THE MARVELS OF MOÇAMBIQUE by RAMBLIN' RANDY - interior técnico do RCM (7)

Concluiremos aqui o acompanhamento da visita de agosto de 2018 do bloguista "Ramblin' Randy" ao Palácio da Rádio, antigo Rádio Clube de Moçambique e agora Rádio Moçambique. Usarei primordialmente as imagens e texto do seu artigo juntarei outros elementos antigos do video da RTP e do slide show referênciado em baixo para o ir comentando em diálogo virtual e complementando.
Texto de Randy, parte do qual relativo a imagens que vimos anteriormente e parte ao que veremos agora: "The original old school acoustic tiles were still in place, I opened and closed thick studio doors with the original hardware and curved windows, and the icing on the cake were those classic. “On Air” lights, no doubt the original from day one, except in Portuguese the red lights spelled out “No Ar.”
Sinal de emissão radiofónica no ar, agora e antes 
(falta agora a placa do Silêncio no "platex com furinhos")
Segue-se uma das grandes instalações no edifício e que tinhamos visto aqui do lado oposto em foto de Filipe Branquinho integrada numa série com carga nostálgica:
Estúdio e auditório do RCM com palco ao fundo, agora e antes
Dizia o texto acompanhante da imagem de cima no folheto de Rádio Clube de Moçambique (1959) que se tratava do estúdio principal para programas ao vivo e com capacidade para 400 lugares.  
Vista agora de salas técnicas mas em que a da foto actual será diferente da da foto antiga: 

em cima: sala de controlo actual 
em baixo: centro de gravação e montagem antigo com 12 máquinas
Agora uma foto com um pequeno expositor de material antigo de escritório:
Revestimentos em mármore e portas com com trabalho em ferro art deco
 (elevador que não funciona)
Como vimos antes Randy escreveu o seguinte:"...I closed my eyes and tried to picture what incredible live performances must have taken place in this space back in the 40s, 50s, and 60s…men in three-piece suits, playing classic música Moçambicana while couples cut the rug. What history the very floor that I was standing on must have! The goosebumps wouldn’t leave me until I was blocks away"
E adicionou: "Moçambique, a country situated in Southeast Africa. Yes, Africa. Yet, besides the people, it was hard to find much of anything “African” anywhere in sight - at least on the surface - and even the people were speaking Portuguese".
Assim, agora num tom mais reflexivo e como se fosse um longo comentário ao artigo de Randy: Uma precisão sobre o que ele diz, é que nos anos 40 o edifício do RCM não existia e no contexto mais geral quando foi inaugurado cerca de 1950 a música que aqui era tocada só excepcionalmente seria "moçambicana" como agora é entendida (ver aqui sobre musica luso-moçambicana do final dos anos 50). Como Randy de alguma forma sentiu e passados que foram quase 50 anos desde a independência e implantação de regime revolucionário a todos os níveis, esta cidade - e óbviamente para o bem e para o mal - foi criada e permaneceu talvez até início dos anos 60 essencialmente como uma "bolha" europeia / americana com uns toques africanos e asiáticos implantada na costa oriental de África. Era-o tanto que tentar saber como foi a cidade do passado sem memória pessoal e únicamente a partir de algumas fotos e filmes será difícil. Escrevi antes aqui que por as diferenças do presente para o passado serem tantas, é até difícil que quem tenha memórias do passado as mantenha puras, sem serem influenciadas pelo que se vê no presente. Por ser difícil processar essa evolução e como já disse neste artigoao olhar para fotos antigas de Lourenço Marques "a sensação com que fico, apesar dos sitíos serem os mesmos, é de que eram dum mundo diferente" do de Maputo actual.
Quanto à perenidade da influência externa na cidade ficará certamente na grande estrutura embora a zona de urbanização portuguesa represente agora uma pequena parte da grande urbe. Realisticamente acho que os edifícios desses tempos acabarão por desaparecer mesmo os que deveriam ser considerados património e defendidos. Quanto à língua portuguesa que é a língua oficial nacional e de união de Moçambique penso que se irá também desviando do padrão europeu e que haverá pressão para adopção do inglês mas óbviamente deverá caber aos Moçambicanos decidirem o que querem para o seu país.
artigo de Ramblin' Randy sobre Maputo em que baseei esta série do HoM cobre mais assuntos do que os que o HoM trata e por isso merece uma visita directa. Uma parte dele que utilisei separadamente é sobre o Teatro Gil Vicente e apareceu aqui no HoM.

Fontes sobre o RCM:
Um artigo sobre o Rádio Clube em blog Aqui & Agora
Video da RTP de 1964 com o salão de baile em actividade e algumas imagens da cidade.
Slide share com as outras imagens antigas - folheto de Rádio Clube de Moçambique (1959)

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