Este edifício da antiga cidade de Lourenço Marques (LM), actual Maputo foi muito fotografado e aparece aqui numa foto dos irmãos Lazarus, daí tirada entre 1899 e 1908, com a ESTAçÃO TELEGRÁFICA inaugurada em 1879 ao fundo e o seu jardim à frente.
FOTO 1
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Na legenda o E.T. diz respeito à Eastern Telegraph que era a companhia proprietária e operadora do primeiro cabo submarino a servir LM (sobrepus à foto original o título dum mapa da E.T. com um nome mais completo). O GOV's da legenda deverá ser por ser perto e/ou estar associada ao GOVerno o que dum modo ou de outro era verdade.
O site Janus tem esta descrição sobre a foto: The E & So. A. Tel. Co.'s Cable Station. View looking across the lawn towards the two storey wooden building with veranda which housed the East and South African Telegraph Company. The exact location in the town is unknown, but it was probably on land behind the residential quarter at Reuben Point (o primeiro "E & So. A. Tel. Co.'s" é a simplificação de East and South African Telegraph Company).
Ficamos aqui a saber que o edifício era de madeira o que é parcialmente corroborado por Alfredo Pereira de Lima no livro "Pedras que já não falam" de 1972. Segundo APL o edifício era de "madeira e ferro zincado no estilo vitoriano, tinha varanda corrida a toda a volta do R/C e muitas janelas para ventilação". Dizia mais APL que tinha uma escada para o primeiro andar em caracol feita em ferro que devia ser semelhante à do edifício dos antigos Paços do Concelho.
Diz também APL que este edifício foi o primeiro de grande porte a ser construído na Ponta Vermelha (PV, Reuben Point). A PV está numa plataforma elevada em relação à praia da enseada da Maxaquene separando-as uma ribanceira (a que se chama localmente "a barreira"). Noto que em 1879 quando foi instalado o cabo telegráfico submarino a PV era ainda uma vila separada de LM.
Quanto à posição dos elementos do sistema de cabo submarino em LM temos dois mapas, um de 1904 e outro de 1903/06, com informação que se combina. Como está escrito no mapa de 1904, que coloquei à esquerda da MONTAGEM 1, um cabo submarino que seria o da E.T. tinha o ponto de amarração na praia da enseada da Maxaquene onde chegaria depois de atravessar o oceano, baía e estuário. Aí era ligado a um cabo terrrestre que tinha de subir a barreira da Maxaquene para alcançar a estação telegráfica (deste cabo) na Ponta Vermelha que também está escrita no mapa de 1904. Por isso a imagem da esquerda na MONTAGEM 1 define genéricamente a localização do sistema do cabo submarino na praia e em terra.
A imagem da direita penso que irá defini-la na água pois estão lá desenhadas linhas vindas do lado do mar e que se conectam na posição aproximada do ponto de amarração que se via no mapa da esquerda. Por isso assumo que essas linhas fossem traçados de cabos submarinos na enseada, lado este do estuário e lado oeste da baía. Se não forem a realidade não devia ser muito diferente pois na enseada não haveria muitas outras opções para os ter instalado. Os cabos submarinos deviam ter sido colocados onde a enseada fosse mais funda e provávelmente isso aconteceria no eixo a meio dela e é por aí que pelo menos dois dos cabos partem/chegam da/à praia como se vê desenhado e reforçado no mapa da direita.
Temos assim na MONTAGEM 1 à esquerda a "Carta hidrográfica de 1904" e à direita o "plano de 1903 (e penso até 1906)" com os prováveis traçados dos cabos reforçados - clique para aumentar
MONTAGEM 1
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Castanho escuro: barreira da Maxaquene, entre o nível da enseada e a PV
Amarelo: ponto de amarração do cabo submarino na praia,
marcada à esquerda e replicada à direita. Esse cabo ligar-se-ia aí a um cabo terrestre.
