Veremos neste artigo a parte mais a noroeste do Hotel Polana (série de artigos aqui). Como observaremos não era uma "área nobre" do hotel e deviam estar aí colocados serviços auxiliares usuais num grande hotel como sejam as cozinhas, lavandarias, grupo gerador eléctrico, depósitos, talvez a garagem de automóveis, etc.
FOTO 1
Hotel Polana visto para sudeste entre a data da inauguração em 1922 e o ano de 1924 |
Passava em frente ao hotel uma estrada, presumo que ainda em terra e que actualmente é a Av. Nyerere. Por aí terminava o ramal da linha de eléctrico criado quase expressamente para servir o Hotel e de que me parece se vê ainda os últimos postes do cabo suspenso de alimentação. A estrada para a esquerda dava acesso ao clube de golfe e seguia depois por mais uns km para norte na crista da barreira mas com traçado já muito irregular como se vê aqui.
Em relação ao conjunto de construções do hotel, via-se então na sua parte a noroeste e frente à rua três grandes blocos como podemos identificar melhor aqui:
Via-se na FOTO 1 completa que o terreno descia para a esquerda da foto = norte e para o fundo = leste o que permitia que o bloco "vermelho" só ao fundo tivesse três pisos, mais um que no resto destes três blocos.
Podemos ver evolução desta parte mais a noroeste do hotel comparando a foto antiga com a imagem recente de Google Earth:
Em relação ao conjunto de construções do hotel, via-se então na sua parte a noroeste e frente à rua três grandes blocos como podemos identificar melhor aqui:
PORMENOR da FOTO 1
Podemos ver evolução desta parte mais a noroeste do hotel comparando a foto antiga com a imagem recente de Google Earth:
PORMENOR da FOTO 1 com imagem de GE, com pontos cardeais aproximados
Tudo comparável na planta para as construções principais |
Apesar da continuidade geral, nota-se que para norte e nordeste das construções iniciais o espaço livre (à esquerda da FOTO 1) foi entretanto ocupado.
Para outra evolução pode tomar-se a linha verde escuro na imagem de GE como referência. Note-se que ela fica na direcção da divisória central da Av. Tung, antiga Massano de Amorim e era e é o limite a norte do espaço do Hotel. Entre essa linha e a esquina a vermelho está agora algo construído que não existia inicialmente.
Para outra evolução pode tomar-se a linha verde escuro na imagem de GE como referência. Note-se que ela fica na direcção da divisória central da Av. Tung, antiga Massano de Amorim e era e é o limite a norte do espaço do Hotel. Entre essa linha e a esquina a vermelho está agora algo construído que não existia inicialmente.
Na FOTO 1 via-se que frente à avenida entre os primeiros blocos de serviços estava a construção com telhado "branca" e entre os blocos "laranja e "vermelho" estava colocado um muro alto com um grande portão central. Na imagem de GE actual não se consegue ver bem esses dois antigos elementos mas presumo que existam ainda (por aí nos anos 60).
Segue-se uma vista presumo que da primeira metade dos anos 60 mostrando parte dos blocos vistos em cima:
Segue-se uma vista presumo que da primeira metade dos anos 60 mostrando parte dos blocos vistos em cima:
FOTO 2
Nota-se melhor a separação entre os blocos "azul" de quartos e o "amarelo". Vê-se melhor o bloco "branco" e com colunas à frente |
Comparando-se a FOTO 2 com a situação da FOTO 1, estava a planta dos edifícios era semelhnate mas em altura tinham sido transformadas as mansardas das alas "rosa" e adicionado um novo piso ao bloco "azul".
A foto seguinte foi tirada mais ou menos na mesma direcção das de cima mas de local mais recuado. Deve ser também dos anos 50/60 e vê-se que as alterações referidas da FOTO 1 para a FOTO 2 tinham sido já realizadas:
FOTO 3
Comparando-se com a FOTO 1 a área em redor do hotel tinha-se desenvolvido |
Alfredo Pereira de Lima (APL) no livro Edifícios Históricos publicou o discurso que o influente Leão Cohen, dirigente da empresa proprietária do Hotel, a DBLS, fez na inauguração. Dele constava a seguinte passagem: o hotel "terá vida própria para a sua laboração: máquinas geradoras de electricidade e aquecimento, frigorífico, lavandaria eléctrica, fabrica de sodas, telefones e água quente em todos os quartos ... serviços completos de correios".
Sabe-se que o fornecimento público de energia eléctrica na cidade foi periclitante durante muitos anos (ver por exemplo aqui) e como a distância do hotel à central geradora no cruzamento da Av. 24 de Julho com a actual Marx era grande, o grupo gerador do hotel devia funcionar permanentemente para mais que a auto-geração para consumidores não residenciais era permitida legalmente. Penso então que a chaminé maior "castanha escura" tivesse sido para o motor desse grupo que teria sido a fuel/diesel desde o início mas outras máquinas necessárias podiam partilhar essa chaminé. Quando o fornecimento de energia na cidade passou para os serviços municipalizados que investiram na produção e distribuição, suponho que o hotel tenha passado a contar principalmente com a rede pública mas mantendo um grupo para socorro e presumo que na mesma sala do original.
