Caça aos cetáceos na Ilha Xefina e costa sul de Moçambique - noruegueses (3/3)

Para completar os artigos anteriores (um e dois) e falando mais específicamente sobre a costa africana e meridional do Índico diz o artigo do heritageportal"From Norway modern whaling spread to all coasts overseas frequented by whales - also to Africa. Between 1900 and 1914 some 14 land stations were founded scattered along the coasts of Africa south of the Equator. The gunners, mates and factory managers were mostly Norwegians. In 1908 the first whaling station in South Africa was established by the Norwegian, Johan Bryde, and two immigrants from Norway in Durban, the merchant Jacob J Egeland (1864-1946) and the carpenter Abraham Larsen. After one year they separated from Bryde who continued whaling at Saldanha Bay (fica a noroeste do Cabo); they called their company the Union Whaling Company".
Noto que este e este artigos em molegenealogy complicam um tanto a "estória" das companhias baleeiras em Durban (aqui fotos de "whaling durban") mas no essencial será o mesmo que no heritageportal.  
Disto tudo retiro a ideia de que as fotos mostradas até aqui da ilha Xefina com barcos a vapor e canhão de arpões serão do primeiro quartel do século 20 e de que a estação podia ser uma das 14 criadas pelas empresas de noruegueses sediadas em Saldanha Bay e Durban. Não tenho dados concretos mas pelo menos o nome da firma, dos responsáveis, as datas principais e embarcações envolvidas devem constar de arquivos luso-moçambicanos pois tanto a caça como as instalações foram seguramente licenciadas pelas autoridades portuguesas e daí não deverá ser muito difícil competar o que aqui alinhavo.
Interessante notar que um provável sinal da associação entre noruegueses, a caça da baleia e presumo Delagoa Bay ou Lourenço Marques, actual Maputo é esta foto
Whale catcher Delagoa de bandeira norueguesa de 1912
Para completar o tema, acrescento parte do artigo da wikipedia em português sobre a indústria baleeira nos últimos cerca de 230 anos em todo o mundo, com alguns dados novos em relação ao visto antes:
Baleação no 
  • oceano Antártico e no oceano Pacífico (1800-1930) - Face ao esgotamento das populações de cetáceos no Atlântico Norte e águas adjacentes, a atividade vai-se progressivamente deslocando para as águas do Oceano Antártico e depois para as do Pacífico Norte. Para além da baleia-franca, são caçadas a baleia-cinzenta, a baleia azul e outros rorquais. A baleação é já claramente dominada pelos baleeiros americanos, deslocando-se a centro de gravidade do comércio dos óleos de Londres para a Nova Inglaterra.
  • Caça ao cachalote (~1780 – 1940) - Com a melhoria das técnicas de navegação e de processamento no mar das carcaças, os baleeiros da Nova Inglaterra desenvolveram uma forma específica de baleação, baseada na utilização de uma embarcação rápida e suficientemente grande para permitir a permanência no mar por alguns meses e o transporte do óleo e pequenos botes baleeiros, muito móveis dotados de vela e remos, que eram lançados ao mar e partir dos quais de desenvolvia o cerco e arpoamento das baleias. Esta tecnologia era particularmente eficaz na caça ao cachalote, animal particularmente valioso, pois além do normal óleo, produz o espermacete e o âmbar de baleiasubstâncias que atingiam elevados preços no mercado internacional. Dada a dispersão das populações de cachalote, esta forma de baleação estendeu-se por todos os oceanos temperados da Terra, gerando frequentemente viagens de circum-navegação do Globo.
  • A moderna baleação aos rorquais (~1880 – 1986) — Beneficiando da introdução dos navios a propulsão mecânica, foi possível a construção de grandes navios baleeiros que poderiam permanecer no mar durante muitos meses e processar e armazenar um vasto número de carcaças de cetáceo. Para tornar a caça mais eficaz foram desenvolvidos canhões capazes de arremessar um arpão explosivo com precisão a longa distância. A utilização destes arpões tornou a caça muito eficaz, já que mesmo os grandes cetáceos tinham morte quase imediata, o que tornava a captura rápida e segura. A caça aos grandes cetáceos estendeu-se a todos os oceanos onde eles existissem em número significativo, sendo acompanhada da construção de navios-fábrica capazes de processar rapidamente as carcaças otimizando o aproveitamento dos subprodutos e permitindo a permanência no mar durante meses. Nesta fase predominaram os baleeiros norte-americanosbritânicosjaponesesislandeses e noruegueses. Devido à sua actividade, nas primeiras décadas do século XX a população da maioria das espécies de rorquais já tinha decrescido 80% a 90% em relação ao período anterior ao início da baleação comercial.

Por fim um artigo da National Geographic de 2019 fala da recuperação no número de baleias corcunda no sul do Oceano Índico junto à África do Sul (estavam estimadas em 600 ao ser banida a sua caça por esse país em 1979 e serão cerca de 30 000 actualmente) e diz que elas migram sazonalmente das áreas de alimentação na águas do Antártico para as de reprodução na costa de Moçambique. O artigo na wikipedia sobre estas baleias (baleia jubarte) diz na mesma linha que elas se deslocam mais de 25 mil quilómetros em cada ano entre essas áreas (aplicar-se-à tanto aos hemisférios norte como sul) alimentando-se no verão em águas polares e migrando para os trópicos e sub trópicos para acasalar e ter filhotes no inverno e primavera. 
Noto que uns planos um tanto mirabolantes que existiram entre 2007 e 2010 para a urbanização turística da Xefina onde esteve esta estação baleeira (e que suponho eu violariam todos os estudos de impacto ambiental minimamente capazes) para já têm sido adiados.

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