Hugh Le May, Dana Michahelles e um dos seus desenhos

Este desenho de Dana Michahelles de 1973 e a legenda original podem relacionar-se com quem me parece ter sido um dos edificadores destacados de Lourenço Marques, actual Maputo nas primeiras décadas do século XX (20) e de que não há muita informação. A legenda fala de Lemay mas eu presumo que seja de Le May, por isso de Hugh Le May.
Traseiras da Casa Lemay na Ponta Vermelha
Hugh Le May que foi o engenheiro que teve cerca de 1911 uma indústria metalo-mecânica com estaleiro de reparação naval justo ao estuário.
Hugh Le May Engineer entre 1910 e 1911 em Lourenço Marques
Depois disso e cerca de 1918 sabe-se que Hugh Le May possuía uma firma ligada aos automóveis que mais tarde foi adquirida pela firma Pendray
Primeiro a localização da Pendray e Sousa neste interessante lembrete:
Pendray e Sousa na esquina da Avenida da Imprensa com a Rua Tavares de Almeida
Agora a confirmação de que a Pendray e Sousa veio a ocupar as instalações que tinham sido de Hugh Le May desde o tempo do estaleiro naval.
Castanho: terreno onde esteve a firma de Hugh Le May Engineer
Vermelho: a sede da Pendray e Sousa parece ter sido instalada 
na parte mais a oriente da Hugh Le May
Provávelmente depois da saída do ramo automóvel sabe-se que Hugh Le May dirigiu no início dos anos 20 construção do Hotel Polana e daí para a frente não sei o que lhe aconteceu nem pessoalmente nem profissionalmente..
Se a casa desenhada por Dana tivesse sido dele e se a pudessemos localizar (é possível que Dana tivesse desenhado também a frente da casa mas no FB que lhe é dedicado tal não consta expressamente) ficaríamos a saber um pouco mais sobre Hugh Le May. A casa estava num bom bairro mas o aspecto desleixado que aparentava em 1973 leva-me a crer que o nivel sócio-económico dos seus ocupantes fosse muito inferior ao dos da sua época áurea. 
Em parte por isso, pela falta de notícias posteriores e por haver uma Hugh Le May fellowship para a Rhodes University na África do Sul suponho que Hugh Le May tenha depois dos anos em que se ocupou do Hotel Polana saído da cidade de LM. 
Quem oferece parte da sua riqueza para uma bolsa esperará que o seu nome e vida terrena sejam perenizados, para além do motivo altruísta de ajudar alguém a procurar conhecimento para si e para a humanidade. A referida bolsa de investigação aparentemente continua a ser concedida mas a ligação à página da própria universidade que esperaria eu homenagearia Hugh Le May está cortada. Há muito tempo solicitei à Universidade mais informação sobre esse benemérito, até porque esperaria que se fosse o "laurentino" concederia uma bolsa mais ligada a profissões técnicas e por isso pode ser coincidência de nomes, mas não obtive resposta. Dá-me assim a ideia que nessa recentemente muito falada Universidade andam mais ocupados com a estátua de Rhodes do que em estudar, ensinar e trabalhar, ou seja mais uma versão em lá menor do "tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado".
NB: há aqui no livro de "José Capela" "O Movimento Operário em Lourenço Marques 1898-1927"  informação sobre Hugh Le May a respeito duma greve em 1919: "METALÚRGICOS DA CASA LE MAY - Em carta de 24 de Novembro de 1919, dirigida à direcção da firma, os
trabalhadores da Casa Le May (que fazia reparações navais e outras) reclamavam quanto ao horário de trabalho e quanto à remuneração das horas extraordinárias. Pretendiam equiparação às condições praticadas nos Caminhos de Ferro: quarenta e quatro horas semanais contra as quarenta e oito que tinham e cem por cento de remuneração nas horas
extraordinárias em vez dos cinquenta por cento praticados. A entidade patronal recusou qualquer cedência às reivindicações, mas o que provocou a paralisação dos trabalhadores foi o facto de o sr. Le May, perante eles, terras gado a carta reivindicativa. Entretanto, o patrão dispôs-se ao diálogo e os operários voltaram ao trabalho, saldando-se a greve em total derrota dos trabalhadores. A greve deve ter durado desde 29 de Novembro até 9 de Dezembro".

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