Em Barberton, RSA na peugada de Emily, Thomas, Liz e do ouro: Bolsas (10/ )

Continuando o passeio pela antiga cidade de Barberton na África do Sul, começo com o edifício da "Transvaal Share & Claim Exchange" da "Trust & Agency Company Ltd" construído em madeira e chapa de ferro zincada ondulada e que tinha a frente para a Pilgrim Street, um pouco para oeste da Praça do Mercado de Barberton.

FOTO 1
Vermelho: marcado na clarabóia e no corpo mais alto, recuados 
Verde claro: Pilgrim Street um pouco para oeste da Praça do Mercado
Afirmamos esta localização pois tinhamos visto os dois pontos marcados a "vermelho" neste artigo na sua FOTO 5 do lado esquerdo.
Este edifício foi o da primeira Bolsa de valores de Barberton, a qual foi a primeira criada no Transvaal. As "shares" são as acções de companhias e muitas foram formadas para explorar minas e as "claims" são reservas/ pedidos / titulos de propriedade ou de exploração de terrenos que o Estado concedia aos mineiros interessados
Podemos ver melhor a posição do edifício na cidade nas duas fotos seguintes reproduzidas do FB Barberton Bliss. São duas vistas para oeste e como se pode ver com as mesmas colinas ao fundo nessa direcção:


MONTAGEM 1 (clique para aumentar assim como na maioria das fotos)
Vermelho: primeira Bolsa de valores, a marca está por baixo dos respiros 
mas estranhamente não se vê o corpo atrás como o da FOTO 1
Carmesim: edifício duma segunda Bolsa, só na foto da direita
Castanho escuro: edifício Lewis & Marks (L&M), só na foto da direita
Verde claro: Pilgrim Street
Laranja claro: Crown Street

Violeta: Judge Street, paralela acima na encosta em relação à Pilgrim
Preto: parte inferior da Praça do Mercado, entre a Pilgrim e a Crown Streets
Verde: árvore no topo a nordeste da Praça do Mercado
Rosa: parte superior da Praça do Mercado, ainda aberta nestas alturas
Azul escuro: mesma casinha nas duas fotos
Laranja normal: curva na Sheba Road
A foto da direita é posterior à da esquerda pois só nela aparecerem os referidos edifícios de L&M e o da segunda Bolsa de valores. Pode também reparar-se que na foto da esquerda havia muito menos construções e que estava uma enorme tenda montada na planície onde depois apareceram muitas casas ou lojas.
O Barberton Bliss diz que o edifício da FOTO 1 foi destruído pelo 
fogo em 1887. Como pelo menos a sua parte da frente está ainda na foto à direita da MONTAGEM esta não deve ser de 1886 como também é dito por esse site. O mesmo se pode concluir por nessa foto surgir outro edifício duma Bolsa e o edifício de L&M os quais parecem estar completos e que são ditos ser de 1887. Então a foto à direita da MONTAGEM deve ser posterior a 1886 mas também não será muito.
Recordo esse edifício da segunda Bolsa em alvenaria de que já falámos aqui e que em relaçao ao da FOTO 1 ficava na mesma Pilgrim Street e do seu lado norte mas no quarteirão seguinte, para poente do seu cruzamento com a President Street. 


FOTO 3 (do Barberton Bliss)
Edifício da segunda Bolsa depois do encerramento desta. Foi comprado
 por Sammy Marks e devia estar a ser alugado para escritórios
O edifício foi mais tarde comprado pelo Estado:

FOTO 4
Edifício que tinha sido da Bolsa a ser usado como biblioteca
Note-se que nestas duas fotos se via uma parte mais recuada encimada por um telhado em quatro águas embora esse fosse pouco notório. 
Deste edifício como se pode ver no streetview restam as paredes do corpo dianteiro e é monumento nacional como se vê nesta placa.


