Podemos completar a série sobre a enseada e aterro da Maxaquene com duas novas fotos da Universidade de KwaZulu-Natal - Colecção Campbell. Não tenho indicação do período mas serão certamente das mais antigas do local.
A primeira mostra a enseada vista do alto a partir da Ponta Vermelha com a Baixa de Delagoa Bay / Lourenço Marques (LM), actual Maputo ao fundo.
Como a enseada tinha pouca profundidade a área que ficava à vista do seu fundo nas proximidades dessa saliência arborizada variava muito com as marés. Usando fotos dos artigos anteriores da série, nomeadamente do primeiro e do segundo, vamos prestar mais atenção a essa formação natural. As fotos A e B na MONTAGEM seguinte foram tiradas com o poente e a Baixa da cidade para o fundo tal como a FOTO 1 enquanto que as fotos C e D foram tiradas no sentido oposto com o nascente e a Ponta Vermelha para o fundo
Temos uma segunda foto da Universidade de KwaZulu-Natal tirada mais ou menos na mesma direcção da FOTO 1 mas dum ponto mais recuado da crista da barreira pelo que não se via bem a referida "saliência arborizada" em baixo.
Vamos aproveitar a FOTO 2, apesar de não ser muito nítida, para visualizar o lado mais a oriente = leste do pântano que rodeava a Baixa da cidade e que aparecia no mapa de Jeppe do lado direito onde ele se ligava à enseada da Maxaquene (série sobre a sua drenagem aqui).
Presumo que a foto seja de depois de 1887, o ano em que a Expedição das Obras Públicas chegou e iniciou os trabalhos de drenagem do pântano. Expliquei-os neste artigo especialmente para o lado oposto da "ilha" dando para o estuário mais a poente, mas para este lado onde estava a enseada o problema a resolver seria semelhante embora a solução adoptada para a drenagem pudesse ter sido menos sofisticada, pelo menos os mapas da altura não a mostram com o mesmo detalhe:
FOTO 1
Em primeiro plano a barreira e ao nível da enseada uma saliência arborizada na concavidade da costa abaixo das terras dos Maxaquene |
MONTAGEM
Vê-se então que o "castanho claro" do leito a descoberto da enseada variava bastante conforme a maré: na FOTO A ainda se via mas na B quase que não pois a água estava a chegar à saliência e nas fotos C e D via-se bem porque a maré estava mais vazia. De notar que as fotos A e B são posteriores a 1901 dado aparecer lá os Paços do Concelho, que não existia ao tempo da FOTO 1, pelo que se vê que essa saliência natural se manteve durante largo tempo sem intervenção humana.Temos uma segunda foto da Universidade de KwaZulu-Natal tirada mais ou menos na mesma direcção da FOTO 1 mas dum ponto mais recuado da crista da barreira pelo que não se via bem a referida "saliência arborizada" em baixo.
FOTO 2
Em baixo da barreira a enseada da Maxaquene, com a água muito recuada da praia |
Presumo que a foto seja de depois de 1887, o ano em que a Expedição das Obras Públicas chegou e iniciou os trabalhos de drenagem do pântano. Expliquei-os neste artigo especialmente para o lado oposto da "ilha" dando para o estuário mais a poente, mas para este lado onde estava a enseada o problema a resolver seria semelhante embora a solução adoptada para a drenagem pudesse ter sido menos sofisticada, pelo menos os mapas da altura não a mostram com o mesmo detalhe:
FOTO 2 pormenor (clique para aumentar)
Nesta foto não se consegue ver se realmente existia o referido dique ou se estava ainda a situação natural. Mesmo neste segundo caso à primeira vista parece que para que a água da enseada entrasse no pântano ela teria de subir muito mais alto do que a praia o que não seria fácil acontecer. Mas se pensarmos em dias com vento forte a soprar na baía da direcção de sudeste (nesta foto seria da esquerda para a direita) formando vagas altas e se fosse em conjunção com maré alta, o nível da água seria muito mais alto do que se vê na FOTO 2 e poderia haver períodos em que ela passava essa barreira natural (de notar que à medida que a profundidade da enseada decrescia em direcção à praia subiria a altura das ondas vindas do estuário). Se realmente tiver sido aí construido um dique ele terá reforçado a barreira natural e evitado tais situações de penetração de água para o interior.
Laranja claro: praia da enseada da Maxaquene do seu lado mais a oeste / sudoeste
Preto: onde terá sido construído um dique para evitar a entrada de água da enseada para o interior do pântano (local está agora por aqui ao centro) Verde escuro: pântano que se tinha criado anteriormente numa depressão de terreno existente entre a barreira e a "ilha" onde LM tinha sido fundado Vermelho: traços marcados por baixo do muro da linha de defesa,
aí na parte mais a oriente da "ilha" que era assim protegida até à praia
Laranja médio: Rua da Linha, por onde passa agora a Av. 25 de Setembro, lado sul Roxo e azul claro: casa mais a leste na Rua da Linha frente ao pântano (vê-la aqui noutra foto marcada com as mesmas cores)
Castanho escuro: Casa Amarela na Baixa vista pela fachada
virada para a Praça 7 de Março, actual 25 de Junho
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Recordo que aqui dentro do círculo branco disse pensar estar uma ponte que fazia parte da estrada marginal que foi construída entre a antiga praia e as colinas alguns anos depois da FOTO 2. Essa ponte estaria algures na zona "preto" do antigo dique e passaria sobre o dreno que tivesse sido aberto desse pântano para a enseada. Relembrando o que foi dito noutros artigos, esse dreno teria de escoar não sómente água antiga do pântano mas também águas recentes que aparecessem na depressão onde o pântano se tinha formado (pois mesmo depois do pântano ter sido seco e de se ter construido canais de drenagem para o estuário nas encostas haveria sempre água das chuvas caída na parte alta da cidade e que iria escorrer para aí) e teria uma comporta para impedir que entrasse água do estuário / enseada para o interior.
Presumo que ao tempo das fotos de cima a drenagem do pântano não estivesse tão avançada como o que se pode ver aqui nas FOTOS 1 e 3 estas dão uma ideia do que se poderia observar na zona das marcas *verde escuro" ao centro e direita da FOTO 2 pormenor.
Agora uma gravura onde se pode reacapitular os pontos mais importantes vistos em cima:
Presumo que ao tempo das fotos de cima a drenagem do pântano não estivesse tão avançada como o que se pode ver aqui nas FOTOS 1 e 3 estas dão uma ideia do que se poderia observar na zona das marcas *verde escuro" ao centro e direita da FOTO 2 pormenor.
Agora uma gravura onde se pode reacapitular os pontos mais importantes vistos em cima:
GRAVURA
Por fim uma foto tirada na orla do estuário e que suponho fosse na enseada da Maxaquene mas em data uns anos posterior às de cima:
FOTO 3
Barcos indígenas junto à praia com a margem sul da baía para o fundo |
Suponho então que estes botes fossem dos que se viam neste artigo espanhados pela praia da enseada, estando estes na sua secção da concavidade mais interior = junto à barreira
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