Caça aos cetáceos na Ilha Xefina e costa sul de Moçambique - a estação (2/3)

No artigo anterior vimos os navios da indústria de caça aos cetáceos que foi estabelecida na Ilha da Xefina Grande (google maps) e como os animais eram trazidos do mar para terra.
Neste segundo artigo mostrarei outras das dezassete fotos à venda no delcampe.net e complementarei com mais informações principalmente do já referido o artigo do heritageportal sul africano. Tratarei aqui mais específicamente da estação baleeira, cuja existência era comum nessa indústria para o final do século XIX (19). Na sua instalação industrial ou fábrica, dos cadáveres dos cetáceos produzia-se óleo a partir da sua gordura, farinha para forragem de animais e bifes para alimentação humana (seriam secos?) a partir da sua carne e adubo a partir dos seus ossos.
Sobre o contexto o artigo diz ainda que navios-fábrica apareceram em 1904 sendo essa nave-mãe acompanhada de navios baleeiros que caçavam os animais e os traziam até ela para processamento. Tal sistema terá tornado desnecessárias boas parte das estações em terra mas presumo que se tenha aplicado na costa do Indico mais tarde do que noutras regiões em que a indústria era mais competitiva e avançada.
Vejamos então imagens da estação da Xefina (Grande) e sua instalação industrial ligada à caça aos cetáceos:

FOTO 1
Fábrica ao fundo com cetáceo coberto por pano 
no extremo da rampa que vinha da praia
FOTO 2
Cetáceo estaria ao lado da fábrica depois de ter sido puxado pela rampa acima
FOTO 3 (corrigida)
Máquinas que puxavam as correntes que prendiam o cetáceo
 ficando a rampa para a direita da objectiva
Noto que ao fundo da FOTO 3 se vê o mesmo lado da fábrica com uma conduta a sair que se via na FOTO 1 tirada do lado da água (do convés duma embarcação?).
Continuando na mesma zona da estação baleeira mas mudando de ângulo de visão:

FOTO 4
Ao fundo à direita as mesma instalações que se viam na FOTO 1, 
mas aqui em vista mais alargada para a esquerda
Notam-se à direita da FOTO 4 junto â conduta quatro tambores que podiam ser de óleo de baleia  produzido na fábrica. Relacionado com isso seria a foto seguinte em que me parece ver-se a extração inicial da gordura do cetáceo:



FOTO 5
Operário deve estar com a mão na pele que foi afastada do corpo
Presumo que a ilha da Xefina dentro da baía tenha sido escolhida para a estação porque por um lado estava perto da cidade de Lourenço Marques, actual Maputo em termos de abastecimentos, saúde, assistência técnica, etc e por outro lado beneficiava do isolamento na ilha. A caça não se devia limitar ao interior da baía mas era mais fácil entrar e saír dela para o mar alto do que ter construido a estação na costa oceânica que estaria muito mais desabrigada do mar.
Publiquei anteriormente um artigo sobre construções na Xefina Grande que serviram de prisão e de quartel. Vendo estas instalações industriais baleeiras e a época em que foram construídas e depois abandonadas, algures no primeiro quartel do século 20 (XX) questiono-me se parte delas não teria sido reaproveitada por exemplo para servir como prisão numa primeira fase desta. Mas se o tiver sido, como esta fábrica parecia essencialmente construida em madeira e zinco teria sido depois substituída pelas construções de alvenaria cujas ruínas chegaram aos nossos dias.
Sobre a época mais recente da The Union Whaling Company diz o artigo do heritageportal"The Union Whaling Company continued whaling year after year, both during the Second World War and after 1960 in the Antartic Sea with the decline of open sea whaling in the main field. The humpbacks and blue whales became scarce and were protected, but "Union Whaling" switched over to other baleen whales: fin, sei and minke, and when these too became rarer in the Antarctic Sea, sperm whales became the principal game. The big, toothed animals abound in the old vast field around Madagascar. As the Durban company was alone in these grounds and the number of "sperms" to be killed was strictly limited by the government, the company could have continued the hunt for endless years and the international action to stop all whaling to save the baleen whales was inapplicable to "Union Whaling's" activities.
Como não consigo diferenciar bem estas espécies não sei bem o que significa o texto. Mas ao início do artigo do heritageportal dizia-se que os americanos do princípio do século XIX caçavam "sperm whales" e este diz que depois as espécies caçadas passaram a ser outras (primeiro as baleias concunda e azuis e depois "fin", "sei" e "minke") mas que no final voltou-se nestas águas do índico à caça das "sperm whales". Dá assim ideia que as "sperm whales" eram as mais numerosas na zona e é porque se diz que tinham dentes que suspeito que fossem cachalotes (da sub-ordem Odontoceti). Noto que como o animal da FOTO 1 tem a frente mais quadrada que os outros pode ser um cachalote.
No artigo seguinte tentaremos ver melhor a quem terá pertencido esta fábrica e os navios.

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