Espionagem em 1942 - Hotel Polana e submarinos alemães na WW2 (2/4)

Baile nos jardins do Hotel Polana já com a piscina
Lado norte da traseira do Hotel Polana em 1932 ainda sem piscina

A razão para estas fotos do Hotel Polana aparecerem no seguimento do primeiro artigo sobre navios afundados por submarinos alemães junto a Lourenço Marques (LM), actual Maputo na segunda grande guerra são vários livros e artigos que indicam que o hotel serviu de base de operações dos espiões alemães e italianos (esses dois países mais o Japão eram as potências do Eixo). É voz corrente que essa espionagem estive implicada nesses ataques mas parece não haver confirmação. Lembro que Moçambique era território português por isso neutro durante o conflito e assim dentro de certos limites os dois contendores tinham certa liberdade de acção em LM.
Devido à guerra no Mediterrâneo os navios mercantes britânicos seguindo de/para o Oriente começaram a seguir a rota do Cabo e esse tráfego adicional transbordou dos portos sul-africanos para o de LM, o que aumentou a sua importância estratégica. Por isso o Eixo investiu bastante na espionagem em LM procurando informação sobre o movimento de navios aliados e sobre a economia e política interna da África do Sul. 
Mais informação, parte da qual foi sumarizada em cima, sobre o tema no site aterrememportugal.
No livro "Mukiwa: A White Boy in Africa" de Peter Godwin (google books) há uma referência engraçada a esses tempos que para largos milhões de pessoas foram de grande sofrimento e de morte:
Brincando aos espiões no Hotel Polana descobria-se que 
o alemão punha rede no cabelo para dormir e que o inglês era bipolar

Como diz o texto, do lado dos Aliados o espião chefe era Malcom Muggeridge que tinha sido anteriormente jornalista e mais tarde veio a ser estrela da televisão na BBC e aclamado escritor. 

Malcom Muggeridge, um perspicaz iconoclasta
membro da "upper class" britânica (foto e classificação NNDB)


Do lado do Eixo os espiões eram o Dr. Luitpold Werz que desde 1934 foi membro do partido nazi e depois do fim do Terceiro Reich prosseguiu brilhante carreira no Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Federal Alemã, RFA, pró-ocidental. Do lado italiano o espião era Umberto Campini que mesmo depois da Itália em Setembro de 1943 se ter juntado aos Aliados se recusou a colaborar com eles.
Talvez devido aos seus passados como espiões, sobre Werz a informação privada na net é pouca e sobre Campini é nenhuma (segundo foto de José António Barreiros terá nascido em 1891 e falecido em 1978). A única foto de Werz disponível na net parece ser a de baixo da agência Keystone e mostra-o como embaixador da RFA na Argentina a cumprimentar o presidente Aramburu. Werz foi ainda embaixador alemão ocidental em mais dois países.
Identificado como Luitpold (por vezes Leopold) Werz (por vezes Wertz)
o antigo espião do Reich à esquerda nos anos 60

Este tema é complexo e voltarei a ele noutra circunstância. 
Noto que no livro "O Império dos Espiões" aparece entre as páginas 199 e 214 bastante informação sobre estes acontecimentos incluindo uma litsa dos espiões alemães e italianos, dessas nacionalidades e doutras incluido portugueses, em LM. Nesse livro entre as páginas 161 e 176 aparece relato da actividade do espião português a soldo dos alemães Armando Borges de Ávila (nome de código Mendonça) que esteve activo em LM. Aí incluído e entre as páginas 168 e 173 está informação sobre a segunda troca de diplomatas em LM que aconteceu entre 27 de agosto e 1 de setembro de 1942.
No artigo seguinte começo a falar sobre os submarinos germânicos e seus comandantes implicados nos raides no litoral moçambicano o que completarei aqui.

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