Laranja claro: marcas à esquerda, presumo que fosse o caminho
para o cabo terrestre depois da sua subida da praia pela barreira
Vermelho: marcado à esquerda o terreno da estação do
cabo telegráfico submarino e que é replicado à direita
Laranja escuro: três traçados do ponto de amarração para o lado do mar,
suponho que de cabos submarinos Roxo: actual Av. Lumumba
Verde escuro: Av. 24 de Julho, antiga Francisco Costa
Verde claro: Rua do telégrafo, actual Av. Nduda
Círculo azul claro: Hotel Cardoso
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Podemos ver em mais detalhe num mapa de 1925/26 aproximadamente onde teriam estado colocados os cabos submarinos na enseada e estuário na saída para a baía que fica para a direita. Noto que este mapa dado ser de 1925/26 tem o aterro desenhado mas desde que os primeiros cabos submarinos foram instalados em 1879 até pelo menos ao ano de 1915 não houve aterro.
Passando estas ideias para uma foto da mesma altura dos mapas da MONTAGEM 1, antes de ser feito o aterro da enseada, parece-me que as instalações descritas para os cabos da E.T. da barreira da Maxaquene para o mar seriam aproximadamente as seguintes,
E o mesmo procedimento em tempos modernos:
Nas últimas duas fotos vê-se os navios próprios da companhia instaladora ao fundo. O cabo será depois enterrado ou colocado em condutas na zona litoral.
No artigo seguinte voltaremos ao tema da posição das instalações iniciais do cabo submarino em terra, quer dizer entre a praia da enseada e estação telegráfica na Ponta Vermelha.
Seguindo aproximadamente o traçado do mapa de 1903/06
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Mesma legenda que para os dois mapas de cima, mais:
Rosa: estimativa do traçado do cabo terrestre
entre o ponto de amarração e a estação telegráfica |
Do sistema da E.T. em LM faziam parte uma ligação por cabo submarino para norte (Ilha de Moçambique) e outra para sul (Durban), e estariam assim explicados dois dos traçados a laranja escuro no mapa de 1903/06. O outro traçado podia ser por exemplo o de um cabo submarino para a linha da Inhaca que se sabe foi instalado em 1903.
Usando a técnica de instalação actual e que suponho venha desses tempos, o cabo submarino devia chegar da água à praia ou enterrado ou colocado dentro de condutas enterradas a cerca de 1 metro de profundidade. Haveria aí uma câmara subterrânea onde se faria a junta entre ele e um cabo terrestre que neste caso percorreria uma relativamente curta distância subindo a barreira e seguindo depois no seu alto até à estação telegráfica e estimo também no mapa a localização desse cabo em terra, embora com os elementos até aqui vistos (mapa de 1904 e de 1925/26) não se soubesse a localização precisa da estação.
FOTO 2
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Castanho escuro: barreira da Maxaquene
Rosa: posição estimada da subida dos cabos terrestres pela barreira
Laranja escuro: presumo que traçados de três cabos submarinos
na enseada da Maxaquene conforme o mapa de 1903/06
Amarelo: ponto de amarração dos cabos na praia conforme o mapa de 1904
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Sobre o que terá acontecido ao cabos submarinos enterrados entre a praia e o estuário à saída da enseada falamos em detalhe aqui.
Uma primeira ideia sobre a instalação, primeiro em tempos antigos. Podemos imaginar esses tempos gloriosos dos primeiros cabos submarinos chegando pela primeira vez às praias e o que isso mudava na relação dos habitantes com o resto do mundo (Alfredo Pereira de Lima escreve que a "cidade acompanhou com vivo interesse os trabalhos" de instalação):
Uma primeira ideia sobre a instalação, primeiro em tempos antigos. Podemos imaginar esses tempos gloriosos dos primeiros cabos submarinos chegando pela primeira vez às praias e o que isso mudava na relação dos habitantes com o resto do mundo (Alfredo Pereira de Lima escreve que a "cidade acompanhou com vivo interesse os trabalhos" de instalação):
IMAGEM 1
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| Cabo submarino sendo puxado para terra numa costa africana/indiana |
IMAGEM 2
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| Grande cabo na Grã-Bretanha - landing Cable at Porthcurnew Bay (Porthcurno) |
FOTOS 3 e 4
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| Cabos ópticos de telecomunicações chegando a uma praia |
No artigo seguinte voltaremos ao tema da posição das instalações iniciais do cabo submarino em terra, quer dizer entre a praia da enseada e estação telegráfica na Ponta Vermelha.
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