Lembro aqui o tinhamos dito neste artigo sobre o que Alfredo Pereira de Lima (APL) escreveu a respeito da construção do porto de Lourenço Marques (LM), actual Maputo e neste artigo dedicado ao método dos blocos de betão que completaremos agora com outra informação.
Até 1907 a estrutura da ponte-cais tinha sido construída em madeira autraliana (jarrah) mas nesse ano foi decidido substituí-la e que a expansão se fizesse em betão armado e que o responsável da obra passou a ser o Eng. Costa Serrão. Ele próprio idealizou um novo método de construção com empilhamento de blocos de betão que pôs em práctica em 1911 mas que acabou sendo aplicado só em parte do total e suponho que as fotos que chegaram até nóns mostra o seu início e o fim.
Na construção do muro-cais com esse método foi utilizando o guindaste das 60-80 toneladas, situação que se vê na foto seguinte tirada do lado do estuário:
FOTO 1
Guindaste das 60 toneladas e pilha de blocos de betão no estuário com a foz do rio Infulene para o fundo |
Na FOTO 1 parece que uma barcaça trouxe os blocos e que os guindaste os tinha levantado e empilhado temporáriamente no estuário e da parte de fora donde seria construido o muro cais. Outra barcaça com uma espécie de casa em cima estava para a direita da foto.
A foto seguinte mostra a construção em estado semelhante ao da FOTO 1, quer dizer também anda ao início mas vista do lado oposto:
FOTO 2
Guindaste re tira blocos da pilha e já os colocou em 3 ou 4 pilhas verticais |
Em primeiro plano na FOTO 2 vê-se uma ponte temporária em madeira colocada de forma a que o muro cais a ser construído lhe ficasse na perpendicular para jusante no estuário. Já se via esta ponte na FOTO 1 para a direita da pilha dos blocos mas aparecia aí bastante por trás dela. Como se vê ao fundo da FOTO 2 a margem sul do estuário, significa que o muro cais a ser construído era paralelo à sua margem norte (lado da cidade) e que a ponte à direita da FOTO 2 lhe ficava mais ou menos na perpendicular.
Agora duas fotos semelhantes que já vimos antes e que mostram esta construção em estado muito mais adiantado do que nas anteriores:
FOTOS 3
Muro-cais e a ponte em estrutura que lhe ficava perpendicular ao fundo à direita da esquina |
Como concluímos a partir da FOTO 2, o muro-cais ficava paralelo às margens do estuário e via-se nesta foto que ele avançava do lado a montante no estuário para o lado a jusante, dado que para o fundo se via a zona do Língamo na costa da Matola.
Vê-se nas FOTO 3 o muro cais de blocos já com umas 36 pilhas verticais construídas. Estimado aproximadamente a partir da altura das pessoas (1,67 m), cada bloco teria 3,6 m de comprimento (lado maior), 2,6 m de largura e 1,1 m de altura. Assim sendo a extensão do muro seria ao tempo da FOTO 3 principal de cerca de 92 metros mas só até à saliência que se vê para o fundo. Mas como podia haver ainda mais muro daí para montante talvez o número 100 que se vê na FOTO 3 pintado na extremidade significasse que se tinham atingido os 100 metros de extensão (na FOTO 2 do início do muro aparece um 97 mas muito mais pequeno ...).
Quanto ao número de blocos aplicados até esse ponto para profundidade de cerca de 9 metros teríamos 8 blocos submersos e os 3 que se vê emersos o que faz 11 por pilha e para as 36 pilhas totalizaria 396 blocos (o volume invisível de trabalhos era muito superior ao que estava acima do nível da água dos estuário).
Quanto ao peso de cada bloco, com o volume acima estimado e assumindo 2,5 toneladas por m3 de concreto reforçado (betão com ferro) teriamos 25,7 toneladas por cada um. A informação que existe da altura é que cada bloco de betão pesava 30 toneladas pelo que andamos pela mesma ordem de grandeza.
Disse APL que o primeiro bloco era assente em enrocamento de fundação (rochas que tinham sido colocadas no leito do estuário) com o auxílio de mergulhadores (estão dois na água virados para cá com escafandros e também os vimos nesta foto) e que os blocos seguintes encaixavam uns nos outros. A partir daí os mergulhadores verificavam se o encaixe entre eles estava perfeito e disse ainda APL que eram colocados cilindros para evitar a deslocação dos blocos. Na foto vê-se cilindros pendurados nos vértices do suporte dos blocos sustentado pelo guindaste, mas parece-me que esses serviam de prumos passando em primeiro lugar pelas ranhuras verticais marcadas a vermelho que vimos nessa foto do artigo anterior. Quando a haste do guindaste, esse suporte e o bloco de betão descessem, esses cilindros passariam primeiro por essas ranhuras, depois as peças pretas cilíndricas que estavam acima deles e se viam no suporte das FOTOS 3, tudo isso de modo a assegurar que os blocos fossem correctamente empilhados na vertical. Sobre os cilindros a que APL se deve referir falaremos depois.
Vê-se nas FOTO 3 o muro cais de blocos já com umas 36 pilhas verticais construídas. Estimado aproximadamente a partir da altura das pessoas (1,67 m), cada bloco teria 3,6 m de comprimento (lado maior), 2,6 m de largura e 1,1 m de altura. Assim sendo a extensão do muro seria ao tempo da FOTO 3 principal de cerca de 92 metros mas só até à saliência que se vê para o fundo. Mas como podia haver ainda mais muro daí para montante talvez o número 100 que se vê na FOTO 3 pintado na extremidade significasse que se tinham atingido os 100 metros de extensão (na FOTO 2 do início do muro aparece um 97 mas muito mais pequeno ...).
Quanto ao número de blocos aplicados até esse ponto para profundidade de cerca de 9 metros teríamos 8 blocos submersos e os 3 que se vê emersos o que faz 11 por pilha e para as 36 pilhas totalizaria 396 blocos (o volume invisível de trabalhos era muito superior ao que estava acima do nível da água dos estuário).
Quanto ao peso de cada bloco, com o volume acima estimado e assumindo 2,5 toneladas por m3 de concreto reforçado (betão com ferro) teriamos 25,7 toneladas por cada um. A informação que existe da altura é que cada bloco de betão pesava 30 toneladas pelo que andamos pela mesma ordem de grandeza.
Disse APL que o primeiro bloco era assente em enrocamento de fundação (rochas que tinham sido colocadas no leito do estuário) com o auxílio de mergulhadores (estão dois na água virados para cá com escafandros e também os vimos nesta foto) e que os blocos seguintes encaixavam uns nos outros. A partir daí os mergulhadores verificavam se o encaixe entre eles estava perfeito e disse ainda APL que eram colocados cilindros para evitar a deslocação dos blocos. Na foto vê-se cilindros pendurados nos vértices do suporte dos blocos sustentado pelo guindaste, mas parece-me que esses serviam de prumos passando em primeiro lugar pelas ranhuras verticais marcadas a vermelho que vimos nessa foto do artigo anterior. Quando a haste do guindaste, esse suporte e o bloco de betão descessem, esses cilindros passariam primeiro por essas ranhuras, depois as peças pretas cilíndricas que estavam acima deles e se viam no suporte das FOTOS 3, tudo isso de modo a assegurar que os blocos fossem correctamente empilhados na vertical. Sobre os cilindros a que APL se deve referir falaremos depois.
No artigo seguinte entenderemos melhor esta descrição do local destas fotos, o que lhe aconteceu depois de 1911 e tentaremos ver como ele é actualmente.
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