FOTO 5
Edifício de 1887 para a Bolsa que tinha sido criada em Novembro de 1886
Esta informação à primeira vista quer dizer que a entidade Bolsa da FOTO 1 (Transvaal Share & Clain Exchange) não era a mesma que a das FOTOS 3 e 4 (The Kaap Gold Fields Stock Exchange). Por isso pode ter havido duas Bolsas a funcionar em simultâneo o que parece condizer com o que li algures mas tinha interpretado como sendo a mesma entidade operando dois edifícios separados. Presumo então que quando o edifício da primeira Bolsa ardeu que a entidade que aí operava tenha decidido encerrar a actividade até porque esta estaria já em declínio como veremos a seguir e depois ter continuado só a segunda Bolsa a funcionar. Essa situação é diferente do "replaced" que o Barberton Bliss diz aqui, até porque como vemos na foto â direita da MONTAGEM pelo menos os edifícios coexistiram, mas ...
Simplificando as Bolsas de valores eram (são) entidades nas quais as companhias que queriam abrir (vendendo) o seu capital ao público dividindo-o em acções confiavam para elas serem transaccionadas. Os accionistas dessas companhias (existentes ou interessados) por sua vez entregavam-nas aos seus brokers (corretores) para que eles as comprassem ou vendessem e para os corretores escolherem fazer isso por exemplo numa Bolsa em vez de o fazerem em privado é porque a Bolsa lhes era mais conveniente / efectivo / eficaz. A Bolsa era então um lugar de encontro profissional dos corretores para essas transações e gerava as suas receitas dos instalações ou serviços que lhes prestava. Actualmente as Bolsas exercem alguma certificação da efectividade dos títulos que lá são transaccionados mas como veremos isso parece não ter acontecido na(s) Bolsa(s) de Barberton.
Podemos ver melhor a posição dos dois edifícios com a foto seguinte posterior às da MONTAGEM 1:

FOTO 6
Vermelho: terreno do edifício da primeira Bolsa estava devoluto, 
por isso foto de depois do incêndio de 1887
Carmesim: edifício da segunda Bolsa de valores
Verde claro: Pilgrim Street
Laranja claro: Crown Street
Preto: parte inferior da Praça do Mercado
Verde: árvore no topo a nordeste da Praça do Mercado
Púrpura: "primeiro" edifício do Bank Of Africa (aqui ao centro direita visto de frente)
Azul claro: Standard Bank
Castanho claro: onde veio a ser o Barclays Bank
Verde escuro: armazém Parker Wood
Roxo: frentes do restaurante e da sala de espectáculo de Cockney Liz
Sobre o rápido nascimento, apogeu e decínio da Bolsa de Barberton, o livro Gold Paved the Way (à venda na amazon) sumarizando diz que as indicações das primeiras descobertas em Barberton foram grandiosas, havia capital disponível em Kimberley (riqueza criada com a minas de diamantes) para investir aí, foram pedidos milhares de títulos de propriedade ("claims pegged"), centenas de companhias mineiras foram criadas para a região e as suas acções (participação no capital) lançadas no mercado. Foi criada uma Bolsa em Barberton para transaccionar essas acções e bastava uma companha ter no nome Sheba (a mitológica rainha africana que levou ouro para o Rei Salomão) para que elas fossem vendidas como "pãezinhos quentes" principalmente em Inglaterra. Mas passado pouco tempo veriificou-se que só cinco minas de Barberton eram viáveis económicamente e foram por isso bom investimento mas as centenas de milhar de acções das outras companhias deixaram de ter valor, vindo-se a constatar que a maioria delas tinham sido fraudes completas. Usando os termos do livro, a Bolsa de Barberton que tinha funcionado dia e noite tornou-se um lugar de lamentações, os corretores e outros intermediários desapareceram e os investidores perderam (até a ganância lhes ter voltado ...) para além do dinheiro, a confiança nas minas de ouro na África do Sul. 
Não sei se na altura ou depois estas acções teriam sido das boas ou das más:


FOTO 7

Albion Gold Mining Co. de Barberton.
 Acção vendida a uma pessoa de Barberton em 1889
Por fim outra acção já de um período em que as companhias mineiras do sector deviam estar a consolidar-se como indica o nome da companhia. 

FOTO 8
Acção da Barberton Consols de 1899, período que já devia ser estável

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