MR - Teatro Manuel Rodrigues de LM - átrio antes e recentemente (IV)

Continuamos com a adaptação do livro "Uma Obra" publicado em 1958, aqui relativamente ao átrio do Teatro Manuel Rodrigues (TMR): "O átrio do TMR é uma curiosa conjugação de materiais e de cores que dão ao ambiente o maior encanto e suavidade. A decoração das paredes, estilizando figuras da fauna africana, condiz perfeitamente com as vidraças artísticas que separam o átrio do café. Os candeeiros suspensos, enormes, com aplicações de cobre polido, dão um ar de riqueza que se adapta aos espelhos redondos das paredes e fazem realçar as colunas e a escadaria".
No artigo anterior focámo-nos no trabalho de decoração de José Mergulhão, agora teremos uma vista mais global para esta importante área de acesso e espera num teatro. Poderemos contrastar imagens mais ou menos recentes com as publicadas no livro que serão de até 1958 e de que não conhecíamos outras do género. Primeiro ponto é que o livro falava das características e efeito das cores originais e não sei se as que estavam aplicadas ao tempo destas fotos respeitavam em todo ou em parte as originais.
A FOTO 1 em parte assemelha-se à segunda do artigo anterior também sobre o átrio / lobby / ante-sala.


FOTO 1
Escadaria principal entrada/saída vendo-se ao fundo 
as vidraças com desenhos que separam o átrio do café
Recuamos para 1958 ou anos anteriores com uma vista do átrio uns metros recuada e mais na direcção da entrada / saída no cinema em relação à foto anterior: 


FOTO 2
Vista do átrio para o lado do café (leste = nascente no exterior)
Via-se na FOTO 2 à esquerda portas largas ao cimo dos degraus. Penso que seria o par de entradas para a plateia pois numa foto mais em baixo penso ver-se a entrada para a escadaria que leva ao balcão. Como se disse antes no TMR o balcão não se sobrepunha a parte da plateia pelo que seria físicamente possível entrar para o balcão subindo pela plateia, mas não sei se era permitido esse acesso. Entre as duas entradas via-se um pedestal com o busto de Manuel Rodrigues, o fundador da empresa. Ao fundo está a vidraça para o café e o acesso às bilheteiras e primeira escadaria do edifício devia estar para a direita mas não se vê nesta foto e contráriamente à FOTO 1 onde se vê a luz vinda do exterior.
Mudamos agora de direcção nos fotos do átrio do TMR e a primeira dessas é de Filipe Branquinho representado pela agência Mangin:


FOTO 3

Vista com a parede a oeste = poente do edifício ao fundo
e a fachada principal seria algures à esquerda
Completando o que disse a respeito da FOTO 2 e relativamente ao acesso ao balcão do cine-teatro, penso que será por uma porta à esquerda e para o fundo da FOTO 3 que conduzirá a uma escadaria para o piso superior. Essa escadaria ocupa assim o espaço entre a parte de trás da bilheteira, a fachada principal e a parede a oeste = poente do edifício. Tentaremos ver num artigo posterior qual seria o caminho a partir do cimo dessa escadaria até se chegar às portas para o balcão.
À direita da FOTO 3 vê-se o tecto inclinado que é a parte final da subida da laje que vem da sala da plateia junto ao palco até ao nível do balcão junto à parede de projecção. 
Outra foto do lobby do TMR em direcção semelhante à da FOTO 3:

FOTO 4
Vista mais próxima da parede do fundo e também 
mais virada para o interior do cinema = à direita
Clicando nesta foto para se ver em tamanho completo pode observar-se em detalhe a fauna africana estilizada criada por José Mergulhão. Uma diferença que se nota do estado recente do átrio em relação à FOTO 2 é que os candeiros antigamente estavam "colados" ao tecto e agora aparecem afastados. Mas seguramente sao os mesmos com as grandes superfícies de cobre polido de que António Rosado falava em 1958.

Por fim a FOTO 5 tirada no mesmo sentido das FOTOS 3 e 4 mas de posição mais recuada do que elas. Em relação às FOTOS 1 e 2 esta foto foi tirada no sentido contrário tanto é que se vê ao fundo dela à esquerda a coluna cuja base aparecia no canto inferior esquerdo da FOTO 2. Nota-se que antigamente a base dessas colunas estavam rodeadas por um "banco" circular que não existe nas fotos recentes estando agora lá suspensos escaparates de que não sei a história.


FOTO 5
Entrada para a plateia à direita, zona maior do lobby para o fundo e para a direita.
António Rosado referia-se aos "espelhos redondos das paredes" de que se vê um à esquerda da FOTO 1 mas sem vidro. No entanto nas FOTOS 3 e 4 já não aparecem os que se viam na FOTO 5, inclusive o que me parecia ser um muito grande à direita. O objectivo desses espelhos normalmente seria de dar sensação de maior profundidade do a este átrio / lobby. 
Na FOTO 1 via-se â esquerda mancha de humidade no tecto por cima do espelho, problema que espero tenha sido resolvido com o novo telhado de que falámos no  primeiro artigo. Como disse nâo tenho fotos do interior de durante ou após os recentes trabalhos que espero tenham sido de reabilitação e só elas poderão indicar como o edifício foi conservado e preservado. 

Aqui falamos de dois salões muito interessantes do edifício do TMR.
No próximo artigo falaremos da indústria internacional do cinema relacionando-a com os teatros edificados e geridos por Manuel Rodrigues e seus descendentes.

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