Fotos do aterro da Maxaquene em 1972 nos planos da Profabril

Retiro dum artigo no blog industriacuf.blogspot.com sobre a Profabril, que era uma conceituada empresa de consultadoria parte do Grupo CUF, algumas fotos que mostram o aterro da enseada da Maxaquene em 1972 por isso em Lourenço Marques (LM), actual Maputo. Desse aterro falei por exemplo aqui tendo até recorrido a uma das fotos que reapresento agora.
Como se pode ver nesse artigo, em 1972 a Profabril foi chamada pelo Governo Português a organizar um concurso dirigido a arquitectos a respeito dum conjunto de edifícios tanto administrativos como culturais planeados para essa zona oriental da Baixa de LM. Diz o artigo que "o espaço detinha um total de 35 hectares, sendo a área destinada a edifícios públicos bastante menos, pretendendo-se que na parte nascente se situasse uma zona arborizada publica. Nos projectos estava ainda incluído a construção do Palácio da Cidade". Os edifícios a ser projectados estão listados no citado artigo e parece-me que seriam sete no total: Governo Geral, Secretaria Geral, Instalações da Secretaria Geral, Biblioteca Nacional e Arquivo Histórico, Secretaria Provincial de Planeamento e Fazenda, Secretaria Provincial do Trabalho e Previdência e Instalações Comuns (Restaurante, Posto Médico e Oficinas). Este plano viria na sequência do plano do final dos anos 40 e anos 50 de criação na zona do Centro Cívico que detalhámos aqui e que não tinha ido avante. 
Tendo pouco depois ocorrido a revolução do 25 de Abril em Portugal e tendo a independência de Moçambique sido acordada o plano não foi posto em marcha pelo menos até que a fase construtiva tivesse começado. Depois da independência foi construído na zona frente ao estuário o edifício do Ministério dos Negócios Estrangeiros que se enquadra pelo menos no espírito inicial e de que se fala e se mostra nalgumas fotos aqui. Outro ministério foi ainda construído na zona mas de resto a zona foi entregue à iniciativa proivada pelo que o Centro Cívco onde se concentraria a maior parte dos ministérios, se vier a existir já não será aí. A zona está actualmente assim e ainda sem o terreno que tinha sido ocupado pela antiga FACIM ter sido desenvolvido como previsto para habitação, mas encontrar novo espaço para um eventual Centro Cívico não é problema porque em África o que não falta é terreno livre.
Estas fotos eram então elementos do concurso para permitir aos arquitectos conhecer a zona. Devia também ter sido determinado onde seriam colocados esses 7 novos edifícios mas essa informação não foi disponibilizada no blog industriacuf.blogspot.com.
Mostro então as seis fotos adaptadas e com as legendas originais ou não:


FOTO 1
Vista da barreira para o aterro da Maxaquene mais ou menos ao centro deste 
e na direcção de norte para sul

Vê-se na foto de cima para o fundo e num intervalo entre as árvores em linha o fim do aterro junto ao estuário do Espírito Santo. Pode ver-se aqui o muro que fechou aí o aterro nos trabalhos que terminaram em 1920.
A foto seguinte foi tirada de junto ao limite do aterro a leste = nascente e com a Baixa da cidade para o fundo para poente = oeste.

FOTO 2
Vista do alto da Barreira com o CPD à esquerda e a FACIM depois, 
do lado sul da Av. da República, actual 25 de Setembro

Outra foto tirada na mesma zona e em direcção semelhante à anterior, aparecendo mais próxima a rotunda / praça no fim da Av. da República, actual 25 de Setembro.

FOTO 3
Vista da Av. da República para ociente = oeste 
a partir da antiga rotunda do relógio (ver aqui nas FOTOS 3 e 4)

Seguem-se duas fotos do edifício da Fazenda / Finanças (Palácio de Repartições), o único dos edifícios públicos dos planos dos anos 40/50 que foi construído e seguindo o desenho previsto com arcadas no rés do chão:

FOTO 4
Esquina sudeste do "Palácio de Repartições"  virada para o estuário e baía
 e que teria a zona do lago depois da avenida à direita da foto

Vista na mesma direcção que a de cima mas no sentido oposto e a partir do interior da terra para o lado do estuário:

FOTO 5
Vista das traseiras do edifício da Fazenda (Palácio de Repartições)
 oposta à da foto anterior

Agora uma vista para nascente em que a rotunda da FOTO 3 estaria para o fundo da avenida que se vê cruzar o antigo aterro de oeste para leste em linha recta e mais ou menos a meio da sua largura, entre a barreira original da Maxaquene e o muro de suporte junto ao estuário à direita:

FOTO 6
Legenda original: Panorâmica Geral com a Av. da República no Centro

O blog industriacuf.blogspot.com mostra também a planta seguinte:

PLANTA da faixa centro-oriental de LM com o estuário na parte inferior
Indicação da posição e direcção das seis fotos de cima 
na área do projecto (aterro da Maxaquene) 

Vê-se também nesse artigo do blog sobre a Profabril que o Projecto da Cidade Universitária de Lourenço Marques, actual Maputo foi feito pela mesma empresa mas vimos que os projectos dos edifícios foram entregues a diversos arquitectos. É o caso da Faculdade de Agronomia de 1969 que foi feito pelo Arq. Alberto Soeiro e do Instituto de Investigação Cientifica de Moçambique, actual CEA que foi projectado pelos Arqs. João José Tinoco e Dias e que será da mesma época do primeiro.

Comentários