Papelaria Spanos na Baixa de Maputo, Moçambique (2/2)

Dando continuidade a este artigo, mais algumas imagens do prédio antigo localizado na esquina a noroeste do cruzamento entre as actuais ruas Consiglieri Pedroso (?) e da Mesquita, antiga Salazar e Francisco Ferrer. A maioria vêm com a devida vénia dum grupo de FB formado por antigo pessoal da Casa Spanos (FB Grupo Spanos) que para além das tradicionais confraternizações tem também preciosa informação que aqui tento explanar. 
Sabiamos que a firma Spanos tinha sido inicialmente editora de postais e distribuidora de imprensa estrangeira e que mais tarde foi livraria e papelaria. Segundo imagem dum livro reproduzido nesse FB e não nomeado fica-se a saber que a firma tornou-se mais tarde empresa tipográfica e criou depois a primeira fábrica de papel e cartão de Moçambique. Entretanto iniciou também o negócio de venda e reparação de máquinas de escritório, inicialmente de dactilografar, calcular, registadoras (representando marcas conhecidas como por exemplo Olivetti, Underwood, Messa e National Cash Register) e fotocopiadoras. Seguindo a evolução de algumas destas firmas primeiro para a mecanografia e depois para a informática, a Spanos criou mais tarde uma associada (Mecanodex) especializada por exemplo em máquinas de contabilidade e em sistemas tendo importado o primeiro computador para Moçambique (NCR) e trabalhando em análise de dados e programação para empresas (seus anúncios aquiaqui). 
A Spanos era também representante em Moçambique das firmas Polaroid e Minolta suponho que na sequência da sua actividade inicial de edição de postais de correio. O percurso da Spanos parece então até certo ponto semelhante ao da Casa Bayly mas enquanto esta se manteve mais ligada aos media pois o seu fundador era fotógrafo e jornalista evoluindo para por exemplo a edição discográfica, a Spanos flectiu depois para caminho relativamente distinto.
Segundo o livro "Lourenço Marques" de J.M.Almeida a firma foi fundada em 1904 por Dimitri Spanos e após o seu falecimento continuada pela esposa. Após esta ter falecido em 1938 passou para a posse de famílias portuguesas (mais dados sobre D. Spanos deverão estar no livro "The Greek Community in Mozambique" aqui mencionado).

FOTO 1

Casa Spanos na esquina a noroeste do cruzamento nos anos 70 (FB Arsilnet)
FOTO 2
Prédio da antiga Spanos nos anos 90 ocupado por uma companha de
 Technologia de Informação criada por antigo empregado
FOTO 3
Prédio da antiga Spanos em obras de recuperação antes de 2011/12
Uma curiosidade é o desenho feito na preparação do filme Blood Diamond de 2006 e relativo às alterações cenográficas que estavam previstas serem feitas ao edifício da Spanos:

IMAGEM 1
Laranja: Rua Consiglieri Pedroso, para o fundo fica a praça dos caminhos de ferro
Verde: Rua da Mesquita
À esquerda: antigo Hotel Savoy que se via na FOTO 3 também à esquerda
Ao centro direita: prédio da Spanos alterado para ser a Villa Mealta
Para a cena de batalha de rua que supostamente ocorreria em Freetown na Serra Leoa, o edifício da Spanos ganharia um piso. Aparentemente isso foi feito levantando-se uma parede à frente da balustrada do terraço. Como essa parede foi destruida na "batalha" a balaustrada reapareceu mais ou menos incólume na FOTO 3 e na de cerca de 2012 do artigo anterior.
Voltando à realidade de antanho, duas fotos do interior do edifício com a Casa Spanos em funcionamento nos tempos áureos:

FOTOS 4 e 5

Empregados e clientes na papelaria da Spanos nos anos 70 (FB Grupo Spanos)
A porta ao fundo destas fotos dava acesso outra secção do estabelecimento. Lembro que falámos dele também neste artigo em que se mostrava este interior e também uma das suas montras expondo em 1952 máquinas de escrever.
Por fim conteúdo do anúncio da Spanos em 1975 do FB Grupo Spanos em linha com o que foi dito acima e parece-me que assumindo o ramo da informática como separado:

FOTO 6
Spanos estabelecida em 1903

Comentários