buildings provávelmente pouco antes
 da demolição a meados dos anos 50

Há montras de lojas do rés do chão com inscrições mas infelizmente não se consegue ver que firmas estavam aí instaladas.
Série de artigos com a informação principal sobre o Capitania Building(s) aqui.

Comentários