Por essa razão ou por outra, na FOTO 3 a chaminé maior parecia não estar a fumegar (deduzo que a energia da rede pública estaria disponível) enquanto que a chaminé "castanho claro" colocada na ala residencial do hotel virada a nordeste e afecta a outras máquinas o estava (vê-la aqui de outro ângulo). Na FOTO 3 pode ver-se a direcção do fumo e compreender, pelo menos no que respeita ao vento nesse dia, que a colocação e altura da chaminé grande asseguravam que o fumo de escape do grupo gerador não ia atingir as alas residenciais do hotel. Essa posição da chaminé grande indica também o grupo gerador teria ficado o mais afastado possível da zona residencial do hotel de forma a abafar-se o ruído do seu funcionamento, Olhando assim com atenção para estas fotos podemos imaginar as considerações que terão sido tidas em conta na fase de projecto e que resultaram na configuração (actual) desta parte mais a norte do conjunto do Hotel Polana.
Em termos mais gerais podemos também pensar que tinha sido lógico colocar a área de serviços que aqui abordamos a norte da área principal do hotel porque esse era o lado oposto ao da cidade, nesse caso Polana e Ponta Vermelha, donde chegariam os clientes.
A FOTO 4 seguinte mostra também o hotel ampliado no último piso e em relação à FOTO 2 permite ver adicionalmente o bloco "laranja" que não aparece aí. Permite também ver melhor os terraços com balaustrada desses dois dos três blocos de serviço do Hotel: Sabe-se que o fornecimento público de energia eléctrica na cidade foi periclitante durante muitos anos (ver por exemplo aqui) e como a distância do hotel à central geradora no cruzamento da Av. 24 de Julho com a actual Marx era grande, o grupo gerador do hotel devia funcionar permanentemente para mais que a auto-geração para consumidores não residenciais era permitida legalmente. Penso então que a chaminé maior "castanha escura" tivesse sido para o motor desse grupo que teria sido a fuel/diesel desde o início mas outras máquinas necessárias podiam partilhar essa chaminé. Quando o fornecimento de energia na cidade passou para os serviços municipalizados que investiram na produção e distribuição, suponho que o hotel tenha passado a contar principalmente com a rede pública mas mantendo um grupo para socorro e presumo que na mesma sala do original.
Por essa razão ou por outra, na FOTO 3 a chaminé maior parecia não estar a fumegar (deduzo que a energia da rede pública estaria disponível) enquanto que a chaminé "castanho claro" colocada na ala residencial do hotel virada a nordeste e afecta a outras máquinas o estava (vê-la aqui de outro ângulo). Na FOTO 3 pode ver-se a direcção do fumo e compreender, pelo menos no que respeita ao vento nesse dia, que a colocação e altura da chaminé grande asseguravam que o fumo de escape do grupo gerador não ia atingir as alas residenciais do hotel. Essa posição da chaminé grande indica também o grupo gerador teria ficado o mais afastado possível da zona residencial do hotel de forma a abafar-se o ruído do seu funcionamento, Olhando assim com atenção para estas fotos podemos imaginar as considerações que terão sido tidas em conta na fase de projecto e que resultaram na configuração (actual) desta parte mais a norte do conjunto do Hotel Polana.
Em termos mais gerais podemos também pensar que tinha sido lógico colocar a área de serviços que aqui abordamos a norte da área principal do hotel porque esse era o lado oposto ao da cidade, nesse caso Polana e Ponta Vermelha, donde chegariam os clientes.
FOTO 4
Fachadas norte e oeste = principal do hotel provávelmente nos anos 60
em vista para sul - sudeste
Na FOTO 4 de cima não se consegue ver a construção "branco" com telhado entre os blocos "amarelo" e "laranja" face à rua que se via nas FOTOS 1 e 2, simplesmente devido às copas das árvores nessa direcção.
Finalmente mais uma publicidade do hotel lançada na África do Sul, seu grande mercado potencial, em 1932:
FOTO 5
Hotel Polana, o mais belo e luxoso de África. Primeira classe com 150 quartos |
Em 1932 pode dizer-se que o Hotel continuava nas mãos da DBLS e curiosamente o gerente era T. Kershaw, muito provávelmente ainda o senhor com esse apelido que tinha sido citado por Leão Cohen no discurso inaugural em 1922.
Sobre a história do Hotel Polana, relendo o texto de Alfredo Pereira de Lima no livro "Edifícios Históricos" continuo com dúvidas sobre a sua génese e processo de construção e torno-as agora mais explícitas no final desse artigo.
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